segunda-feira, 5 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (6:8-15)

Estêvão: Um Homem Cheio de Graça e Poder

8 ¶ Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.

Estevão era cheio da graça de Deus, ou seja, ele sabia que o que reinava sobre ele não era a lei, mas sim a misericórdia de Deus, a bondade e o sacrifício de Jesus na cruz, que o motivava e o mantinha cheio da graça de Deus (Atos 6:8). Era o Espírito Santo que o mantinha cheio de poder, permitindo-lhe realizar grandes prodígios e sinais, duas coisas distintas, assim como graça e poder são dois adjetivos diferentes. Prodígios e sinais eram também duas ações diferentes.

Apesar de parecerem iguais, sinais e prodígios são distintos entre si. Podemos comparar sinais com o que aconteceu com Moisés antes do Mar Vermelho se abrir. Os israelitas tinham os “sinais” de que Deus estava com eles, indo à frente deles através de uma coluna de fumaça; à noite, essa mesma coluna de fumaça acendia e os iluminava (Êxodo 13:21-22). O prodígio aconteceu nessa ocasião quando Deus, através de Moisés, abriu o Mar Vermelho (Êxodo 14:21-22). Prodígio é tudo aquilo que desafia as leis da física e possui conotação espiritual.

No caso de Estevão, sinais o acompanhavam através de sua pregação e de seus testemunhos. Esses eram os sinais que ele dava a todos de que possuía o Espírito Santo e testemunhava com autoridade a ressurreição do Messias. Os prodígios estavam relacionados com os milagres que ele realizava, certamente os mesmos que os apóstolos estavam fazendo, como curar coxos, leprosos, cegos e todo tipo de milagre (Atos 6:8).

9  Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e Ásia, e discutiam com Estêvão;

Sinagogas eram casas de oração, lugares onde se liam as escrituras e se orava. Adultos e crianças eram espectadores daqueles que os ensinavam sobre os livros antigos. Esse tipo de culto é adotado até hoje por nós, cristãos, onde nos reunimos em um templo para meditar nas escrituras sagradas, cultuar a Deus e orar.

Em Roma, existiam judeus que nasceram livres e judeus que, uma vez escravizados pelos romanos por um determinado líder, foram libertos. Esses judeus “Libertos” foram separados por essa definição e construíram, por conta própria, suas sinagogas. Outros grupos também se reuniram todos para discutir com Estevão sobre o que ele estava pregando. Eram pessoas de Cirene, de Alexandria, da Cilícia e da Ásia. Não todos os asiáticos, mas especificamente aqueles que hoje conhecemos como turcos, ou seja, da Turquia (Atos 6:9).

10  e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava.

Percebam quantos homens de vários lugares diferentes e nenhum deles foi capaz de vencer a sabedoria que Estevão pregava. Detalhe: se fosse a sabedoria dele, certamente seria contrariada por algumas dessas pessoas, mas era a sabedoria do Espírito Santo, e essa é invencível (Atos 6:10).

11  Então, subornaram homens que dissessem: Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus.

Como não venceram no argumento, apelaram para a mentira, subornando homens para mentir. Veja como eram cegos: não acreditavam que Jesus era o Messias e consideravam o que Estevão falava como mentira e blasfêmia. Contudo, usaram a própria mentira para, no final, eliminar aquele que pregava sobre Jesus. Usaram a mentira para combater a "mentira", hipócritas. Tudo isso porque não venceram no argumento, devido ao ego e à vaidade. Se não fosse isso, simplesmente não aceitariam e continuariam com suas vidas. Mas foram contrariados e desmascarados perante o povo. Sua vaidade não permitia sofrer tal ofensa, e fariam qualquer coisa para eliminar aquele que os contrariasse (Atos 6:11-14).

12  Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio.

Através desse suborno, eles incitaram o povo, comoveram e agitaram a multidão. Anciãos, que eram pessoas mais velhas e membros do sinédrio selecionados entre os mais velhos, foram envolvidos. Na igreja, as lideranças também eram escolhidas entre os mais velhos.

