Base Bíblica para a Educação
Cristã dos Filhos
A educação cristã dos filhos é uma responsabilidade que a
Bíblia coloca diretamente sobre os pais. Desde o Antigo Testamento, vemos Deus
orientando Seu povo a ensinar as próximas gerações sobre Seus mandamentos,
feitos e promessas. Este compromisso é reafirmado no Novo Testamento, onde os
pais são chamados a criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor:
“E
vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na
admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4 RA)
A importância desse
ensinamento está não apenas em passar conhecimentos, mas em moldar o caráter e
a vida espiritual das crianças, para que cresçam firmadas nos princípios divinos.
Neste estudo, exploraremos a base bíblica para essa educação, observando como
os pais podem instruir seus filhos no caminho de Deus e cultivarem uma vida de
fé e obediência desde cedo.
1.
ENSINE
A CRIANÇA NO CAMINHO QUE DEVE ANDAR
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e,
ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22:6 RA)
Aqui, o "caminho" refere-se ao caminho da sabedoria e da
verdade, que está fundamentado na obediência a Deus e em uma vida justa
conforme os princípios divinos.
Os pais são os principais exemplos para os filhos, e seu
comportamento influencia diretamente na maneira como as crianças entendem e
seguem o "caminho". Se os pais vivem de acordo com os ensinamentos de
Jesus, fica mais fácil para os filhos absorverem esses valores e internalizarem
o caminho do Senhor.
O caminho que a criança deve seguir não é apenas um conjunto de
regras, mas uma vida moldada pelo amor a Deus, pela justiça, bondade e pela fé
em Jesus Cristo. Quando os pais estão alinhados com essa verdade, sua própria
caminhada se torna um guia para os filhos. Jesus disse:
"Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6 RA).
Portanto, o caminho correto é o caminho de Cristo — uma vida de fé,
obediência, e amor a Deus e ao próximo:
Caminhando na fé:
"Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." (Efésios 2:8, RA)
"Sem fé é impossível agradar a Deus,
pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles
que o buscam." (Hebreus 11:6, RA)
Os pais, quando entendem e vivem na fé, automaticamente repassam
isso aos seus filhos através de sua postura. Por isso, é importante que,
primeiramente, os pais reconheçam e aceitem pela fé a obra de sua salvação
através da cruz de Cristo. Em outras palavras, Jesus nos salvou ao se entregar
naquela cruz por nós. Não é por esforço ou mérito nosso, mas tudo é por meio de
Cristo" (Efésios 2:8-9; Gálatas 2:16; Tito 3:5).
Obedientes a Deus:
"Aquele que tem os meus mandamentos e
os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e
eu também o amarei e me manifestarei a ele." (João 14:21)
"Se alguém me ama, guardará a minha
palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada."
(João 14:23)
Andar no caminho do Senhor requer, primeiramente, fé, e depois,
obediência ao que Ele nos ensinou. Se realmente cremos no que Jesus fez e no
que Ele nos ensinou, obedeceremos aos seus mandamentos. Não se trata de uma
obediência cega a regras e diretrizes frias da lei, mas de uma obediência fundamentada
no entendimento e no amor.
Amor a Deus e ao próximo:
"Respondeu-lhe Jesus: Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a
este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Mateus 22:37-39)
Jesus resume toda a lei no amor, explicando quais são os mandamentos
fundamentais para cumpri-la. A seguir, veremos o mandamento que Ele deixou para
todos os que têm fé nEle:
"O meu mandamento é este: que vos
ameis uns aos outros, assim como eu vos amei." (João 15:12)
A diferença crucial entre as referências está no personagem central.
Antes, o amor ao próximo se baseava em quanto nos amávamos a nós mesmos, ou
seja, amaríamos o próximo como nos amávamos. No entanto, o mandamento que Jesus
nos deixa é amar ao próximo como Ele nos amou.
E não pense que é mais fácil. Pelo contrário, o amor, ao mesmo tempo
que é um dom (1 João 4:19; Romanos 5:5), também é um mandamento, e esse
mandamento se refere a fazer nada mais, nada menos, do que o próprio Cristo
fez. Ou seja, amar como Jesus nos amou significa:
·
Sacrificar-se pelos outros: 'Ninguém
tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus
amigos' (João 15:13, RA).
·
Servir aos outros com humildade: 'Pois
o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos' (Marcos 10:45, RA).
