quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Base Bíblica para a Educação Cristã dos Filhos

Base Bíblica para a Educação Cristã dos Filhos

A educação cristã dos filhos é uma responsabilidade que a Bíblia coloca diretamente sobre os pais. Desde o Antigo Testamento, vemos Deus orientando Seu povo a ensinar as próximas gerações sobre Seus mandamentos, feitos e promessas. Este compromisso é reafirmado no Novo Testamento, onde os pais são chamados a criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor:

“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4 RA)

A importância desse ensinamento está não apenas em passar conhecimentos, mas em moldar o caráter e a vida espiritual das crianças, para que cresçam firmadas nos princípios divinos. Neste estudo, exploraremos a base bíblica para essa educação, observando como os pais podem instruir seus filhos no caminho de Deus e cultivarem uma vida de fé e obediência desde cedo.

1.     ENSINE A CRIANÇA NO CAMINHO QUE DEVE ANDAR

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22:6 RA)

Aqui, o "caminho" refere-se ao caminho da sabedoria e da verdade, que está fundamentado na obediência a Deus e em uma vida justa conforme os princípios divinos.

Os pais são os principais exemplos para os filhos, e seu comportamento influencia diretamente na maneira como as crianças entendem e seguem o "caminho". Se os pais vivem de acordo com os ensinamentos de Jesus, fica mais fácil para os filhos absorverem esses valores e internalizarem o caminho do Senhor.

O caminho que a criança deve seguir não é apenas um conjunto de regras, mas uma vida moldada pelo amor a Deus, pela justiça, bondade e pela fé em Jesus Cristo. Quando os pais estão alinhados com essa verdade, sua própria caminhada se torna um guia para os filhos. Jesus disse:

"Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6 RA).

Portanto, o caminho correto é o caminho de Cristo — uma vida de , obediência, e amor a Deus e ao próximo:

Caminhando na fé:

"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." (Efésios 2:8, RA)

"Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam." (Hebreus 11:6, RA)

Os pais, quando entendem e vivem na fé, automaticamente repassam isso aos seus filhos através de sua postura. Por isso, é importante que, primeiramente, os pais reconheçam e aceitem pela fé a obra de sua salvação através da cruz de Cristo. Em outras palavras, Jesus nos salvou ao se entregar naquela cruz por nós. Não é por esforço ou mérito nosso, mas tudo é por meio de Cristo" (Efésios 2:8-9; Gálatas 2:16; Tito 3:5).

Obedientes a Deus:

"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele." (João 14:21)

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada." (João 14:23)

Andar no caminho do Senhor requer, primeiramente, fé, e depois, obediência ao que Ele nos ensinou. Se realmente cremos no que Jesus fez e no que Ele nos ensinou, obedeceremos aos seus mandamentos. Não se trata de uma obediência cega a regras e diretrizes frias da lei, mas de uma obediência fundamentada no entendimento e no amor.

Amor a Deus e ao próximo:

"Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Mateus 22:37-39)

Jesus resume toda a lei no amor, explicando quais são os mandamentos fundamentais para cumpri-la. A seguir, veremos o mandamento que Ele deixou para todos os que têm fé nEle:

"O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei." (João 15:12)

A diferença crucial entre as referências está no personagem central. Antes, o amor ao próximo se baseava em quanto nos amávamos a nós mesmos, ou seja, amaríamos o próximo como nos amávamos. No entanto, o mandamento que Jesus nos deixa é amar ao próximo como Ele nos amou.

E não pense que é mais fácil. Pelo contrário, o amor, ao mesmo tempo que é um dom (1 João 4:19; Romanos 5:5), também é um mandamento, e esse mandamento se refere a fazer nada mais, nada menos, do que o próprio Cristo fez. Ou seja, amar como Jesus nos amou significa:

·        Sacrificar-se pelos outros: 'Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos' (João 15:13, RA).

·        Servir aos outros com humildade: 'Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos' (Marcos 10:45, RA).

·        Perdoar aqueles que nos ofendem: 'E, quando estavam crucificando Jesus, ele dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem' (Lucas 23:34, RA).

·        Amar incondicionalmente: 'O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei' (João 15:12, RA)."

