sexta-feira, 30 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (8:9-13)

Transformação Interior: O Desafio de Simão e o Significado do Batismo

9  Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto;

Naquela época, havia um homem chamado Simão, um nome bastante comum. Ele praticava o ilusionismo, enganando o povo com seus truques. Simão se considerava alguém importante, mas Cristo nos ensina sobre o poder da humildade e o perigo da vaidade:

"Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado" (Lucas 18:9-14 RA).

Jesus nos amou primeiro. Ele não nos ama somente agora, após sermos salvos por Ele, mas já nos amava quando estávamos sujos pelo pecado. O fato de sermos amados por Ele não nos torna superiores àqueles que ainda não O aceitaram como único e suficiente Salvador. Nosso Senhor Jesus sempre nos ensinou a manter a humildade e a considerar o próximo como superior a si mesmo. Assim, manteremos uma humildade unânime entre os irmãos, onde todos se consideram amados por Deus, mas não o preferido. Este é Jesus, por quem tudo foi feito. Deus amou o mundo de tal maneira que entregou Seu Filho por nós. O texto diz que Ele nos amou de tal maneira que fez esse sacrifício, não que nos amou de forma igual ou até mesmo superior a Jesus Cristo, mas de tal maneira que nos salvou através do sacrifício Dele (João 3:16 RA).

10  ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder.

Vejam como é fácil enganar aqueles que desconhecem ou conhecem pouco das Escrituras Sagradas. Todos ali, do mais novo ao mais velho, do mais humilde ao mais rico, do mais fraco ao mais forte, acreditavam que ele era alguém enviado por Deus. Vamos explorar um pouco mais sobre os falsos mestres:

“17 ¶ Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, 18 porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas (bajulação), enganam o coração dos incautos (ingênuo, pouco conhecimento bíblico). 19 Pois a vossa obediência é conhecida por todos; por isso, me alegro a vosso respeito; e quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal. E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.”

(Romanos 16:17-20 RA)

A ideia central aqui é que os crentes devem ser habilidosos e inteligentes ao praticar o bem, agindo com sabedoria, discernimento e prudência. Eles devem buscar ativamente fazer o que é bom e correto aos olhos de Deus e dos homens (Romanos 12:17 RA). No entanto, em relação ao mal, devem ser inocentes, não permitindo que a malícia, a astúcia ou a corrupção entrem em seus corações (Mateus 10:16 RA). Devem evitar a malícia, a enganação e a manipulação, mantendo uma simplicidade e pureza de coração, longe das armadilhas do mal. Portanto, a exortação de Paulo é para que sejam prudentes ao praticar o bem e simples em relação ao mal, mantendo uma postura de integridade e pureza (Romanos 16:19 RA).

As doutrinas ensinadas através do evangelho vão além das principais, como a salvação pela fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8-9 RA), a ressurreição (1 Coríntios 15:3-4 RA) e a autoridade das Escrituras Sagradas (2 Timóteo 3:16 RA). A principal doutrina, a justificação pela fé (Romanos 5:1 RA), é o fundamento da nossa relação com Deus. No entanto, o evangelho também nos ensina sobre a importância de escolher líderes sábios e tementes a Deus na igreja (1 Timóteo 3:1-7 RA), como esses líderes devem se comportar (Tito 1:7-9 RA) e como a igreja deve participar de escolhas importantes para manter a unidade e a santidade do corpo de Cristo (Atos 6:3-6 RA).

Esses ensinamentos são fundamentais para proteger a igreja dos falsos mestres, que muitas vezes se infiltram com ensinamentos enganosos e distorcidos. Como Paulo adverte, esses falsos mestres podem parecer piedosos, mas na verdade são "lobos vorazes" (Mateus 7:15 RA). Portanto, a sabedoria ao fazer o bem, a simplicidade ao evitar o mal, e a firmeza na doutrina são essenciais para discernir e resistir às influências corruptas, mantendo a pureza e a integridade da fé cristã.

