segunda-feira, 10 de março de 2025

O MUNDO REJEITA O CRISTÃO

Essa afirmação pode parecer difícil para aqueles que acreditam que o amor de Deus une a todos e, por isso, o mundo o aceitaria. No entanto, quando vivemos no verdadeiro amor de Deus e na verdade do evangelho, percebemos que aqueles que não compartilham da fé cristã tendem a nos rejeitar. Essa rejeição não ocorre de forma externa apenas, mas é sentida no convívio diário.

Muitos recém-convertidos notam que seus amigos ou círculo social começam a tratá-los com indiferença, desprezo ou até mesmo deboche pelo fato de terem aceitado Jesus como Senhor de suas vidas. Contudo, essa experiência não é exclusiva de alguns cristãos, mas algo que todos enfrentam em algum momento, pois aqueles que vivem distantes da verdade tendem a rejeitar aqueles que pertencem a Cristo.

Jesus já nos alertava sobre isso:

"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim" (João 15:18-20).

O apóstolo João também reforça essa realidade: "Não vos maravilheis, irmãos, se o mundo vos odeia" (1 João 3:13).

O próprio Cristo foi rejeitado, e não falo do fato de terem “cancelado” ele, não me refiro a rejeição que fizeram ao condenarem a cruz, falo da rejeição que teve até por sua própria família e conterrâneos (Marcos 6:1-6, Marcos 3:21, João 7:5). Portanto, essa rejeição que sofremos não deve nos surpreender, mas sim nos fortalecer na fé, pois é um sinal de que seguimos os passos de Cristo.

A luz incomoda as trevas

A vida de quem segue a Cristo muitas vezes expõe o pecado dos outros, o que pode causar desconforto. Aquele que vive na mentira foge da luz para que ela não revele o mal que pratica; já aqueles que vivem na verdade procuram a luz para que seja visto claramente que suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus (João 3:19-21).

Quando um crente vive conforme a Palavra, aqueles que não querem mudar se afastam, debocham e o insultam (1 Pedro 4:3-4).

O exemplo de Noé deixa isso claro: ele viveu praticamente sem amigos ou parentes, contando apenas com sua família, pois o mundo se afastava dele. Isso não significa que Noé se afastava do mundo, pois ele pregava sobre a justiça de Deus, mas ninguém além de sua família o ouviu (2 Pedro 2:5).

Jesus avisou que sua vinda seria em um momento em que o mundo estivesse vivendo como nos dias de Noé (Mateus 24:37-39). Portanto, não devemos nos desanimar se estivermos na contramão do que o mundo pratica, mas, sim, permanecer esperançosos, pois estamos no caminho correto, assim como Noé estava.

Sua fé e obediência a Deus o separaram do mundo.

Isso não significa que devemos morar no mato, isolados de todos, ou que não devemos mais receber visitas e visitar nossos parentes. Pelo contrário, não devemos nos isolar. Mesmo enfrentando rejeição, somos chamados a amar e testemunhar (Mateus 5:14-16).

O apóstolo Paulo procurava estar com todos, não se comportando pecaminosamente, mas adaptando-se, no que dizia respeito à fé, àqueles que estavam ao seu redor, sem comprometer sua fidelidade a Deus:

“Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” (1 Coríntios 9:22 RA).

Paulo não estava sugerindo que se comportava de maneira pecaminosa ou hipócrita para agradar diferentes grupos de pessoas. Pelo contrário, ele se adaptava culturalmente a cada contexto para facilitar a pregação do evangelho, sem comprometer sua fé ou seus princípios cristãos.

Com os judeusEle seguia costumes judaicos para não causar escândalo entre eles, como vemos em Atos 16:3, onde circuncidou Timóteo para facilitar a pregação entre os judeus. Também em Atos 21:23-26, ele participou de um ritual no templo para mostrar respeito à Lei.

Com os gentiosEle não os obrigava a seguir tradições judaicas, como vemos em Gálatas 2:3-5. Em Atos 17:22-31, no discurso em Atenas, Paulo usa referências culturais e filosóficas gregas para apresentar o evangelho.

Com os fracos na féEle evitava fazer algo que escandalizasse aqueles que tinham uma consciência mais sensível, como em 1 Coríntios 8:13, onde diz que, se comer carne levasse alguém a tropeçar, ele preferia nunca mais comer carne.