 

Ensinar uma criança no caminho em que deve andar moldará sua vida por completo. Cabe aos pais compreender o caminho correto em que ela deve seguir e ensiná-lo desde cedo. Jesus é o caminho (João 14:6), e Ele nos ensina que nossa vida deve ser moldada pelo amor ao próximo.

Ensinamos nossas crianças a amar o próximo quando ensinamos que mentir é errado, que a inveja e o ciúme são errados, que roubar, matar e machucar também são errados. Amamos o próximo quando perdoamos seus erros e quando os ajudamos, mesmo que tenham nos negligenciado ao longo da vida. Podemos encontrar desculpas para não agir assim, mas amar o próximo como Jesus nos amou é exatamente isso: Ele não deixou de amar aqueles que o crucificaram (Lucas 23:34), e nós deixaríamos de amar alguém que espalhou uma mentira a nosso respeito?

Já ouvi pessoas dizendo que esse tipo de amor é se diminuir, ser inferior aos outros ou se humilhar. Contudo, amar os outros como Jesus nos amou é exatamente isso: considerar o outro superior a nós mesmos (Filipenses 2:3). O amor não se trata de praticá-lo esperando reconhecimento, pois não é uma troca. Amar é sacrificar nossa carne, é entender que o próximo tem os mesmos sentimentos que nós, e, assim como ele pode ter cometido um erro conosco, nós também certamente já erramos com alguém.

Paulo explica o que é o amor em 1 Coríntios 13:4-7:

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

Esse é o amor que devemos ensinar às nossas crianças.

 

2.     ENSINE-OS SOBRE DEUS CONSTANTEMENTE

“6  Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7  tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” (Deuteronômio 6:6-7 RA)

“19  Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-vos. 20  Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas,” (Deuteronômio 11:19-20 RA)

Aqui, apesar de Deus estar se referindo a uma aliança que foi substituída por outra (Lei e Graça), Ele demonstra que o ensino à criança sobre o caminho correto a ser seguido não é algo esporádico. Não deve ser limitado a uma vez por semana quando se vai à igreja. Pelo contrário, os pais devem integrar os ensinamentos divinos na rotina diária, garantindo que a fé seja uma parte constante da vida familiar da criança.

Dessa forma, os ensinamentos de Deus tornam-se uma prática contínua e presente, moldando a vida da criança desde cedo, para que ela cresça firmada na fé e nos valores cristãos.

 

3.     NÃO IRRITEIS OS SEUS FILHOS

“Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.” (Colossenses 3:21 RA)

Aqui, a palavra "irritar" no contexto não se refere apenas a provocar uma raiva passageira, mas a um tipo de tratamento que possa causar frustração contínua, amargura ou desânimo nos filhos. Esses tratamentos podem incluir:

·        Atitudes autoritárias excessivas: Quando os pais impõem regras rígidas sem abertura para diálogo, esperando obediência cega sem explicações. Isso pode sufocar a autonomia dos filhos, gerando um sentimento de opressão e rebeldia.

Um exemplo claro de autoritarismo sem racionalidade pode ser encontrada em 1 Samuel 14:24-45, o rei Saul impôs um juramento severo sobre o exército de Israel, proibindo-os de comer até que tivessem derrotado seus inimigos. Essa ordem irracional enfraqueceu os soldados, e seu filho Jônatas, que não sabia do juramento, acabou violando-o sem querer. O autoritarismo excessivo de Saul trouxe prejuízos e quase custou a vida de Jônatas, além de causar desânimo entre o povo.

·        Críticas constantes: Apontar apenas os erros, sem reconhecer os acertos ou qualidades dos filhos, pode fazer com que se sintam incapazes e inseguros, minando sua autoestima e levando ao desânimo.

Jó 19:1-3 revela o sofrimento de Jó quando seus amigos o criticam continuamente. Eles o acusavam injustamente de ter pecado gravemente, atribuindo seus infortúnios a sua suposta falta de integridade. Jó, já em grande angústia, ficou ainda mais desanimado por causa das constantes acusações e críticas de seus amigos.

·        Comparações injustas: Comparar os filhos entre si ou com outras crianças, exaltando as qualidades dos outros e desmerecendo os próprios filhos, pode causar ressentimento e um sentimento de inferioridade.