 11  Aderiam a ele porque havia muito os iludira com mágicas.

Todos davam ouvidos a ele, pois, por muito tempo, esse ilusionista os assombrava, aterrorizava e causava espanto com seus números de mágica (Atos 8:9-11 RA).

No entanto, o reino de Deus não é um espetáculo, onde buscamos a Deus apenas para ter alguma experiência impactante, seja por causa de uma boa banda de música ou de algum show pirotécnico. O local de culto a Deus é exclusivamente para adorar e louvar ao Senhor, não para exaltar homens. O culto não é o lugar para palestras de autoajuda; tudo isso pode ser útil, mas não é o propósito do culto. O culto a Deus é um momento de oração e adoração genuína ao Criador, como Jesus disse: "Meu Pai é adorado em espírito e em verdade" (João 4:23-24 RA).

Portanto, devemos ter cuidado para não transformar o culto a Deus em algo que ele não é, lembrando sempre que a adoração deve ser centrada em Deus e não em entretenimento ou nas necessidades humanas.

12  Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo batizados, assim homens como mulheres.

Então, Filipe, um dos diáconos escolhidos pelos apóstolos, e um dos poucos que compreenderam que a mensagem de Deus não era apenas para os judeus, apresentou a boa nova a essas pessoas. Elas receberam com simpatia o evangelho que ele pregava e foram sendo batizadas (Atos 8:5-6, 12 RA). Esse batismo era, de fato, o batismo nas águas. E por que faziam isso? Porque Jesus ordenou: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mateus 28:19-20 RA). Contudo, era ainda o início da igreja, e essa questão não estava completamente resolvida.

Sabemos que o batismo era um símbolo, um testemunho público de que a pessoa estava arrependida de seus pecados. Vamos analisar essa questão do batismo mais profundamente. Um dos argumentos usados por aqueles que creem que o batismo nas águas é essencial para a salvação é a passagem em que Jesus fala sobre a necessidade de nascer da água e do Espírito:

"Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus" (João 3:5 RA).

No entanto, podemos compreender melhor essa passagem ao considerarmos o encontro de Jesus com a mulher samaritana, onde Ele disse:

"Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna" (João 4:13-14 RA).

A expressão "nascer da água" pode ser entendida, em outras palavras, como uma transformação em Cristo Jesus, que é a água viva. A "água viva" que Jesus oferece simboliza a salvação e a graça de Deus. Ele explica que aqueles que aceitam e recebem Sua mensagem terão suas necessidades espirituais plenamente satisfeitas. Assim como a água física é vital para sustentar a vida, a "água viva" de Jesus é essencial para sustentar a vida espiritual e proporcionar uma conexão eterna com Deus.

Além disso, quando Jesus diz que essa água se tornará "uma fonte a jorrar para a vida eterna", Ele está falando sobre uma transformação interior. Aqueles que bebem dessa água, ou seja, aqueles que creem nEle e aceitam Seu ensinamento, experimentarão uma vida espiritual abundante e eterna, representada pela imagem de uma fonte jorrando.

Na Bíblia, vemos várias passagens onde Jesus perdoa pecados e declara que a fé da pessoa a salvou, sem cerimônias ou batismos nas águas (Lucas 7:50 RA; Lucas 23:42-43 RA; João 4:39-42 RA; Lucas 19:9 RA). Esses exemplos mostram que o batismo nas águas é simbólico, mas não essencial para a salvação. O ladrão na cruz, a mulher samaritana, Zaqueu, e a mulher que lavou os pés de Jesus são todos exemplos de pessoas salvas pela fé, sem o batismo nas águas.

É importante notar que o batismo nas águas ficou associado a João Batista, cujo batismo era para arrependimento, mas não tinha o poder de salvar (Mateus 3:11 RA). Após João, o batismo verdadeiro é o batismo com o Espírito Santo, como Jesus ensinou:

"Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mateus 3:11 RA).

Em Atos, Jesus também reforça essa mudança:

"Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo" (Atos 1:5 RA).