Nesse mesmo contexto, quando estivermos reunidos com parentes e amigos que não são cristãos, podemos agir da seguinte forma:

I-  Manter o Respeito e o Amor

Mesmo que tenham valores ou comportamentos diferentes, é importante evitar julgamentos severos e agir com paciência e compaixão (Colossenses 4:5-6).

II-  Evitar Polêmicas Desnecessárias

Nem toda conversa precisa virar um debate sobre fé. Paulo sabia quando era o momento certo de falar e quando era melhor apenas demonstrar o evangelho pelo comportamento (1 Tessalonicenses 4:11-12). Se surgirem discussões sobre religião, devemos falar com sabedoria e mansidão, sem tentar impor nossa fé (2 Timóteo 2:24-25).

III-  Participar do Convívio Sem Comprometer a Fé

Assim como Paulo participava dos costumes judaicos sem abrir mão da verdade do evangelho, nós também podemos participar de eventos familiares, festas ou encontros sem nos envolvermos em práticas que vão contra nossa fé. Por exemplo, estar presente em um almoço de família é algo positivo, mas isso não significa que devemos participar de conversas ou comportamentos que desagradam a Deus.

IV-  Ser Exemplo Através das Atitudes

O testemunho cristão no dia a dia fala mais alto do que palavras. Se a família vê paciência, bondade, humildade e honestidade em nossa vida, isso causa impacto (Mateus 5:16). Pequenas atitudes, como ajudar em casa, demonstrar gratidão e ser paciente em momentos de conflito, podem ser formas eficazes de evangelismo.

V-  Saber Quando Falar do Evangelho

Paulo sabia adaptar sua abordagem para cada grupo, e isso também se aplica ao falar de Cristo para familiares. Algumas pessoas podem estar abertas a ouvir sobre Deus, enquanto outras rejeitam de imediato. Orar por discernimento e aguardar o momento certo é essencial (1 Pedro 3:15).

VI-  Não Ter Medo de Ser Diferente

Paulo se adaptava culturalmente para alcançar as pessoas, mas nunca comprometia sua fé. Da mesma forma, ao conviver com parentes não cristãos, podemos ser amigáveis e participativos sem sentir a necessidade de agir como eles para sermos aceitos. Muitas vezes, isso significa recusar certas conversas, comportamentos ou práticas que vão contra os princípios bíblicos, mesmo que isso nos torne diferentes. Permanecer firme na fé, com amor e respeito, é um testemunho poderoso e pode até despertar o interesse dos outros pelo evangelho.

Uma nova família na FÉ

Ainda que alguns se afastem, Deus nos dá uma nova família na fé (Marcos 10:29-30). Por isso, é importante termos comunhão não apenas com aqueles que não são cristãos, mas, principalmente, com a verdadeira família na fé, com aqueles que verdadeiramente são nossos irmãos e irmãs (Hebreus 10:24-25).

O desafio de perseverar

Não devemos nos conformar ao mundo para sermos aceitos (Romanos 12:2). O mundo pode nos pressionar a seguir suas normas, suas práticas e suas ideias, mas, como cristãos, somos chamados a viver de acordo com os padrões de Deus, que muitas vezes estão em desacordo com o que o mundo considera normal. Não devemos abrir mão de nossa fé ou de nossos valores para agradar aqueles que ainda vivem na mentira, pois, ao fazê-lo, comprometemos nosso testemunho e nossa integridade espiritual.

A aprovação de Deus deve ser nossa maior prioridade, pois sua aceitação é eterna e verdadeira, enquanto a aprovação dos homens é temporária e superficial (Gálatas 1:10). Somos chamados a agradar a Deus, não aos homens, sabendo que, ao buscarmos a Sua vontade, Ele nos conduzirá ao melhor caminho, mesmo que isso nos coloque em desacordo com o mundo ao nosso redor.

A jornada cristã, muitas vezes, envolve rejeição e desafios, como Jesus e os apóstolos experimentaram. No entanto, devemos permanecer firmes na fé, como Noé, sabendo que estamos no caminho certo, mesmo quando estamos em desacordo com o mundo. Somos chamados a ser luz sem nos isolarmos, demonstrando o amor de Cristo em nossas atitudes, como Paulo fez. A aprovação de Deus deve ser nossa prioridade, pois Ele nos oferece uma nova família na fé, que nos fortalece. Não devemos nos conformar aos padrões do mundo, mas seguir a vontade de Deus, com confiança de que Sua recompensa é eterna.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Na Lei Não Existe Misericórdia

A Lei de Deus, composta pelos Dez Mandamentos e cerca de 600 ordenanças, é uma manifestação de Sua santidade e perfeição. Contudo, a Lei, em si mesma, não oferece misericórdia. Ela revela o caráter santo de Deus e a incapacidade humana de atingir esse padrão sem o auxílio divino. Este estudo busca explorar como a Lei expõe a necessidade de salvação e aponta para Cristo como o único mediador entre Deus e os homens.