·
Perdoar aqueles que nos ofendem: 'E,
quando estavam crucificando Jesus, ele dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem' (Lucas 23:34, RA).
·
Amar incondicionalmente: 'O meu
mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei' (João
15:12, RA)."
Ensinar uma criança
no caminho em que deve andar moldará sua vida por completo. Cabe aos pais
compreender o caminho correto em que ela deve seguir e ensiná-lo desde cedo.
Jesus é o caminho (João 14:6), e Ele nos ensina que nossa vida deve ser moldada
pelo amor ao próximo.
Ensinamos nossas
crianças a amar o próximo quando ensinamos que mentir é errado, que a inveja e
o ciúme são errados, que roubar, matar e machucar também são errados. Amamos o
próximo quando perdoamos seus erros e quando os ajudamos, mesmo que tenham nos
negligenciado ao longo da vida. Podemos encontrar desculpas para não agir
assim, mas amar o próximo como Jesus nos amou é exatamente isso: Ele não deixou
de amar aqueles que o crucificaram (Lucas 23:34), e nós deixaríamos de amar
alguém que espalhou uma mentira a nosso respeito?
Já ouvi pessoas
dizendo que esse tipo de amor é se diminuir, ser inferior aos outros ou se
humilhar. Contudo, amar os outros como Jesus nos amou é exatamente isso:
considerar o outro superior a nós mesmos (Filipenses 2:3). O amor não se trata
de praticá-lo esperando reconhecimento, pois não é uma troca. Amar é sacrificar
nossa carne, é entender que o próximo tem os mesmos sentimentos que nós, e,
assim como ele pode ter cometido um erro conosco, nós também certamente já
erramos com alguém.
Paulo explica o que é
o amor em 1 Coríntios 13:4-7:
"O
amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses,
não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas
regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta."
Esse é o amor que
devemos ensinar às nossas crianças.
2.
ENSINE-OS
SOBRE DEUS CONSTANTEMENTE
“6 Estas
palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas
falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao
levantar-te.” (Deuteronômio 6:6-7 RA)
“19
Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e
andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-vos. 20 Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas
vossas portas,” (Deuteronômio 11:19-20 RA)
Aqui, apesar de Deus
estar se referindo a uma aliança que foi substituída por outra (Lei e Graça),
Ele demonstra que o ensino à criança sobre o caminho correto a ser seguido não
é algo esporádico. Não deve ser limitado a uma vez por semana quando se vai à
igreja. Pelo contrário, os pais devem integrar os ensinamentos divinos na rotina
diária, garantindo que a fé seja uma parte constante da vida familiar da
criança.
Dessa forma, os ensinamentos de Deus tornam-se uma prática contínua
e presente, moldando a vida da criança desde cedo, para que ela cresça firmada
na fé e nos valores cristãos.
3.
NÃO
IRRITEIS OS SEUS FILHOS
“Pais,
não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.” (Colossenses
3:21 RA)
Aqui, a palavra "irritar" no contexto não se refere apenas
a provocar uma raiva passageira, mas a um tipo de tratamento que possa causar
frustração contínua, amargura ou desânimo nos filhos. Esses tratamentos podem
incluir:
·
Atitudes autoritárias excessivas: Quando os pais impõem regras rígidas sem abertura para diálogo,
esperando obediência cega sem explicações. Isso pode sufocar a autonomia dos
filhos, gerando um sentimento de opressão e rebeldia.
Um exemplo claro de autoritarismo sem racionalidade pode ser
encontrada em 1 Samuel 14:24-45, o
rei Saul impôs um juramento severo sobre o exército de Israel, proibindo-os de
comer até que tivessem derrotado seus inimigos. Essa ordem irracional
enfraqueceu os soldados, e seu filho Jônatas, que não sabia do juramento,
acabou violando-o sem querer. O autoritarismo excessivo de Saul trouxe
prejuízos e quase custou a vida de Jônatas, além de causar desânimo entre o
povo.
·
Críticas constantes: Apontar apenas os erros, sem reconhecer os acertos ou qualidades
dos filhos, pode fazer com que se sintam incapazes e inseguros, minando sua
autoestima e levando ao desânimo.
Jó 19:1-3 revela o sofrimento de Jó quando seus amigos o criticam
continuamente. Eles o acusavam injustamente de ter pecado gravemente,
atribuindo seus infortúnios a sua suposta falta de integridade. Jó, já em
grande angústia, ficou ainda mais desanimado por causa das constantes acusações
e críticas de seus amigos.