Os escribas, responsáveis por copiar e interpretar a lei de Deus, foram os mais presentes na perseguição aos cristãos, à igreja e até mesmo na morte de Cristo. Eles foram diretamente afrontados por Jesus por terem criado leis como a conhecida “Lei dos Anciãos”, que continha muitas regras que causavam fardos pesados ao povo. Regras como lavar copos, lavar as mãos antes de comer e até a desobrigação de honrar pai e mãe foram criações deles. Eles diziam que se alguma oferta fosse dedicada a Deus, não precisariam usar essa oferta para ajudar seus pais, algo totalmente contrário ao que Jesus ensinava (Mateus 15:1-9; Marcos 7:1-13).

Todo o povo foi ao sinédrio, o mais alto tribunal dos judeus. É como se hoje algum protestante fosse levado até Roma para ser julgado pelo Papa por condenar a idolatria a santos e pessoas que já morreram (Atos 6:12).

13  Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei;

Usaram da mentira para combater o que para eles era alguém que mentia. Essa hipocrisia é facilmente observada nos dias atuais, especialmente na política, onde vemos pessoas acusando outras de fazerem aquilo que elas próprias praticam. Apesar dessas testemunhas falsas acusarem Estevão de ser contra tudo isso, ele, movido pelo Espírito Santo, fez um discurso de defesa brilhante, esclarecendo tudo. No entanto, mesmo sendo movido pelo Espírito Santo, sua pregação não foi capaz de salvar ninguém ali, e, de forma unânime, tiraram a vida dele (Atos 6:11-14; Atos 7:51-60).

14  porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu.

E isso não é uma mentira; é verdade quando dizem que Jesus mudará os costumes. O que não enxergavam é que até mesmo os seus costumes já não eram mais os mesmos que Moisés ensinou inicialmente. Eles já haviam criado muitas outras regras e leis que nem mesmo eles conseguiam cumprir e, pior, cobravam do povo o cumprimento dessas regras (Mateus 23:1-4).

A tal lei que eles se negavam a abandonar torna cada um de nós malditos perante Deus, pois não conseguimos cumpri-la (Gálatas 3:10). Mas Jesus a cumpriu, Jesus venceu a lei, e hoje, a antiga lei ou a antiga aliança não faz mais parte do plano de Deus. A nova aliança estabelecida agora chama-se graça (Romanos 6:14). Se alguém que não é judeu quiser ainda seguir a antiga aliança, deve fazê-lo de forma correta e de forma que os judeus o aceitem. Se for homem, o primeiro passo é se circuncidar e depois obedecer às outras mais de 600 leis (Gálatas 5:3).

Devemos entender que não somos judeus; a aliança antiga não foi feita para estrangeiros, mas para o povo de Deus, que Ele no princípio escolheu para ser Seu povo. Mas, graças ao tropeço que esse povo cometeu, Deus permitiu que Sua misericórdia fosse derramada sobre o restante do mundo (Romanos 11:11-12).

Todos que querem participar da nova aliança e ser parte do povo de Deus não precisam se circuncidar e praticar todas as antigas práticas já abolidas da lei. Basta apenas, com fé, confessar que Jesus é seu Senhor, arrepender-se de seus pecados, e o Espírito de Jesus batizará e o tomará para Ele. Nada e ninguém poderá arrebatar essa pessoa das mãos do Senhor (Romanos 10:9-10; João 10:28-29).

15  Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo.” (Atos 6:1-15 RA)

Todos aqueles que estavam assentados no Sinédrio eram homens com autoridade espiritual e judicial de seu povo. O fato de estarem fitando os olhos em Estêvão destaca que estavam prestando atenção em toda e qualquer palavra que ele dizia, procurando alguma coisa para que pudessem condená-lo. Mas ao prestarem atenção em Estêvão, notaram algo diferente em seu rosto, e o descreveram como se fosse o rosto de um anjo (Atos 6:15).

Essa forma de expressão pode ser para destacar a autoridade, calma, paz e domínio que Estêvão tinha em suas palavras, testificando que ele estava cheio do Espírito Santo e que suas palavras vinham de Deus (Atos 6:5, 10). Assim como aconteceu com Moisés, cujo rosto brilhava quando Deus falava com ele (Êxodo 34:29-35), o rosto de Estêvão poderia da mesma forma transparecer esse brilho, testificando que o seu testemunho vinha da parte de Deus e que ele estava movido e cheio do Espírito Santo (Atos 7:55).

Você pode estudar aqui um pouco mais sobre anjos, um resumo geral sobre esses seres.

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