Portanto, o batismo com água era um símbolo de arrependimento, mas o verdadeiro poder de salvação está em Jesus Cristo, que nos batiza com o Espírito Santo. Hoje, o batismo ainda faz parte do processo de salvação, como um testemunho público de fé e arrependimento, mas é o batismo pelo Espírito Santo que nos une a Cristo de forma permanente. Quem se lava nas águas pode se sujar novamente, mas quem é batizado pelo Espírito Santo permanece com Jesus para sempre.

13  O próprio Simão abraçou a fé; e, tendo sido batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados.

Veja só, Simão abraçou a fé. Isso significa que ele aceitou o que Filipe dizia, acreditando que suas palavras eram verdadeiras. Simão até mesmo foi batizado. No entanto, embora tenha recebido o batismo nas águas, é importante destacar que, naquele momento, o entendimento sobre o verdadeiro significado do batismo e sua relação com a transformação interior ainda não estava completamente desenvolvido na igreja. Simão foi batizado, mas não necessariamente compreendeu ou vivenciou a profundidade da conversão genuína que o batismo simboliza.

Simão acompanhava Filipe e, com espanto, maravilhava-se pelos grandes sinais e milagres que ele realizava. Os "sinais" referem-se à pregação de Filipe e às confirmações que Deus dava, testemunhando que a mensagem era verdadeira (Hebreus 2:4 RA). Já os "milagres" eram aqueles eventos sobrenaturais e inexplicáveis, como a cura de um aleijado de nascença, de cegos, surdos, mudos, e até de pessoas possuídas por demônios. Essas eram evidências concretas de que Deus estava com Filipe, confirmando a autenticidade do evangelho que ele pregava (Atos 8:6-7 RA).

É interessante notar que, embora Simão estivesse impressionado com o poder que via em ação, sua fé parecia estar mais ligada aos fenômenos extraordinários do que à mensagem do evangelho em si. Como muitos naquela época e até hoje, Simão parecia mais atraído pelo poder visível e tangível dos milagres do que pela essência transformadora da fé em Cristo. Isso nos leva a refletir sobre a natureza da fé genuína, que deve ser fundamentada não apenas em sinais externos, mas em uma transformação interna profunda e verdadeira.

Esse ponto fica ainda mais evidente quando consideramos o episódio posterior, em que Simão tentou comprar o poder do Espírito Santo dos apóstolos Pedro e João, oferecendo-lhes dinheiro (Atos 8:18-19 RA). Sua atitude revelava que, apesar do batismo, seu coração não havia sido verdadeiramente transformado; ele ainda nutria pensamentos mundanos e avarentos, acreditando que o dom de Deus poderia ser adquirido por meios terrenos. Pedro o repreendeu severamente, dizendo:

"O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir por meio dele o dom de Deus! Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus" (Atos 8:20-21 RA).

Esse episódio serve como um alerta para nós, mostrando que o batismo nas águas é, de fato, um símbolo público de arrependimento e fé, mas não garante, por si só, uma transformação genuína. A verdadeira mudança vem do batismo com o Espírito Santo, que purifica e transforma o coração (Atos 1:5 RA). A atitude de Simão nos lembra que é possível participar dos rituais externos da fé sem experimentar a verdadeira conversão interna que Cristo requer.

Jesus advertiu sobre aqueles que buscam sinais e maravilhas, ressaltando que a fé genuína deve estar enraizada na Palavra de Deus e em um relacionamento autêntico com Ele (Mateus 12:39 RA). A verdadeira fé deve transcender o fascínio pelo extraordinário e buscar uma comunhão íntima e contínua com Deus, marcada pela obediência e transformação de vida.

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (8:1-8)

A Força do Evangelho em Tempos de Perseguição

“1 ¶ E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.

Começou aqui a primeira grande perseguição contra a Igreja de Cristo. Após a morte de Estêvão, muitos, incluindo Saulo de Tarso, ficaram com "sede" de sangue e iniciaram uma violenta perseguição contra todos os que compartilhavam da mesma fé que Estêvão professava. Este é o primeiro texto em que Saulo, o futuro apóstolo Paulo, é mencionado como perseguidor dos cristãos (Atos 7:58; 8:1). A perseguição foi tão intensa que obrigou os irmãos em Cristo a deixarem suas casas e se espalharem por toda a região próxima, incluindo a Judéia e Samaria (Atos 8:1). No entanto, os apóstolos permaneceram em Jerusalém, possivelmente para continuar a liderança da Igreja e fortalecer os novos crentes, apesar do perigo (Atos 8:1).