·
Comparações injustas: Comparar os filhos entre si ou com outras crianças, exaltando as
qualidades dos outros e desmerecendo os próprios filhos, pode causar
ressentimento e um sentimento de inferioridade.
Gênesis 37:3-4 nos conta que Jacó amava mais a José do que a seus outros filhos, o
que causou grande inveja e ressentimento entre os irmãos. A clara preferência
por José e a forma como Jacó o exaltava acima dos outros filhos geraram um
ambiente tóxico, culminando na venda de José como escravo.
·
Ausência de afeto: A falta de demonstrações de amor, seja através de palavras,
abraços ou gestos de carinho, pode deixar os filhos emocionalmente distantes e
desmotivados, sentindo-se rejeitados ou negligenciados
A mesma história de Jacó e José pode ser aplicada aqui, vemos que
Jacó demonstrava um claro favoritismo por José, dando-lhe uma túnica especial e
mostrando mais afeto por ele do que pelos outros filhos. Esse tratamento fez
com que os outros filhos se sentissem rejeitados e levou ao ódio e inveja que
culminaram na venda de José como escravo. A ausência de afeto igualitário
destruiu a harmonia entre os irmãos e causou grande dor em Jacó posteriormente.
·
Imposição de expectativas
impossíveis: Esperar que os filhos alcancem
padrões irrealistas de comportamento ou desempenho, como ser o melhor em tudo,
pode levá-los a uma exaustão emocional, acreditando que nunca são bons o
suficiente.
Em Mateus 23:4, Jesus critica os líderes religiosos da época, dizendo: "Atam
fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens;
eles, porém, nem com o dedo querem movê-los." Esse exemplo ilustra como
expectativas injustas e impossíveis eram impostas ao povo, o que gerava
frustração e desânimo, algo que também pode ocorrer no contexto familiar.
Quando os pais agem de maneira severa ou insensível, isso pode fazer
com que os filhos percam a confiança e a motivação, levando-os a um estado de
desânimo, sentindo-se incapazes de agradar ou alcançar os padrões dos pais. A
instrução de Paulo é para que os pais criem os filhos com equilíbrio,
disciplina justa e amor, evitando comportamentos que os levem a esse desânimo.
A intenção é que a correção seja feita em amor e que a educação dos
filhos seja conduzida com paciência, sem quebrar o espírito deles. Como
complementa Efésios 6:4:
"E vós, pais, não provoqueis vossos
filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor" (Efésios
6:4 RA).
4. DISCIPLINE-OS COM RIGOR QUANDO PRECISO
“O que retém a
vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.” (Provérbios
13:24 RA)
A correção não é fácil nem prazerosa para os pais, mas é bíblica.
Existem outras passagens ainda mais severas na Bíblia, em que filhos
desobedientes deveriam ser eliminados do meio da comunidade (ver Deuteronômio
21:18-21 RA). No entanto, o foco aqui é na correção amorosa. A correção com
vara pode doer mais em quem a aplica do que em quem a recebe, mas é necessária
para arrancar a indisciplina de uma criança.
Filhos mal educados, mimados, que incomodam e até agridem estranhos
em lugares públicos como ruas, shoppings e supermercados, estão demonstrando a
necessidade de uma disciplina bíblica mais rigorosa. É importante lembrar que
ninguém ensina uma criança a ser egoísta, ciumenta ou a exibir outros defeitos
comuns; elas já nascem com isso, essas atitudes são consequências do pecado. A
disciplina, muitas vezes mais rígida, serve para corrigir esses comportamentos
e orientar a criança no caminho correto.
Embora o mundo diga que "se você não corrige seu filho, o mundo
o corrigirá", isso não é verdade. O mundo não corrige, ele pune, ele faz a
criança passar vergonha e pagar caro por comportamentos que não foram
corrigidos pelos pais (Provérbios 29:17). Por mais doloroso que seja
para os pais, a correção mais severa deve ser aplicada quando necessária, mas
não estamos falando de abuso ou espancamento que cause ferimentos graves, a
própria escritura é contra esse tipo de disciplina (Provérbios
19:18). Pais que agem dessa forma devem ser
responsabilizados. Estamos falando de uma correção bíblica, amorosa e firme.