Gênesis 37:3-4 nos conta que Jacó amava mais a José do que a seus outros filhos, o que causou grande inveja e ressentimento entre os irmãos. A clara preferência por José e a forma como Jacó o exaltava acima dos outros filhos geraram um ambiente tóxico, culminando na venda de José como escravo.

·        Ausência de afeto: A falta de demonstrações de amor, seja através de palavras, abraços ou gestos de carinho, pode deixar os filhos emocionalmente distantes e desmotivados, sentindo-se rejeitados ou negligenciados

A mesma história de Jacó e José pode ser aplicada aqui, vemos que Jacó demonstrava um claro favoritismo por José, dando-lhe uma túnica especial e mostrando mais afeto por ele do que pelos outros filhos. Esse tratamento fez com que os outros filhos se sentissem rejeitados e levou ao ódio e inveja que culminaram na venda de José como escravo. A ausência de afeto igualitário destruiu a harmonia entre os irmãos e causou grande dor em Jacó posteriormente.

·        Imposição de expectativas impossíveis: Esperar que os filhos alcancem padrões irrealistas de comportamento ou desempenho, como ser o melhor em tudo, pode levá-los a uma exaustão emocional, acreditando que nunca são bons o suficiente.

Em Mateus 23:4, Jesus critica os líderes religiosos da época, dizendo: "Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los." Esse exemplo ilustra como expectativas injustas e impossíveis eram impostas ao povo, o que gerava frustração e desânimo, algo que também pode ocorrer no contexto familiar.

Quando os pais agem de maneira severa ou insensível, isso pode fazer com que os filhos percam a confiança e a motivação, levando-os a um estado de desânimo, sentindo-se incapazes de agradar ou alcançar os padrões dos pais. A instrução de Paulo é para que os pais criem os filhos com equilíbrio, disciplina justa e amor, evitando comportamentos que os levem a esse desânimo.

A intenção é que a correção seja feita em amor e que a educação dos filhos seja conduzida com paciência, sem quebrar o espírito deles. Como complementa Efésios 6:4:

"E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor" (Efésios 6:4 RA).

 

4.     DISCIPLINE-OS COM RIGOR QUANDO PRECISO

“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.” (Provérbios 13:24 RA)

A correção não é fácil nem prazerosa para os pais, mas é bíblica. Existem outras passagens ainda mais severas na Bíblia, em que filhos desobedientes deveriam ser eliminados do meio da comunidade (ver Deuteronômio 21:18-21 RA). No entanto, o foco aqui é na correção amorosa. A correção com vara pode doer mais em quem a aplica do que em quem a recebe, mas é necessária para arrancar a indisciplina de uma criança.

Filhos mal educados, mimados, que incomodam e até agridem estranhos em lugares públicos como ruas, shoppings e supermercados, estão demonstrando a necessidade de uma disciplina bíblica mais rigorosa. É importante lembrar que ninguém ensina uma criança a ser egoísta, ciumenta ou a exibir outros defeitos comuns; elas já nascem com isso, essas atitudes são consequências do pecado. A disciplina, muitas vezes mais rígida, serve para corrigir esses comportamentos e orientar a criança no caminho correto.

Embora o mundo diga que "se você não corrige seu filho, o mundo o corrigirá", isso não é verdade. O mundo não corrige, ele pune, ele faz a criança passar vergonha e pagar caro por comportamentos que não foram corrigidos pelos pais (Provérbios 29:17). Por mais doloroso que seja para os pais, a correção mais severa deve ser aplicada quando necessária, mas não estamos falando de abuso ou espancamento que cause ferimentos graves, a própria escritura é contra esse tipo de disciplina (Provérbios 19:18). Pais que agem dessa forma devem ser responsabilizados. Estamos falando de uma correção bíblica, amorosa e firme.

Eu mesmo já fui corrigido pelos meus pais por comportamentos errados, e não tenho remorso por isso, apenas gratidão por terem tirado de mim a indisciplina desde cedo. A correção, quando feita de forma apropriada, é um ato de amor que traz frutos de sabedoria e bom caráter no futuro (Hebreus 12:11 RA).

“Se vocês suportam a disciplina, Deus os trata como filhos. Pois qual filho não é disciplinado pelo pai?” Hebreus 12:7

A disciplina é apresentada nas Escrituras como uma expressão de amor e cuidado divino, reforçando o papel crucial dos pais na formação do caráter de seus filhos. O próprio livro de Provérbios nos diz:

“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina” (Provérbios 13:24 RA).

