Estêvão: Um Homem Cheio de Graça e Poder
8 ¶ Estêvão, cheio de graça e
poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
Estevão era cheio da
graça de Deus, ou seja, ele sabia que o que reinava sobre ele não era a lei,
mas sim a misericórdia de Deus, a bondade e o sacrifício de Jesus na cruz, que
o motivava e o mantinha cheio da graça de Deus (Atos 6:8). Era o Espírito Santo
que o mantinha cheio de poder, permitindo-lhe realizar grandes prodígios e
sinais, duas coisas distintas, assim como graça e poder são dois adjetivos
diferentes. Prodígios e sinais eram também duas ações diferentes.
Apesar de parecerem
iguais, sinais e prodígios são distintos entre si. Podemos comparar sinais com
o que aconteceu com Moisés antes do Mar Vermelho se abrir. Os israelitas tinham
os “sinais” de que Deus estava com eles, indo à frente deles através de uma
coluna de fumaça; à noite, essa mesma coluna de fumaça acendia e os iluminava
(Êxodo 13:21-22). O prodígio aconteceu nessa ocasião quando Deus, através de
Moisés, abriu o Mar Vermelho (Êxodo 14:21-22). Prodígio é tudo aquilo que
desafia as leis da física e possui conotação espiritual.
No caso de Estevão,
sinais o acompanhavam através de sua pregação e de seus testemunhos. Esses eram
os sinais que ele dava a todos de que possuía o Espírito Santo e testemunhava
com autoridade a ressurreição do Messias. Os prodígios estavam relacionados com
os milagres que ele realizava, certamente os mesmos que os apóstolos estavam
fazendo, como curar coxos, leprosos, cegos e todo tipo de milagre (Atos 6:8).
9 Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da
sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia
e Ásia, e discutiam com Estêvão;
Sinagogas eram casas
de oração, lugares onde se liam as escrituras e se orava. Adultos e crianças
eram espectadores daqueles que os ensinavam sobre os livros antigos. Esse tipo
de culto é adotado até hoje por nós, cristãos, onde nos reunimos em um templo
para meditar nas escrituras sagradas, cultuar a Deus e orar.
Em Roma, existiam
judeus que nasceram livres e judeus que, uma vez escravizados pelos romanos por
um determinado líder, foram libertos. Esses judeus “Libertos” foram separados
por essa definição e construíram, por conta própria, suas sinagogas. Outros grupos
também se reuniram todos para discutir com Estevão sobre o que ele estava
pregando. Eram pessoas de Cirene, de Alexandria, da Cilícia e da Ásia. Não
todos os asiáticos, mas especificamente aqueles que hoje conhecemos como
turcos, ou seja, da Turquia (Atos 6:9).
10 e não podiam resistir à sabedoria e ao
Espírito, pelo qual ele falava.
Percebam quantos
homens de vários lugares diferentes e nenhum deles foi capaz de vencer a
sabedoria que Estevão pregava. Detalhe: se fosse a sabedoria dele, certamente
seria contrariada por algumas dessas pessoas, mas era a sabedoria do Espírito
Santo, e essa é invencível (Atos 6:10).
11 Então, subornaram homens que dissessem: Temos
ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus.
Como não venceram no
argumento, apelaram para a mentira, subornando homens para mentir. Veja como
eram cegos: não acreditavam que Jesus era o Messias e consideravam o que
Estevão falava como mentira e blasfêmia. Contudo, usaram a própria mentira
para, no final, eliminar aquele que pregava sobre Jesus. Usaram a mentira para
combater a "mentira", hipócritas. Tudo isso porque não venceram no
argumento, devido ao ego e à vaidade. Se não fosse isso, simplesmente não
aceitariam e continuariam com suas vidas. Mas foram contrariados e
desmascarados perante o povo. Sua vaidade não permitia sofrer tal ofensa, e
fariam qualquer coisa para eliminar aquele que os contrariasse (Atos 6:11-14).
12 Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas
e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio.
Através desse
suborno, eles incitaram o povo, comoveram e agitaram a multidão. Anciãos, que
eram pessoas mais velhas e membros do sinédrio selecionados entre os mais
velhos, foram envolvidos. Na igreja, as lideranças também eram escolhidas entre
os mais velhos.
Os escribas,
responsáveis por copiar e interpretar a lei de Deus, foram os mais presentes na
perseguição aos cristãos, à igreja e até mesmo na morte de Cristo. Eles foram
diretamente afrontados por Jesus por terem criado leis como a conhecida “Lei dos
Anciãos”, que continha muitas regras que causavam fardos pesados ao povo.