Eu mesmo já fui corrigido pelos meus pais por comportamentos
errados, e não tenho remorso por isso, apenas gratidão por terem tirado de mim
a indisciplina desde cedo. A correção, quando feita de forma apropriada, é um
ato de amor que traz frutos de sabedoria e bom caráter no futuro (Hebreus 12:11 RA).
“Se vocês suportam a disciplina, Deus os trata como
filhos. Pois qual filho não é disciplinado pelo pai?” Hebreus 12:7
A disciplina é apresentada nas Escrituras como uma expressão de amor
e cuidado divino, reforçando o papel crucial dos pais na formação do caráter de
seus filhos. O próprio livro de Provérbios nos diz:
“O que retém a vara aborrece a seu filho,
mas o que o ama, cedo o disciplina” (Provérbios 13:24 RA).
Esse versículo ensina que a correção é uma expressão de amor,
essencial para orientar as crianças no caminho certo. Não existe um momento
específico para iniciar a disciplina; aqueles que verdadeiramente amam seus
filhos começam a corrigi-los desde cedo, com o objetivo de moldar seu caráter e
conduzi-los à retidão.
Nos tempos bíblicos, a disciplina imposta pelos pais era vista como
essencial pela comunidade. Quando o autor do verso falou sobre a importância do
amor e da correção (Hebreus 12:7), isso refletia uma sociedade que considerava
impensável que os pais deixassem de disciplinar seus filhos. Permitir que eles
fizessem tudo o que quisessem sem correção era algo fora da realidade para
aquela época.
Na realidade atual, essa visão tem sido deturpada. A correção e a
disciplina continuam sendo necessárias, pois ninguém nasce naturalmente
disciplinado, educado ou amoroso. Pelo contrário, como resultado do pecado, as
pessoas demonstram tendências egoístas, ciumentas e agressivas. Como está
escrito:
“A
estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a
afastará dela” (Provérbios 22:15 RA).
É por meio da disciplina que ensinamos virtudes como generosidade,
cortesia e amor. Ninguém precisa ensinar as crianças a serem egoístas ou
desobedientes; essas características surgem naturalmente, e cabe aos pais, com
sabedoria, corrigir esses comportamentos.
Portanto, é responsabilidade dos pais, com paciência e amor,
disciplinar seus filhos, ajudando-os a desenvolverem um caráter que reflita os
valores divinos.
5.
FILHOS
SÃO BÊNÇÃOS E NÃO MALDIÇÃO
“Herança do SENHOR
são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão.” (Salmos 127:3 RA)
Este versículo nos lembra que os filhos são um presente divino, uma
verdadeira herança e recompensa que Deus concede. O Salmo 127:3 afirma:
“Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão” (RA),
destacando que os filhos são bênçãos vindas diretamente de Deus. Cada novo
filho é uma expressão do favor divino na vida dos pais.
Essa compreensão pode nos levar a reconhecer que, quanto mais
filhos, mais bênçãos. E de fato, o versículo seguinte complementa essa ideia:
“Como
flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Bem-aventurado o
homem que enche deles a sua aljava” (Salmos 127:4-5 RA).
A passagem revela que os filhos trazem alegria, força e felicidade
ao lar.
A visão de que os filhos são um "atraso" ou um fardo, algo
que consome recursos e rouba a paz, é uma perspectiva mundana e equivocada.
Precisamos rejeitar essa ideia. Filhos são, de fato, uma bênção de Deus.
Organizar-se para receber essas bênçãos é importante, mas não devemos postergar
excessivamente o privilégio de encher a casa com esses presentes divinos, pois
cada filho traz consigo o favor e o propósito de Deus.
Gênesis 1:28 – "E Deus os abençoou, e
Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra..."
Desde o início, Deus abençoou a multiplicação dos filhos, o que demonstra
a importância de trazer filhos ao mundo.
Salmos 128:3-4 – "Tua esposa, no
interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos
da oliveira, à roda da tua mesa. Eis como será abençoado o homem que teme ao
Senhor!"
Esse salmo enfatiza a bênção e a alegria que os filhos trazem ao
lar, assim como o favor de Deus sobre a família.
Provérbios 17:6 – "A coroa dos velhos
são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais."
Esse versículo reforça a ideia de que os filhos são uma herança
preciosa, uma verdadeira honra para as gerações.