Esse versículo ensina que a correção é uma expressão de amor, essencial para orientar as crianças no caminho certo. Não existe um momento específico para iniciar a disciplina; aqueles que verdadeiramente amam seus filhos começam a corrigi-los desde cedo, com o objetivo de moldar seu caráter e conduzi-los à retidão.

Nos tempos bíblicos, a disciplina imposta pelos pais era vista como essencial pela comunidade. Quando o autor do verso falou sobre a importância do amor e da correção (Hebreus 12:7), isso refletia uma sociedade que considerava impensável que os pais deixassem de disciplinar seus filhos. Permitir que eles fizessem tudo o que quisessem sem correção era algo fora da realidade para aquela época.

Na realidade atual, essa visão tem sido deturpada. A correção e a disciplina continuam sendo necessárias, pois ninguém nasce naturalmente disciplinado, educado ou amoroso. Pelo contrário, como resultado do pecado, as pessoas demonstram tendências egoístas, ciumentas e agressivas. Como está escrito:

“A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Provérbios 22:15 RA).

É por meio da disciplina que ensinamos virtudes como generosidade, cortesia e amor. Ninguém precisa ensinar as crianças a serem egoístas ou desobedientes; essas características surgem naturalmente, e cabe aos pais, com sabedoria, corrigir esses comportamentos.

Portanto, é responsabilidade dos pais, com paciência e amor, disciplinar seus filhos, ajudando-os a desenvolverem um caráter que reflita os valores divinos.

 

5.     FILHOS SÃO BÊNÇÃOS E NÃO MALDIÇÃO

“Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão.” (Salmos 127:3 RA)

Este versículo nos lembra que os filhos são um presente divino, uma verdadeira herança e recompensa que Deus concede. O Salmo 127:3 afirma: “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão” (RA), destacando que os filhos são bênçãos vindas diretamente de Deus. Cada novo filho é uma expressão do favor divino na vida dos pais.

Essa compreensão pode nos levar a reconhecer que, quanto mais filhos, mais bênçãos. E de fato, o versículo seguinte complementa essa ideia:

“Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava” (Salmos 127:4-5 RA).

A passagem revela que os filhos trazem alegria, força e felicidade ao lar.

A visão de que os filhos são um "atraso" ou um fardo, algo que consome recursos e rouba a paz, é uma perspectiva mundana e equivocada. Precisamos rejeitar essa ideia. Filhos são, de fato, uma bênção de Deus. Organizar-se para receber essas bênçãos é importante, mas não devemos postergar excessivamente o privilégio de encher a casa com esses presentes divinos, pois cada filho traz consigo o favor e o propósito de Deus.

Gênesis 1:28 – "E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra..."

Desde o início, Deus abençoou a multiplicação dos filhos, o que demonstra a importância de trazer filhos ao mundo.

Salmos 128:3-4 – "Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa. Eis como será abençoado o homem que teme ao Senhor!"

Esse salmo enfatiza a bênção e a alegria que os filhos trazem ao lar, assim como o favor de Deus sobre a família.

Provérbios 17:6 – "A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais."

Esse versículo reforça a ideia de que os filhos são uma herança preciosa, uma verdadeira honra para as gerações.


6.     ENSINE O PORQUÊ DOS RITUAIS E TRADIÇÕES QUE SUA FAMÍLIA PRATICA

“26  Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito é este? 27  Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo se inclinou e adorou.” (Êxodo 12:26-27 RA)

Deus orientou os israelitas a explicar aos filhos o significado da Páscoa, mostrando como rituais e tradições podem ser usados para ensinar sobre os feitos de Deus.

No livro de Êxodo, o Senhor instruiu o povo a celebrar a Páscoa como uma lembrança perpétua de como Ele os libertou da escravidão no Egito. Além de transmitir a história, é importante que os pais entendam profundamente os feitos de Deus para explicá-los com sabedoria aos seus filhos. Dessa forma, quando perguntados por colegas de aula sobre o que é a Páscoa, seus filhos não dirão que se trata de uma data em que um coelho misterioso distribui ovos de chocolate, mas sim que é uma celebração que remonta à libertação do povo de Israel da escravidão no Egito. Eles poderão explicar que, para os cristãos, a Páscoa também representa um momento crucial na fé, pois foi nessa data que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, cumprindo as promessas de Deus e trazendo salvação a todos que creem (Lucas 24:6-7, RA).