2  Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele. 3  Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.

Alguns homens piedosos, ou em outras versões, homens religiosos, fizeram o velório de Estêvão sob muito lamento e pranto (Atos 8:2). É notável que, mesmo diante da perseguição intensa, ainda havia quem se arriscasse a prestar honras fúnebres a Estêvão, demonstrando o impacto de sua vida e morte entre os crentes.

Porém, Saulo, que viria a ser o apóstolo Paulo, assolava a Igreja, perseguindo de tal forma que arrastava de suas próprias casas aqueles que seguiam a Cristo, enviando-os para a prisão, tanto homens como mulheres (Atos 8:3). Aqui podemos ver a gravidade da perseguição que Saulo infligia aos seus próprios irmãos em Cristo. Nos seus relatos posteriores, Paulo fornece mais detalhes sobre o quão terrível foi essa perseguição:

  • "Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje. Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres" (Atos 22:3-4).
  • "E assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia" (Atos 26:10-11).
  • "Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus" (1 Coríntios 15:9).
  • "Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a Igreja de Deus e a devastava" (Gálatas 1:13).
  • "[...] a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade" (1 Timóteo 1:13).

Veja como pode ser enganoso o nosso coração; Paulo perseguia e matava cristãos crendo que estava fazendo a vontade de Deus, mas mal sabia ele que estava cego e sendo um instrumento do diabo para perseguir e matar os salvos em Cristo Jesus (Jeremias 17:9).

4 ¶ Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.

Mas aqueles que fugiram da perseguição e se espalharam por toda a região, por onde passavam, espalhavam a mensagem de Deus, evangelizando em todos os lugares que iam. Ou seja, quanto mais eles se espalhavam, mais o evangelho era pregado e mais pessoas ouviam falar da salvação de Deus para os homens através de Cristo Jesus (Atos 8:4). Esta salvação é anunciada como um dom de Deus pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8-9), e é oferecida a todos que creem e confessam que Jesus é o Senhor (Romanos 10:9-10). A mensagem de salvação proclama que Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras (1 Coríntios 15:3-4).

5  Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo.

Vamos conhecer um pouco sobre a história dos samaritanos e entender o motivo pelo qual esse povo sofria tanto preconceito e rivalidade por parte dos judeus.

Os assírios, ao tomarem o Reino do Norte de Israel em 722 a.C., sob o comando do rei Sargão II, deportaram grande parte da população israelita e trouxeram pessoas de várias nações conquistadas para se estabelecerem em Samaria, misturando-se com os judeus que viviam lá (2 Reis 17:24). Como resultado, os samaritanos passaram a praticar uma forma de adoração que misturava elementos do culto ao Deus de Israel com crenças e rituais pagãos (2 Reis 17:29-33).

Essa mistura religiosa criou uma profunda divisão entre os samaritanos e os judeus de Judá, resultando em uma hostilidade que durou séculos. Quando os judeus retornaram do exílio para reconstruir o Templo em Jerusalém, os samaritanos ofereceram ajuda, mas foram rejeitados, o que intensificou ainda mais as tensões (Esdras 4:1-3). Em resposta, os samaritanos construíram seu próprio templo no Monte Gerizim, perpetuando a rivalidade religiosa.

Essa divisão é refletida em vários eventos bíblicos, como a interação entre Jesus e a mulher samaritana no poço de Jacó (João 4:7-26). Nesse encontro, Jesus rompe as barreiras culturais e religiosas ao falar com uma mulher samaritana, oferecendo-lhe a "água viva" que leva à vida eterna. Outro exemplo é a parábola do Bom Samaritano, onde Jesus usa a figura de um samaritano, historicamente desprezado pelos judeus, como modelo de compaixão e amor ao próximo (Lucas 10:25-37).