6. ENSINE O PORQUÊ DOS RITUAIS E TRADIÇÕES
QUE SUA FAMÍLIA PRATICA
“26
Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? 27 Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao
SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando
feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e
adorou.” (Êxodo 12:26-27 RA)
Deus orientou os israelitas a explicar aos filhos o significado da Páscoa,
mostrando como rituais e tradições podem ser usados para ensinar sobre os
feitos de Deus.
No livro de Êxodo, o Senhor instruiu o povo a celebrar a Páscoa como
uma lembrança perpétua de como Ele os libertou da escravidão no Egito. Além de
transmitir a história, é importante que os pais entendam profundamente os
feitos de Deus para explicá-los com sabedoria aos seus filhos. Dessa forma,
quando perguntados por colegas de aula sobre o que é a Páscoa, seus filhos não
dirão que se trata de uma data em que um coelho misterioso distribui ovos de
chocolate, mas sim que é uma celebração que remonta à libertação do povo de
Israel da escravidão no Egito. Eles poderão explicar que, para os cristãos, a
Páscoa também representa um momento crucial na fé, pois foi nessa data que
Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, cumprindo as promessas de Deus e trazendo
salvação a todos que creem (Lucas 24:6-7, RA).
Essa orientação também se aplica a outras datas religiosas, como o
Natal. Se os pais celebram essas datas, ou qualquer outra, mas não conseguem
explicar aos filhos o verdadeiro significado ou o porquê dessas comemorações, é
importante reavaliar essa prática. É essencial buscar entendimento para evitar
transmitir confusão às crianças, como muitas vezes já ocorre com os próprios
pais. Quando você celebra algo, é fundamental saber o que está celebrando; caso
contrário, torna-se uma comemoração vazia, uma mera tradição humana que não
acrescenta valor à vida da criança.
7. FALE A SEUS FILHOS SOBRE OS FEITOS DE DEUS
“não o encobriremos a seus filhos;
contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as
maravilhas que fez.” (Salmos 78:4 RA)
Este texto reforça a importância de passar a história e os
ensinamentos de Deus para as gerações futuras, garantindo que as crianças
conheçam as obras do Senhor.
“Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda
bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm
visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás
saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos.” (Deuteronômio 4:9 RA)
É fundamental que os grandes feitos de Deus sejam transmitidos de
geração em geração. Comece relembrando as maravilhas de Sua criação, quando
Deus fez o céu, a terra e tudo o que neles há, formando o ser humano à Sua
imagem e semelhança (Gênesis 1:1-31; 2:7). Fale de como Ele criou nossos
primeiros pais, Adão e Eva, e lhes deu o jardim do Éden para habitarem (Gênesis
2:8-25).
Não deixe de mencionar a arca de Noé e o dilúvio, onde Deus salvou
Noé, sua família e os animais, preservando a criação em meio ao julgamento
sobre a maldade humana (Gênesis 6:9-22; 7:1-24). Depois, fale sobre a
libertação do povo de Israel do Egito, quando Deus, por meio de Moisés, enviou
as pragas e abriu o Mar Vermelho para que o povo passasse em segurança,
enquanto os exércitos egípcios foram submersos nas águas (Êxodo 7:14-25;
14:21-31).
Outro grande feito foi a conquista de Jericó, quando Deus derrubou
as muralhas daquela cidade, entregando-a nas mãos dos israelitas, após
marcharem ao redor dela por sete dias (Josué 6:1-20).
Além desses eventos, mencione a provisão de Deus no deserto, quando
Ele alimentou o povo com maná do céu e fez sair água da rocha (Êxodo 16:4-35;
Números 20:7-11).
No Novo Testamento, Deus continuou a realizar feitos
extraordinários, como quando ressuscitou mortos, como Lázaro (João 11:1-44), ou
quando enviou o Espírito Santo no Pentecostes, capacitando os apóstolos a
pregarem o evangelho com poder e sinais (Atos 2:1-4). Entre esses sinais,
destacam-se milagres como a cura do coxo por Pedro na porta do templo, que
imediatamente começou a andar (Atos 3:1-10), a sombra de Pedro curando enfermos
nas ruas (Atos 5:15-16), e a ressurreição de Êutico, trazido de volta à vida
por Paulo após cair de uma janela (Atos 20:9-12). Além disso, Paulo curou um
homem paralítico em Listra, que nunca havia andado, e ele saltou de alegria
(Atos 14:8-10).