Essa orientação também se aplica a outras datas religiosas, como o Natal. Se os pais celebram essas datas, ou qualquer outra, mas não conseguem explicar aos filhos o verdadeiro significado ou o porquê dessas comemorações, é importante reavaliar essa prática. É essencial buscar entendimento para evitar transmitir confusão às crianças, como muitas vezes já ocorre com os próprios pais. Quando você celebra algo, é fundamental saber o que está celebrando; caso contrário, torna-se uma comemoração vazia, uma mera tradição humana que não acrescenta valor à vida da criança.

 

7.     FALE A SEUS FILHOS SOBRE OS FEITOS DE DEUS

“não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez.” (Salmos 78:4 RA)

Este texto reforça a importância de passar a história e os ensinamentos de Deus para as gerações futuras, garantindo que as crianças conheçam as obras do Senhor.

“Tão-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e as farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos.” (Deuteronômio 4:9 RA)

É fundamental que os grandes feitos de Deus sejam transmitidos de geração em geração. Comece relembrando as maravilhas de Sua criação, quando Deus fez o céu, a terra e tudo o que neles há, formando o ser humano à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:1-31; 2:7). Fale de como Ele criou nossos primeiros pais, Adão e Eva, e lhes deu o jardim do Éden para habitarem (Gênesis 2:8-25).

Não deixe de mencionar a arca de Noé e o dilúvio, onde Deus salvou Noé, sua família e os animais, preservando a criação em meio ao julgamento sobre a maldade humana (Gênesis 6:9-22; 7:1-24). Depois, fale sobre a libertação do povo de Israel do Egito, quando Deus, por meio de Moisés, enviou as pragas e abriu o Mar Vermelho para que o povo passasse em segurança, enquanto os exércitos egípcios foram submersos nas águas (Êxodo 7:14-25; 14:21-31).

Outro grande feito foi a conquista de Jericó, quando Deus derrubou as muralhas daquela cidade, entregando-a nas mãos dos israelitas, após marcharem ao redor dela por sete dias (Josué 6:1-20).

Além desses eventos, mencione a provisão de Deus no deserto, quando Ele alimentou o povo com maná do céu e fez sair água da rocha (Êxodo 16:4-35; Números 20:7-11).

No Novo Testamento, Deus continuou a realizar feitos extraordinários, como quando ressuscitou mortos, como Lázaro (João 11:1-44), ou quando enviou o Espírito Santo no Pentecostes, capacitando os apóstolos a pregarem o evangelho com poder e sinais (Atos 2:1-4). Entre esses sinais, destacam-se milagres como a cura do coxo por Pedro na porta do templo, que imediatamente começou a andar (Atos 3:1-10), a sombra de Pedro curando enfermos nas ruas (Atos 5:15-16), e a ressurreição de Êutico, trazido de volta à vida por Paulo após cair de uma janela (Atos 20:9-12). Além disso, Paulo curou um homem paralítico em Listra, que nunca havia andado, e ele saltou de alegria (Atos 14:8-10).

Os próprios milagres de Jesus também são exemplos poderosos das obras divinas no Novo Testamento. Ele caminhou sobre as águas (Mateus 14:25-27), multiplicou os pães e os peixes para alimentar uma grande multidão (Mateus 14:15-21), transformou água em vinho em um casamento em Caná (João 2:1-11), acalmou tempestades com uma simples palavra (Marcos 4:39) e ressuscitou pessoas, como o filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-17) e Jairo, o chefe da sinagoga (Marcos 5:35-42).

Por fim, o maior de todos os feitos de Deus foi enviar Seu Filho, Jesus Cristo, ao mundo para salvar a humanidade. Jesus, o Cordeiro de Deus, ofereceu-se em sacrifício pelos pecados de todos nós, morrendo na cruz e ressuscitando ao terceiro dia, garantindo a vitória sobre a morte e o pecado (João 3:16; Romanos 5:8; 1 Coríntios 15:3-4).

