sexta-feira, 30 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (8:9-13)

Transformação Interior: O Desafio de Simão e o Significado do Batismo

9  Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto;

Naquela época, havia um homem chamado Simão, um nome bastante comum. Ele praticava o ilusionismo, enganando o povo com seus truques. Simão se considerava alguém importante, mas Cristo nos ensina sobre o poder da humildade e o perigo da vaidade:

"Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado" (Lucas 18:9-14 RA).

Jesus nos amou primeiro. Ele não nos ama somente agora, após sermos salvos por Ele, mas já nos amava quando estávamos sujos pelo pecado. O fato de sermos amados por Ele não nos torna superiores àqueles que ainda não O aceitaram como único e suficiente Salvador. Nosso Senhor Jesus sempre nos ensinou a manter a humildade e a considerar o próximo como superior a si mesmo. Assim, manteremos uma humildade unânime entre os irmãos, onde todos se consideram amados por Deus, mas não o preferido. Este é Jesus, por quem tudo foi feito. Deus amou o mundo de tal maneira que entregou Seu Filho por nós. O texto diz que Ele nos amou de tal maneira que fez esse sacrifício, não que nos amou de forma igual ou até mesmo superior a Jesus Cristo, mas de tal maneira que nos salvou através do sacrifício Dele (João 3:16 RA).

10  ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder.

Vejam como é fácil enganar aqueles que desconhecem ou conhecem pouco das Escrituras Sagradas. Todos ali, do mais novo ao mais velho, do mais humilde ao mais rico, do mais fraco ao mais forte, acreditavam que ele era alguém enviado por Deus. Vamos explorar um pouco mais sobre os falsos mestres:

“17 ¶ Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, 18 porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas (bajulação), enganam o coração dos incautos (ingênuo, pouco conhecimento bíblico). 19 Pois a vossa obediência é conhecida por todos; por isso, me alegro a vosso respeito; e quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal. E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.”

(Romanos 16:17-20 RA)

A ideia central aqui é que os crentes devem ser habilidosos e inteligentes ao praticar o bem, agindo com sabedoria, discernimento e prudência. Eles devem buscar ativamente fazer o que é bom e correto aos olhos de Deus e dos homens (Romanos 12:17 RA). No entanto, em relação ao mal, devem ser inocentes, não permitindo que a malícia, a astúcia ou a corrupção entrem em seus corações (Mateus 10:16 RA). Devem evitar a malícia, a enganação e a manipulação, mantendo uma simplicidade e pureza de coração, longe das armadilhas do mal. Portanto, a exortação de Paulo é para que sejam prudentes ao praticar o bem e simples em relação ao mal, mantendo uma postura de integridade e pureza (Romanos 16:19 RA).

As doutrinas ensinadas através do evangelho vão além das principais, como a salvação pela fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8-9 RA), a ressurreição (1 Coríntios 15:3-4 RA) e a autoridade das Escrituras Sagradas (2 Timóteo 3:16 RA). A principal doutrina, a justificação pela fé (Romanos 5:1 RA), é o fundamento da nossa relação com Deus. No entanto, o evangelho também nos ensina sobre a importância de escolher líderes sábios e tementes a Deus na igreja (1 Timóteo 3:1-7 RA), como esses líderes devem se comportar (Tito 1:7-9 RA) e como a igreja deve participar de escolhas importantes para manter a unidade e a santidade do corpo de Cristo (Atos 6:3-6 RA).

Esses ensinamentos são fundamentais para proteger a igreja dos falsos mestres, que muitas vezes se infiltram com ensinamentos enganosos e distorcidos. Como Paulo adverte, esses falsos mestres podem parecer piedosos, mas na verdade são "lobos vorazes" (Mateus 7:15 RA). Portanto, a sabedoria ao fazer o bem, a simplicidade ao evitar o mal, e a firmeza na doutrina são essenciais para discernir e resistir às influências corruptas, mantendo a pureza e a integridade da fé cristã.

 11  Aderiam a ele porque havia muito os iludira com mágicas.

Todos davam ouvidos a ele, pois, por muito tempo, esse ilusionista os assombrava, aterrorizava e causava espanto com seus números de mágica (Atos 8:9-11 RA).

No entanto, o reino de Deus não é um espetáculo, onde buscamos a Deus apenas para ter alguma experiência impactante, seja por causa de uma boa banda de música ou de algum show pirotécnico. O local de culto a Deus é exclusivamente para adorar e louvar ao Senhor, não para exaltar homens. O culto não é o lugar para palestras de autoajuda; tudo isso pode ser útil, mas não é o propósito do culto. O culto a Deus é um momento de oração e adoração genuína ao Criador, como Jesus disse: "Meu Pai é adorado em espírito e em verdade" (João 4:23-24 RA).

Portanto, devemos ter cuidado para não transformar o culto a Deus em algo que ele não é, lembrando sempre que a adoração deve ser centrada em Deus e não em entretenimento ou nas necessidades humanas.

12  Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres.

Então, Filipe, um dos diáconos escolhidos pelos apóstolos, e um dos poucos que compreenderam que a mensagem de Deus não era apenas para os judeus, apresentou a boa nova a essas pessoas. Elas receberam com simpatia o evangelho que ele pregava e foram sendo batizadas (Atos 8:5-6, 12 RA). Esse batismo era, de fato, o batismo nas águas. E por que faziam isso? Porque Jesus ordenou: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mateus 28:19-20 RA). Contudo, era ainda o início da igreja, e essa questão não estava completamente resolvida.

Sabemos que o batismo era um símbolo, um testemunho público de que a pessoa estava arrependida de seus pecados. Vamos analisar essa questão do batismo mais profundamente. Um dos argumentos usados por aqueles que creem que o batismo nas águas é essencial para a salvação é a passagem em que Jesus fala sobre a necessidade de nascer da água e do Espírito:

"Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus" (João 3:5 RA).