Os próprios milagres de Jesus também são exemplos poderosos das
obras divinas no Novo Testamento. Ele caminhou sobre as águas (Mateus 14:25-27),
multiplicou os pães e os peixes para alimentar uma grande multidão (Mateus
14:15-21), transformou água em vinho em um casamento em Caná (João 2:1-11),
acalmou tempestades com uma simples palavra (Marcos 4:39) e ressuscitou
pessoas, como o filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-17) e Jairo, o chefe da
sinagoga (Marcos 5:35-42).
Por fim, o maior de todos os feitos de Deus foi enviar Seu Filho,
Jesus Cristo, ao mundo para salvar a humanidade. Jesus, o Cordeiro de Deus,
ofereceu-se em sacrifício pelos pecados de todos nós, morrendo na cruz e
ressuscitando ao terceiro dia, garantindo a vitória sobre a morte e o pecado
(João 3:16; Romanos 5:8; 1 Coríntios 15:3-4).
8. USE TODA A ESCRITURA PARA ENSINAR SEUS
FILHOS
“14
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste
inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15
e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem
tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e
útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça, 17 a fim de que o homem de
Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2
Timóteo 3:14-17 RA)
Paulo lembra a Timóteo que ele foi instruído nas Escrituras desde a
infância, o que o preparou para a fé em Jesus (2 Timóteo 3:15). Esse exemplo
reforça o valor de ensinar a Palavra de Deus às crianças desde cedo. Timóteo
foi salvo pela fé, e seu conhecimento das Escrituras, mesmo que se limitasse ao
Antigo Testamento, foi suficiente para guiá-lo à verdade de Cristo. Isso refuta
a ideia de que devemos ensinar apenas o Novo Testamento às crianças, como
alguns pais acreditam, sob o argumento de que estamos agora sob a nova aliança.
Embora esses pais tenham parcialmente razão, reconhecendo que a nova
aliança traz uma nova motivação para a obediência, o Antigo Testamento continua
sendo vital. A Lei ainda desempenha um papel importante ao definir o que é
certo e errado, mas a graça de Deus transforma nossa motivação para obedecer.
Ensinar os filhos a obedecer a Deus por amor e gratidão, em vez de
apenas por medo do castigo, é um dos maiores desafios, mas também um dos
maiores frutos da graça.
Como está escrito:
"No amor não existe medo; antes, o
perfeito amor lança fora o medo" (1 João 4:18).
Pais que vivem sob a graça de Deus devem ser exemplos vivos de como
essa graça transforma nossas vidas. Demonstrar perdão, paciência e bondade,
mesmo diante dos erros dos filhos, é essencial. Isso cria um ambiente em que os
filhos não apenas aprendem sobre regras, mas também experimentam o amor
incondicional de Deus (Efésios 4:32).
A disciplina, por sua vez, é necessária, mas deve ser redentiva. O
objetivo não é apenas corrigir o erro, mas também restaurar a criança e guiá-la
a uma compreensão mais profunda da graça de Deus. A correção deve sempre
apontar para a cruz, onde a justiça e a misericórdia de Deus se encontram.
Quando corrigir um filho, explique que Deus também nos disciplina por amor
(Hebreus 12:6) e que, por meio de Cristo, Ele nos oferece perdão. Encoraje a
criança a buscar o arrependimento e a reconhecer a graça de Deus, que nos ajuda
a crescer em maturidade espiritual.
Conclusão
A educação cristã dos filhos
não é uma tarefa opcional, mas um chamado divino para os pais. Ao longo das
Escrituras, vemos que Deus espera que os pais não apenas ensinem, mas vivam o
evangelho diante de seus filhos, oferecendo um exemplo prático de fé, amor e
disciplina. A responsabilidade de orientar a criança no caminho que deve andar
(Provérbios 22:6) e de falar constantemente sobre Deus (Deuteronômio 6:7) é um
investimento eterno na vida espiritual dos filhos. Quando os pais cumprem esse
papel, não só fortalecem a fé das crianças, mas contribuem para a continuidade
do evangelho por meio das próximas gerações, formando discípulos que seguirão a
Cristo com convicção e amor. Que a educação dos filhos na fé seja sempre
fundamentada nas Escrituras, para que eles cresçam como flechas nas mãos de
guerreiros (Salmos 127:4), prontos para servir ao Senhor e honrar Seus
caminhos.
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