Apesar dessa história de conflito e divisão, o evangelho foi anunciado em Samaria, e muitos samaritanos creram em Cristo. O ministério de Filipe em Samaria mostra como a mensagem de Jesus começou a quebrar as barreiras culturais e religiosas, trazendo reconciliação e salvação a um povo historicamente distante dos judeus (Atos 8:5-8).

6  As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. 7  Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. 8  E houve grande alegria naquela cidade.

As multidões atendiam, de forma unânime, às palavras de Filipe, movidas pelos sinais e prodígios que ele realizava. Filipe, com poder do Espírito Santo, expulsava espíritos imundos de muitos possessos, que saíam gritando em alta voz, algo que todos podiam testemunhar. Além disso, muitos paralíticos e coxos, ou seja, pessoas com deficiências nas pernas, eram também curados. A evidência visual desses milagres despertava a atenção da multidão quando Filipe proclamava o evangelho (Atos 8:6-8).

Esse evangelho trouxe grande alegria à cidade. Não apenas porque livrou pessoas de possessões demoníacas e restaurou os movimentos de muitos deficientes físicos, mas porque trouxe a mensagem de salvação. Essa mensagem, que antes estava restrita a Jerusalém, começou a se espalhar para outras regiões, cumprindo o propósito que Jesus havia estabelecido: que o evangelho fosse pregado em todo o mundo (Atos 1:8). Para que isso acontecesse, foi necessário o derramamento de sangue cristão, o que impulsionou a dispersão dos discípulos e a expansão da mensagem de salvação para além das fronteiras de Jerusalém.

Esses eventos registrados até aqui (Atos 8:1-8) nos revelam algumas verdades importantes:

1. O extraordinário poder de Deus pode transformar qualquer pessoa

Observe o que Deus fez com o apóstolo Paulo. Antes, ele perseguia os cristãos, os prendia e consentia com a morte de muitos deles. No entanto, Deus o chamou, e Paulo passou de perseguidor a perseguido. Ele foi preso, torturado e, ainda assim, não negou a sua fé, nem mesmo diante da morte, por amor a Jesus Cristo. Isso demonstra que Deus pode transformar qualquer pessoa; nada pode limitar o poder de Deus (Atos 9:1-19).

2. O efeito da perseguição: crescimento. Deus deseja que a Igreja se mova

Deus não quer que o evangelho fique escondido; Ele quer que a mensagem seja visível, como uma luz colocada sobre a mesa, que ilumina toda a casa, e não debaixo dela, onde não iluminará nada. Os portadores do testemunho de Jesus ressuscitado relutaram em sair de Jerusalém, talvez porque estivessem confortáveis ali. No entanto, a mensagem da salvação não era para ficar restrita a uma cidade. Foi necessário um evento radical, o derramamento de sangue cristão, para que a mensagem se estabelecesse em outros lugares (Mateus 5:14-16; Atos 1:8).

A Igreja demorou a compreender que a mensagem era para alcançar "os confins da terra" (Atos 1:8). Estêvão foi o primeiro a entender isso, seguido por Filipe, o helenista, depois Pedro, através de visões que o despertaram, e finalmente Saulo, o qual se tornou Paulo. O que podemos aprender com esses e outros eventos bíblicos é que a mensagem de Deus parece viajar melhor, ou mais rápido, quando é perseguida. Tanto é verdade que, hoje, acredita-se que o número de cristãos na China já superou em muito o número nos Estados Unidos, um país considerado livre para pregar a Palavra, enquanto a China, um país comunista, persegue e proíbe a prática religiosa cristã.

3. A responsabilidade de compartilhar o evangelho

Lembre-se da parábola dos talentos, na qual um homem rico confia diferentes quantias de dinheiro a seus servos. Ele elogia aqueles que fazem o dinheiro multiplicar, mas repreende aquele que o esconde. Isso significa que aqueles que têm conhecimento do evangelho têm a responsabilidade de compartilhá-lo, e não de escondê-lo. Quem tem ainda mais conhecimento, tem o dever de fazer ainda mais com ele (Mateus 25:14-30).