Regras como lavar copos, lavar as mãos antes de comer e até a desobrigação de
honrar pai e mãe foram criações deles. Eles diziam que se alguma oferta fosse
dedicada a Deus, não precisariam usar essa oferta para ajudar seus pais, algo
totalmente contrário ao que Jesus ensinava (Mateus 15:1-9; Marcos 7:1-13).
Todo o povo foi ao
sinédrio, o mais alto tribunal dos judeus. É como se hoje algum protestante
fosse levado até Roma para ser julgado pelo Papa por condenar a idolatria a
santos e pessoas que já morreram (Atos 6:12).
13 Apresentaram testemunhas falsas, que
depuseram: Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei;
Usaram da mentira
para combater o que para eles era alguém que mentia. Essa hipocrisia é
facilmente observada nos dias atuais, especialmente na política, onde vemos
pessoas acusando outras de fazerem aquilo que elas próprias praticam. Apesar
dessas testemunhas falsas acusarem Estevão de ser contra tudo isso, ele, movido
pelo Espírito Santo, fez um discurso de defesa brilhante, esclarecendo tudo. No
entanto, mesmo sendo movido pelo Espírito Santo, sua pregação não foi capaz de
salvar ninguém ali, e, de forma unânime, tiraram a vida dele (Atos 6:11-14;
Atos 7:51-60).
14 porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o
Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu.
E isso não é uma
mentira; é verdade quando dizem que Jesus mudará os costumes. O que não
enxergavam é que até mesmo os seus costumes já não eram mais os mesmos que
Moisés ensinou inicialmente. Eles já haviam criado muitas outras regras e leis
que nem mesmo eles conseguiam cumprir e, pior, cobravam do povo o cumprimento
dessas regras (Mateus 23:1-4).
A tal lei que eles
se negavam a abandonar torna cada um de nós malditos perante Deus, pois não
conseguimos cumpri-la (Gálatas 3:10). Mas Jesus a cumpriu, Jesus venceu a lei,
e hoje, a antiga lei ou a antiga aliança não faz mais parte do plano de Deus. A
nova aliança estabelecida agora chama-se graça (Romanos 6:14). Se alguém que
não é judeu quiser ainda seguir a antiga aliança, deve fazê-lo de forma correta
e de forma que os judeus o aceitem. Se for homem, o primeiro passo é se
circuncidar e depois obedecer às outras mais de 600 leis (Gálatas 5:3).
Devemos entender que
não somos judeus; a aliança antiga não foi feita para estrangeiros, mas para o
povo de Deus, que Ele no princípio escolheu para ser Seu povo. Mas, graças ao
tropeço que esse povo cometeu, Deus permitiu que Sua misericórdia fosse
derramada sobre o restante do mundo (Romanos 11:11-12).
Todos que querem
participar da nova aliança e ser parte do povo de Deus não precisam se
circuncidar e praticar todas as antigas práticas já abolidas da lei. Basta
apenas, com fé, confessar que Jesus é seu Senhor, arrepender-se de seus
pecados, e o Espírito de Jesus batizará e o tomará para Ele. Nada e ninguém
poderá arrebatar essa pessoa das mãos do Senhor (Romanos 10:9-10; João
10:28-29).
15 Todos os que estavam assentados no Sinédrio,
fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo.”
(Atos 6:1-15 RA)
Todos aqueles que
estavam assentados no Sinédrio eram homens com autoridade espiritual e judicial
de seu povo. O fato de estarem fitando os olhos em Estêvão destaca que estavam
prestando atenção em toda e qualquer palavra que ele dizia, procurando alguma
coisa para que pudessem condená-lo. Mas ao prestarem atenção em Estêvão,
notaram algo diferente em seu rosto, e o descreveram como se fosse o rosto de
um anjo (Atos 6:15).
Essa forma de
expressão pode ser para destacar a autoridade, calma, paz e domínio que Estêvão
tinha em suas palavras, testificando que ele estava cheio do Espírito Santo e
que suas palavras vinham de Deus (Atos 6:5, 10). Assim como aconteceu com
Moisés, cujo rosto brilhava quando Deus falava com ele (Êxodo 34:29-35), o
rosto de Estêvão poderia da mesma forma transparecer esse brilho, testificando
que o seu testemunho vinha da parte de Deus e que ele estava movido e cheio do
Espírito Santo (Atos 7:55).
Você pode estudar
aqui um pouco mais sobre anjos, um resumo geral sobre esses seres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário