terça-feira, 15 de abril de 2025

A SEMANA DA PÁSCOA: O QUE É TRADIÇÃO E O QUE É ESCRITURA?

Para os católicos, a Semana Santa inicia-se no domingo anterior à Páscoa, ou seja, 7 dias antes de sua ressurreição (Mateus 28:1; Marcos 16:2; Lucas 24:1; João 20:1). Nesse primeiro domingo, celebram o Domingo de Ramos, celebrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém ( Mateus 21:1-11; Marcos 11:1-11; Lucas 19:28-44; João 12:12-19).

“1 ¶ Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: 2  Ide à aldeia que aí está diante de vós e logo achareis presa uma jumenta e, com ela, um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos. 3  E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei-lhe que o Senhor precisa deles. E logo os enviará. 4  Ora, isto aconteceu para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta: 5  Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga. 6  Indo os discípulos e tendo feito como Jesus lhes ordenara, 7  trouxeram a jumenta e o jumentinho. Então, puseram em cima deles as suas vestes, e sobre elas Jesus montou. 8  E a maior parte da multidão estendeu as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, espalhando-os pela estrada. 9  E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas! 10  E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, e perguntavam: Quem é este? 11  E as multidões clamavam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia!” (Mateus 21:1-11 RA)

Aqueles ramos que vemos os católicos carregarem são em referência a essa passagem (João 12:13), aqueles tapetes gigantes feitos com serragem colorida de madeira também são em referência a essa passagem em que as pessoas espalhavam suas vestes e ramos das árvores pela estrada para que Jesus passasse por ela (Mateus 21:8).

O clamor que as pessoas faziam: HOSANA, trata-se de uma palavra hebraica, é uma interjeição que pode ser traduzida como "Salva, por favor!" ou "Salva-nos agora!" (Mateus 21:9). É uma expressão de súplica, um pedido por ajuda ou livramento, que foi direcionado a Jesus Cristo, mostrando que aquelas pessoas sabiam que Ele, Jesus, aquele que estava montado em um jumentinho, era o Senhor e Salvador de todos (João 12:13).

A Igreja Católica tem tradições religiosas durante toda essa semana, apesar de não ser possível encontrar na Bíblia esses eventos de forma cronológica de maneira exata, eles celebram a segunda-feira santa como sendo o dia em que Jesus expulsa os vendedores do templo (João 2:13-22). Terça-feira santa é vista como o dia em que Jesus é confrontado pelos líderes do templo pela sua atitude no dia anterior (Mateus 21:23-27). Na quarta-feira santa, destaca-se a traição de Judas (Mateus 26:14-16), a conspiração dos mestres da lei contra Jesus (Mateus 26:3-4), e também a preparação de Jesus a seus discípulos para os dias que viriam, incluindo sua prisão, julgamento e crucificação (Mateus 26:17-75).

Na quinta-feira santa, esse sendo um dos dias mais importantes antes da morte dEle, os católicos celebram a última ceia de Jesus, onde ele parte o pão e o cálice e pede aos apóstolos que façam isso em memória dEle (Lucas 22:19-20). Os católicos acreditam que na Eucaristia, o pão e o vinho se tornam o corpo e o sangue de Cristo, e é um sacramento central da fé católica (1 Coríntios 10:16).

Nesse dia também, algumas lideranças católicas celebram o LAVA-PÉS, simbolizando a humildade e amor ao próximo, onde uma pessoa lava os pés de outras 12 pessoas simulando o que Jesus fez naquela mesma noite (João 13:1-17).

Sexta-feira Santa, Este é o dia da Paixão do Senhor, um dia de jejum e penitência em que se recorda a crucificação de Jesus (Mateus 27:32-56). Na Sexta-feira Santa, especificamente, os católicos são encorajados a observar um jejum rigoroso. Não se deve tomar café da manhã e deve-se evitar qualquer tipo de prazer, incluindo namoro. Além disso, não se deve beber cerveja, cachaça ou qualquer bebida alcoólica. O vinho é a única bebida permitida.

Sábado Santo, também conhecido como Sábado de Aleluia, é um dia de oração e expectativa, marcando a vigília pascal, uma das celebrações mais significativas no calendário litúrgico dos católicos. É um momento de espera simbolizando a descida de nosso Senhor e Salvador ao mundo dos mortos, onde Ele venceu o poder da morte ao ressuscitar e libertar os cativos (Apocalipse 1:17-18, Colossenses 2:15, Efésios 4:8-10).

Finalmente então, no domingo de Páscoa, celebra-se a Ressurreição de nosso Salvador Jesus Cristo, o dia mais importante de todos, pois foi nesse dia que ele venceu a morte e agora vivo pode nos dar a mesma vida (Mateus 28:6; Marcos 16:6; Lucas 24:6; João 20:9, João 11:25).

Todas essas tradições acima descritas são originais e praticadas pela Igreja Católica. A maioria delas, porém, não é adotada pelas igrejas protestantes. Os protestantes surgiram no século XVI, com a Reforma iniciada por Martinho Lutero. O termo "protestante" passou a ser usado para identificar aqueles que se opunham a determinadas práticas e doutrinas da Igreja Católica que consideravam contrárias às Escrituras Sagradas — como a venda de indulgências e a idolatria. Os reformadores denunciaram a deturpação da mensagem do Evangelho provocada por essas práticas, reafirmando a centralidade da adoração exclusiva a Deus e a salvação pela graça, mediante a fé em Cristo. Esses princípios permanecem essenciais para as igrejas evangélicas até os dias de hoje.

Mas não é por isso que tudo o que a Igreja Católica pratica está errado. Um exemplo é a Ceia do Senhor, que é uma prática baseada na passagem bíblica em Lucas 22:19-20, onde Jesus pediu aos apóstolos para realizarem em Sua memória, e eles continuaram a fazê-lo, conforme registrado nos Atos dos Apóstolos 2:42, 1 Coríntios 11:23-26, 1 Coríntios 10:16-17. Inclusive os protestantes também praticam essa Ceia em memória de Jesus.

Mas algumas tradições são exclusivas dos católicos, estabelecidas pelos Papas, como a questão de se abster-se de carne na semana santa, não há referência bíblica para isso.

Vejo frequentemente a prática da piedade sendo confundida com "tristeza" no dia em que Jesus morreu na cruz. É claro que ninguém, nem mesmo Deus, celebra a morte de seu próprio filho. No entanto, Ele não está morto; Ele ressuscitou (1 Coríntios 15:3-4), e essa morte foi essencial para a nossa salvação (Romanos 5:8).

Alegria! Pode até parecer que devemos ficar tristes com a morte de Jesus, mas Ele morreu para que tenhamos alegria. Ele sabia de tudo, não foi traído, pois já sabia e escolheu o que o trairia (João 13:11). Não foi morto, pois Ele se entregou (João 10:18). Ninguém poderia impedir o que Jesus veio fazer. Pedro até tentou convencê-Lo, mas foi duramente advertido e ainda chamado de Satanás (Mateus 16:23), pois o plano, apesar de ter tido um desfecho horrível, foi necessário para nos dar vida.