Não se esconda; seja corajoso. Fale de Jesus para as pessoas. Fale dAquele que deu a Sua vida para nossa salvação (João 3:16). Fale dAquele que nos livrou da condenação eterna (Romanos 8:1) e nos concedeu a herança da vida eterna com Deus Pai, Filho e Espírito Santo (Romanos 6:23). Comece com as pessoas ao seu redor: no seu grupo social, na sua roda de amigos, na sua família (Mateus 28:19-20).

“Ah, mas se eu falar de Jesus para meus amigos, eles não vão mais querer saber de mim.” Pense bem: quem é o seu melhor amigo, não é Jesus? Se seus amigos não querem ser amigos do seu melhor amigo, então talvez você não precise deles. Coragem! A Palavra de Deus já previa esse tipo de situação, não apenas entre amigos, mas também entre pais e filhos. Vamos honrar nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e, assim como aqueles homens e mulheres que perderam suas vidas sem negar a Cristo, falemos com coragem desse Salvador a todos (Mateus 10:34-39).

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (7:51-60)

Estevão: O Testemunho que Desafiou Corações Endurecidos

51 ¶ Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.

Neste ponto, a defesa de Estêvão atinge seu clímax. Ele é direto em sua acusação, afirmando claramente que seus ouvintes estão agindo da mesma forma que seus antepassados, resistindo ao Espírito Santo e à vontade de Deus.

Quando Estêvão usa a expressão "homens de dura cerviz", ele está chamando os líderes de teimosos. A "cerviz" é a parte de trás do pescoço, e uma "dura cerviz" significa alguém que se recusa a se inclinar, ou seja, uma pessoa incapaz de reconhecer seus erros, de se humilhar, de pedir desculpas, de se submeter a vontade de Deus. No contexto bíblico, essa expressão é frequentemente usada para descrever o povo de Israel quando se afastava dos caminhos de Deus (Êxodo 32:9; 33:3; Deuteronômio 9:6). Estêvão está acusando seus ouvintes de serem obstinados, recusando-se a se submeter à vontade de Deus.

No Antigo Testamento, a circuncisão era um sinal externo do pacto entre Deus e o povo de Israel. No entanto, Deus também exigia uma "circuncisão do coração", que simboliza pureza interior, obediência e devoção genuína (Deuteronômio 10:16; Jeremias 4:4). Ao chamar os líderes de "incircuncisos de coração e de ouvidos", Estêvão está dizendo que, apesar de terem o sinal externo da circuncisão, seus corações e ouvidos estão fechados para Deus. Eles estão espiritualmente insensíveis, incapazes de ouvir e obedecer à voz do Espírito Santo.

Até aqui, Estêvão demonstrou em seu discurso como o povo de Israel sempre foi duro de coração e resistiu ao Espírito Santo. Ele enumerou vários episódios, começando pela recusa em aceitar José como salvador (Gênesis 37:5-11), passando por Moisés como mensageiro de Deus (Êxodo 2:14; Atos 7:35), e chegando aos profetas e juízes que foram enviados por Deus (Mateus 23:37; Hebreus 11:32-38). Embora Estêvão não comente detalhadamente sobre cada um deles, todos enfrentaram resistência de seu próprio povo.

Podemos citar Débora, que, mesmo sendo mulher, enfrentou resistência no início, mas salvou o povo de Israel (Juízes 4-5). Podemos mencionar Josué, quando ninguém acreditou no relato que ele e Calebe deram (Números 13:30; 14:6-10). Outro exemplo é Samuel, o último juiz antes da era dos reis. Samuel foi chamado desde cedo para servir a Deus (1 Samuel 3:1-10) e advertiu o povo que Deus não queria que fosse nomeado um rei, pois Ele próprio seria o único e suficiente Rei (1 Samuel 8:6-7). No entanto, devido à insistência do povo, Deus permitiu que Saul fosse ungido como o primeiro rei de Israel (1 Samuel 10:1). Inicialmente, Saul também enfrentou resistência (1 Samuel 10:27), e mais tarde acabou abandonando seu chamado (1 Samuel 15:10-11).