No entanto, podemos compreender melhor essa passagem ao considerarmos o encontro de Jesus com a mulher samaritana, onde Ele disse:

"Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna" (João 4:13-14 RA).

A expressão "nascer da água" pode ser entendida, em outras palavras, como uma transformação em Cristo Jesus, que é a água viva. A "água viva" que Jesus oferece simboliza a salvação e a graça de Deus. Ele explica que aqueles que aceitam e recebem Sua mensagem terão suas necessidades espirituais plenamente satisfeitas. Assim como a água física é vital para sustentar a vida, a "água viva" de Jesus é essencial para sustentar a vida espiritual e proporcionar uma conexão eterna com Deus.

Além disso, quando Jesus diz que essa água se tornará "uma fonte a jorrar para a vida eterna", Ele está falando sobre uma transformação interior. Aqueles que bebem dessa água, ou seja, aqueles que creem nEle e aceitam Seu ensinamento, experimentarão uma vida espiritual abundante e eterna, representada pela imagem de uma fonte jorrando.

Na Bíblia, vemos várias passagens onde Jesus perdoa pecados e declara que a fé da pessoa a salvou, sem cerimônias ou batismos nas águas (Lucas 7:50 RA; Lucas 23:42-43 RA; João 4:39-42 RA; Lucas 19:9 RA). Esses exemplos mostram que o batismo nas águas é simbólico, mas não essencial para a salvação. O ladrão na cruz, a mulher samaritana, Zaqueu, e a mulher que lavou os pés de Jesus são todos exemplos de pessoas salvas pela fé, sem o batismo nas águas.

É importante notar que o batismo nas águas ficou associado a João Batista, cujo batismo era para arrependimento, mas não tinha o poder de salvar (Mateus 3:11 RA). Após João, o batismo verdadeiro é o batismo com o Espírito Santo, como Jesus ensinou:

"Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mateus 3:11 RA).

Em Atos, Jesus também reforça essa mudança:

"Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo" (Atos 1:5 RA).

Portanto, o batismo com água era um símbolo de arrependimento, mas o verdadeiro poder de salvação está em Jesus Cristo, que nos batiza com o Espírito Santo. Hoje, o batismo ainda faz parte do processo de salvação, como um testemunho público de fé e arrependimento, mas é o batismo pelo Espírito Santo que nos une a Cristo de forma permanente. Quem se lava nas águas pode se sujar novamente, mas quem é batizado pelo Espírito Santo permanece com Jesus para sempre.

13  O próprio Simão abraçou a fé; e, tendo sido batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados.

Veja só, Simão abraçou a fé. Isso significa que ele aceitou o que Filipe dizia, acreditando que suas palavras eram verdadeiras. Simão até mesmo foi batizado. No entanto, embora tenha recebido o batismo nas águas, é importante destacar que, naquele momento, o entendimento sobre o verdadeiro significado do batismo e sua relação com a transformação interior ainda não estava completamente desenvolvido na igreja. Simão foi batizado, mas não necessariamente compreendeu ou vivenciou a profundidade da conversão genuína que o batismo simboliza.

Simão acompanhava Filipe e, com espanto, maravilhava-se pelos grandes sinais e milagres que ele realizava. Os "sinais" referem-se à pregação de Filipe e às confirmações que Deus dava, testemunhando que a mensagem era verdadeira (Hebreus 2:4 RA). Já os "milagres" eram aqueles eventos sobrenaturais e inexplicáveis, como a cura de um aleijado de nascença, de cegos, surdos, mudos, e até de pessoas possuídas por demônios. Essas eram evidências concretas de que Deus estava com Filipe, confirmando a autenticidade do evangelho que ele pregava (Atos 8:6-7 RA).

É interessante notar que, embora Simão estivesse impressionado com o poder que via em ação, sua fé parecia estar mais ligada aos fenômenos extraordinários do que à mensagem do evangelho em si. Como muitos naquela época e até hoje, Simão parecia mais atraído pelo poder visível e tangível dos milagres do que pela essência transformadora da fé em Cristo. Isso nos leva a refletir sobre a natureza da fé genuína, que deve ser fundamentada não apenas em sinais externos, mas em uma transformação interna profunda e verdadeira.

Esse ponto fica ainda mais evidente quando consideramos o episódio posterior, em que Simão tentou comprar o poder do Espírito Santo dos apóstolos Pedro e João, oferecendo-lhes dinheiro (Atos 8:18-19 RA). Sua atitude revelava que, apesar do batismo, seu coração não havia sido verdadeiramente transformado; ele ainda nutria pensamentos mundanos e avarentos, acreditando que o dom de Deus poderia ser adquirido por meios terrenos. Pedro o repreendeu severamente, dizendo:

"O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir por meio dele o dom de Deus! Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus" (Atos 8:20-21 RA).

Esse episódio serve como um alerta para nós, mostrando que o batismo nas águas é, de fato, um símbolo público de arrependimento e fé, mas não garante, por si só, uma transformação genuína. A verdadeira mudança vem do batismo com o Espírito Santo, que purifica e transforma o coração (Atos 1:5 RA). A atitude de Simão nos lembra que é possível participar dos rituais externos da fé sem experimentar a verdadeira conversão interna que Cristo requer.

Jesus advertiu sobre aqueles que buscam sinais e maravilhas, ressaltando que a fé genuína deve estar enraizada na Palavra de Deus e em um relacionamento autêntico com Ele (Mateus 12:39 RA). A verdadeira fé deve transcender o fascínio pelo extraordinário e buscar uma comunhão íntima e contínua com Deus, marcada pela obediência e transformação de vida.

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