1. A Lei e Sua Função

A Lei foi dada para revelar a santidade de Deus e expor o pecado humano. Como Paulo afirma:

"Porquanto ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (Romanos 3:20, RA).

A Lei é santa, justa e boa (Romanos 7:12), mas ela não pode salvar. Em vez disso, ela funciona como um espelho que reflete a santidade de Deus e revela a pecaminosidade humana.

2. A Maldição da Lei

Viver debaixo da Lei significa estar sujeito à maldição, porque a transgressão de um único mandamento traz condenação:

"Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las" (Gálatas 3:10, RA).

"Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos" (Tiago 2:10, RA).

A gravidade do pecado e suas consequências são exemplificadas em Adão, cuja desobediência trouxe a maldição sobre toda a humanidade. Por um único pecado, a condenação entrou no mundo, causando toda a desgraça que vemos até hoje:

"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Romanos 5:12, RA).

Esse mesmo princípio se aplica à redenção. Assim como um só pecado trouxe a condenação, um único ato de justiça em Cristo trouxe a salvação:

"Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos" (Romanos 5:19, RA).

Portanto, enquanto a Lei expõe a maldição gerada pelo pecado, ela também aponta para a necessidade de Cristo, cuja obediência perfeita trouxe vida e reconciliação a todos que creem:

"Pois, se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo" (Romanos 5:17, RA).

Isso demonstra que a Lei, embora santa e justa, não possui misericórdia. Ela apenas revela o quanto Deus é santo e o quanto o homem, sem a intervenção divina, está condenado.

3. A Necessidade de um Salvador

Desde a queda de Adão e Eva, o pecado separou a humanidade de Deus. A desobediência deles resultou em maldição e expulsão do paraíso (Gênesis 3:17-24). Essa condição revelou a necessidade de um Salvador prometido:

"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gênesis 3:15, RA).

A Lei apontava continuamente para a vinda de Cristo, pois nenhum sacrifício ou esforço humano podia eliminar o pecado. O sistema sacrificial era uma sombra do que seria realizado na cruz (Hebreus 10:1-4).

4. A Graça e a Misericórdia em Cristo

Para ficarmos livres da maldição da lei, precisamos abandonar a antiga aliança e nos ligar à nova aliança, a Graça, pois não é possível andar nas duas alianças ao mesmo tempo:

“De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.” (Gálatas 5:4 RA)

Enquanto a Lei condena, Cristo trouxe a graça e a verdade:

"Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo" (João 1:17, RA).

Jesus cumpriu a Lei em nosso lugar e ofereceu-se como sacrifício perfeito, satisfazendo as exigências da justiça divina:

"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)" (Gálatas 3:13, RA).

Por meio de Sua obra na cruz, fomos libertos da condenação imposta pela Lei e reconciliados com Deus:

"Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1, RA).

5. A Vida Sob a Graça

Cristo nos chama a viver sob Sua autoridade, rejeitando o jugo da Lei como meio de justificação. Devemos andar no Espírito, que nos capacita a viver em obediência e amor a Deus:

"Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça" (Romanos 6:14... RA).

Conclusão

A Lei de Deus é perfeita, mas incapaz de salvar. Ela foi dada para expor a necessidade de um Salvador, que é Jesus Cristo. Nele encontramos a misericórdia e a graça que a Lei, por si só, não oferece. Por isso, somos chamados a viver sob a autoridade de Cristo, confiando na Sua obra redentora e no poder do Espírito Santo para nos transformar.

Reflexão Final: Você ainda vive sob o peso da condenação ou já se entregou à graça e misericórdia de Cristo? Aceite hoje o chamado para viver sob a autoridade d'Aquele que é o único capaz de nos salvar.

Textos Complementares para Estudo:

  • Êxodo 20:1-17 (Os Dez Mandamentos)
  • Romanos 7:7-25 (A luta contra o pecado sob a Lei)
  • Hebreus 10:1-18 (O sacrifício de Cristo e o fim dos sacrifícios da Lei)
  • Gálatas 5:1-6 (A liberdade em Cristo).