52  Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos,

Estevão os desafia a mencionar algum profeta que os antepassados deles não tenham perseguido. Urias, um profeta que foi morto pela espada por profetizar contra Jerusalém (Jeremias 26:20-23). Zacarias, filho de Joiada, foi apedrejado no pátio do templo por anunciar a verdade de Deus (2 Crônicas 24:20-22). E agora, ao repetirem esses atos, eles se tornam assassinos e traidores do próprio Messias (Atos 7:52).

53  vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes.

Estevão faz uma acusação contundente, afirmando que a Lei, embora recebida por intermédio de anjos, não foi obedecida por aqueles que a receberam. Ele enfatiza que, embora Moisés tenha sido o mediador da Lei, ela foi dada através de anjos, o que destaca a sua natureza sagrada e divina (Atos 7:53; Gálatas 3:19). Mesmo com essa mediação celestial, eles não a guardaram, revelando a hipocrisia e desobediência do povo.

Estevão utiliza esse argumento para mostrar que, apesar de se vangloriarem de serem guardiões da Lei, eles falharam em obedecê-la. Ele aponta que a desobediência à Lei não é uma falha apenas dos antepassados, mas também deles, que rejeitaram o Messias prometido pela mesma Lei. Assim, ele expõe a continuidade do padrão de resistência à vontade de Deus, desde a recepção da Lei até a rejeição de Jesus Cristo.

54 ¶ Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele.

Outras versões descrevem que eles "rangeram os dentes" de tanta raiva (Atos 7:54); outras, mais modernas, os retratam com os punhos fechados, prontos para agredir. Seus corações eram tão duros que se recusavam a admitir seus erros, a se humilhar e a pedir perdão pelos pecados. Eles se consideravam já donos do Reino de Deus por serem circuncidados e filhos de Abraão, mas Jesus mostrou que Deus pode, até mesmo, a partir de pedras, criar descendentes de Abraão (Mateus 3:9; Lucas 3:8). Além disso, Ele os chamou de filhos do diabo, pois seguiam as mentiras e a maldade (João 8:44).

55  Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, 56  e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus.

Estevão, desde o início de sua defesa perante o Sinédrio, estava cheio do Espírito Santo (Atos 6:10). Agora, ainda cheio do Espírito, ele olha para os céus e vê a glória de Deus e Jesus à sua direita, em pé, como se estivesse esperando para recebê-lo nos céus, sinalizando o que estava para acontecer com ele (Atos 7:55-56).

É importante notar que Estevão não viu a Deus diretamente, mas sim a glória de Deus. Ele viu Jesus, e este estava em pé, um gesto que sugere que Jesus estava em ação, pronto para fazer algo. Neste contexto, isso pode significar que Jesus estava pronto para receber Estevão no céu após o seu martírio. Fora desse contexto, o fato de Jesus estar em pé pode representar que Ele está ativamente trabalhando em prol do Seu Reino (Hebreus 7:25; Romanos 8:34).

Além disso, ao vermos Estevão contemplar a glória de Deus e Jesus à sua direita, lembramos de outras passagens nas Escrituras onde Jesus ora ao Pai e interage com Ele, demonstrando a doutrina da Trindade: Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Embora Jesus seja Deus, Ele não é o Deus Pai, mas sim a segunda pessoa da Trindade (Mateus 3:16-17; João 17:1-5; 2 Coríntios 13:14).

57  Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. 58  E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.

Estevão, um homem cheio do Espírito Santo, não conseguiu converter aqueles que o escutavam. Isso nos ensina uma lição profunda: mesmo a pregação mais fervorosa e a manifestação mais clara da presença de Deus não podem forçar a conversão de corações endurecidos. A resposta ao evangelho depende da abertura do coração das pessoas à ação do Espírito Santo. Além disso, este episódio nos mostra a resistência humana ao arrependimento e à aceitação da verdade, lembrando-nos que a salvação é uma obra de Deus e que, apesar de nossos melhores esforços em testemunhar, nem todos aceitarão a mensagem de Cristo (João 1:11; 1 Coríntios 2:14).