 

8.     USE TODA A ESCRITURA PARA ENSINAR SEUS FILHOS

“14  Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15  e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16  Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17  a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3:14-17 RA)

Paulo lembra a Timóteo que ele foi instruído nas Escrituras desde a infância, o que o preparou para a fé em Jesus (2 Timóteo 3:15). Esse exemplo reforça o valor de ensinar a Palavra de Deus às crianças desde cedo. Timóteo foi salvo pela fé, e seu conhecimento das Escrituras, mesmo que se limitasse ao Antigo Testamento, foi suficiente para guiá-lo à verdade de Cristo. Isso refuta a ideia de que devemos ensinar apenas o Novo Testamento às crianças, como alguns pais acreditam, sob o argumento de que estamos agora sob a nova aliança.

Embora esses pais tenham parcialmente razão, reconhecendo que a nova aliança traz uma nova motivação para a obediência, o Antigo Testamento continua sendo vital. A Lei ainda desempenha um papel importante ao definir o que é certo e errado, mas a graça de Deus transforma nossa motivação para obedecer. Ensinar os filhos a obedecer a Deus por amor e gratidão, em vez de apenas por medo do castigo, é um dos maiores desafios, mas também um dos maiores frutos da graça.

Como está escrito:

"No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo" (1 João 4:18).

Pais que vivem sob a graça de Deus devem ser exemplos vivos de como essa graça transforma nossas vidas. Demonstrar perdão, paciência e bondade, mesmo diante dos erros dos filhos, é essencial. Isso cria um ambiente em que os filhos não apenas aprendem sobre regras, mas também experimentam o amor incondicional de Deus (Efésios 4:32).

A disciplina, por sua vez, é necessária, mas deve ser redentiva. O objetivo não é apenas corrigir o erro, mas também restaurar a criança e guiá-la a uma compreensão mais profunda da graça de Deus. A correção deve sempre apontar para a cruz, onde a justiça e a misericórdia de Deus se encontram. Quando corrigir um filho, explique que Deus também nos disciplina por amor (Hebreus 12:6) e que, por meio de Cristo, Ele nos oferece perdão. Encoraje a criança a buscar o arrependimento e a reconhecer a graça de Deus, que nos ajuda a crescer em maturidade espiritual.

 

Conclusão

A educação cristã dos filhos não é uma tarefa opcional, mas um chamado divino para os pais. Ao longo das Escrituras, vemos que Deus espera que os pais não apenas ensinem, mas vivam o evangelho diante de seus filhos, oferecendo um exemplo prático de fé, amor e disciplina. A responsabilidade de orientar a criança no caminho que deve andar (Provérbios 22:6) e de falar constantemente sobre Deus (Deuteronômio 6:7) é um investimento eterno na vida espiritual dos filhos. Quando os pais cumprem esse papel, não só fortalecem a fé das crianças, mas contribuem para a continuidade do evangelho por meio das próximas gerações, formando discípulos que seguirão a Cristo com convicção e amor. Que a educação dos filhos na fé seja sempre fundamentada nas Escrituras, para que eles cresçam como flechas nas mãos de guerreiros (Salmos 127:4), prontos para servir ao Senhor e honrar Seus caminhos.

O que é a Apresentação de Crianças na Igreja?

A prática de apresentar crianças recém-nascidas na igreja é uma tradição cristã que envolve os pais trazendo seus filhos diante da congregação para serem dedicados a Deus. Esse ato simbólico é uma forma de os pais reconhecerem que seus filhos são um presente divino e se comprometerem publicamente a criá-los segundo os princípios cristãos. A apresentação também inclui orações pela criança e pela família, bem como a bênção de Deus sobre a vida do recém-nascido.

Origem Histórica da Prática

A prática de apresentar crianças na igreja possivelmente se originou após a Reforma Protestante, quando grupos que rejeitaram o batismo infantil começaram a adotar essa cerimônia como uma alternativa. Diferente do batismo pelas águas em bebês, a apresentação de crianças não tem o mesmo significado sacramental, mas serve como um ato simbólico de consagração e compromisso, tanto por parte dos pais quanto da comunidade de fé.

No surgimento da Igreja, após o Pentecostes, não há referências bíblicas sobre consagrar ou apresentar publicamente as crianças a Deus. A prática, como é vista hoje, desenvolveu-se posteriormente, principalmente como resposta pastoral às necessidades espirituais das famílias.

Versos Bíblicos que Fundamentam a Prática

A prática de apresentar crianças na igreja é baseada em algumas passagens bíblicas, como:

  • Jesus sendo Apresentado no Templo: Em Lucas 2:22-24, Maria e José levaram Jesus ao templo em Jerusalém para ser apresentado ao Senhor, em obediência à Lei de Moisés, que exigia a consagração dos primogênitos (Êxodo 13:2).
  • Ana Consagra Samuel ao Senhor: Em 1 Samuel 1:27-28, Ana, que havia prometido dedicar seu filho ao Senhor se Deus lhe concedesse um, cumpre seu voto ao trazer Samuel ao templo para ser consagrado ao Senhor. Essa passagem também é frequentemente usada como base para a prática de consagrar ou apresentar crianças a Deus.
  • As Crianças sendo Abençoadas por Jesus: Em Marcos 10:13-16, pais trazem suas crianças a Jesus para que Ele as abençoe. Jesus acolhe as crianças e as abençoa, ressaltando a importância delas no Reino de Deus.

A Prática de Apresentar Crianças Não é uma Regra

É importante destacar que a prática de apresentar crianças na igreja não é uma regra estabelecida nas Escrituras. As referências bíblicas usadas para fundamentar essa prática foram específicas para ocasiões e contextos particulares:

  • Samuel: Ana consagrou Samuel ao Senhor como cumprimento de um voto pessoal (1 Samuel 1:11, 1:27-28).
  • Jesus: Foi apresentado no templo como parte do cumprimento da Lei Mosaica (Lucas 2:22-24).

Além disso, existem vários exemplos bíblicos de consagrações que não foram realizadas publicamente, mas de forma particular, em que o próprio Deus consagrava a criança ainda no ventre de sua mãe, sem nem mesmo ter o consentimento dos pais. Um exemplo notável é o de Jeremias, que foi consagrado profeta ainda no ventre de sua mãe (Jeremias 1:5). Outro exemplo é o de Sansão, que foi consagrado nazireu desde o ventre, sem a presença de uma cerimônia pública (Juízes 13:3-5).

A Validade da Apresentação de Crianças na Igreja

Para os pais que desejam realizar essa cerimônia, a prática de apresentar crianças é válida e significativa, especialmente se baseada na passagem em que as crianças são levadas a Jesus para serem abençoadas (Marcos 10:13-16). Embora a prática não seja uma exigência bíblica, pois a criança pode ser abençoada por Jesus estando apenas entre os pais, mas a prática pode ser uma expressão e um testemunho a igreja de genuína fé e um compromisso sério dos pais de criar seus filhos nos caminhos do Senhor (Efésios 6:4).

Aplicação Prática na Cerimônia de Apresentação

Durante a cerimônia de apresentação dos filhos na igreja, é comum que os pais reafirmem seu compromisso com a educação cristã dos seus filhos. Utilizando esses versículos, a igreja pode enfatizar a importância de:

  • Estabelecer uma base sólida de fé desde cedo, conforme Provérbios 22:6 e Deuteronômio 6:6-7.
  • Criar um ambiente familiar de amor e disciplina equilibrada, conforme Efésios 6:4 e Colossenses 3:21.
  • Reconhecer os filhos como bênçãos divinas, conforme Salmos 127:3.
  • Praticar a disciplina com amor e propósito, conforme Provérbios 13:24, Hebreus 12:7 e Provérbios 29:17.

Essas orientações bíblicas servem como pilares para que os pais desempenhem seu papel de forma eficaz, guiando seus filhos no caminho da fé e preparando-os para uma vida alinhada com os ensinamentos de Cristo.

Para saber mais sobre como educar seus filhos no caminho do Senhor, leia o estudo Base Bíblica para a Educação Cristã dos Filhos.

Conclusão

A prática de apresentar crianças na igreja é um ato simbólico que reflete o desejo dos pais de dedicar seus filhos a Deus e de receber a bênção divina sobre eles. Embora não seja uma regra ou mandamento bíblico, a apresentação é uma oportunidade para a comunidade de fé se unir em oração e apoio à família, ajudando-a na tarefa de criar a criança segundo os princípios cristãos. A igreja e os familiares desempenham um papel crucial nesse processo, apoiando, orando e ensinando a criança a trilhar o caminho do Senhor.