Estevão permanece como um exemplo de fidelidade até o fim, demonstrando que o verdadeiro discípulo de Cristo está disposto a enfrentar a rejeição e até mesmo a morte por causa do evangelho. Sua morte também marca o início de uma grande perseguição contra a igreja, mas, por outro lado, marca também o início da expansão do cristianismo além das fronteiras de Jerusalém (Atos 8:1-4).

59  E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! 60  Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.” (Atos 7:1-60 RA)

Estevão nos oferece um exemplo extraordinário de controle pelo Espírito Santo. Em uma situação extrema, quando a maioria das pessoas reagiria com medo, raiva ou maldição, Estevão abençoa seus agressores e pede que Deus os perdoe. Este comportamento nos desafia a refletir sobre o nível de controle que o Espírito Santo tem sobre nossas vidas. Será que, em circunstâncias semelhantes, seríamos capazes de abençoar em vez de amaldiçoar?

O Espírito Santo, descrito na Bíblia como o próprio Espírito de Jesus, é aquele que nos capacita a agir de acordo com a vontade de Deus, mesmo em situações de grande adversidade (João 14:26; Romanos 8:9-11). A presença do Espírito em nós deve produzir frutos como o amor, a paz e a longanimidade, capacitando-nos a responder ao mal com o bem (Gálatas 5:22-23). Estevão, cheio do Espírito Santo, exemplificou perfeitamente esse fruto em sua última hora, revelando que, quando o Espírito de Jesus controla nossas vidas, somos capazes de refletir o caráter de Cristo até mesmo nos momentos mais difíceis.

Agora, resumindo o que foi o discurso de Estevão até aqui: Ele se defende das acusações de blasfêmia contra o templo e contra a Lei de Moisés (Atos 6:13-14). Durante sua defesa, ele utiliza a história do povo de Israel para abordar pontos-chave que fundamentam sua argumentação e desconstroem as acusações feitas contra ele:

Através deste discurso, Estevão evidencia que:

  • O local do templo não era indispensável para que Deus atendesse a alguém. Os israelitas eram orgulhosos não apenas do templo, mas também por estarem na terra prometida. Contudo, Estevão deixa claro que lugares específicos nunca limitaram a ação ou a bênção de Deus. Deus pode agir e abençoar qualquer pessoa, independentemente do local. Ele cita Isaías, afirmando que "o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos humanas" (Atos 7:48-50; Isaías 66:1-2).
  • O templo, embora fosse um símbolo importante, foi construído por Salomão muitos séculos após a época de Abraão. Isso demonstra que a presença de um local específico não era essencial para a relação com Deus (1 Reis 6:1). Estevão destaca que Deus não estava restrito a um lugar físico para manifestar Sua presença ou atender ao Seu povo, como fica claro na história de Abraão, que se relacionou com Deus antes mesmo de haver um templo ou uma terra prometida (Atos 7:2-7).
  • O povo frequentemente rejeitava grandes personagens bíblicos, incluindo Moisés e outros profetas. Estevão sublinha que essa tendência de rejeitar os enviados de Deus é uma constante na história de Israel. Moisés, o líder que conduziu o povo para fora do Egito, foi inicialmente rejeitado por seus próprios irmãos (Atos 7:35-39). Além disso, os profetas que advertiram o povo a voltar-se para Deus foram frequentemente perseguidos e mortos (Atos 7:52). Essa rejeição culminou com a rejeição e morte do Justo, Jesus Cristo, o Messias prometido.

Assim, Estevão demonstra que a acusação contra ele é infundada. Ele não blasfemou contra o templo ou a Lei; pelo contrário, ele expôs a verdadeira relação de Deus com Seu povo, que transcende o templo e a terra. Estevão argumenta que a resistência dos líderes judeus ao evangelho de Jesus Cristo é apenas uma continuação da longa história de Israel de rejeição aos profetas e à vontade de Deus.

Estevão, então, conclui que, ao resistirem a ele, esses líderes não estão apenas rejeitando um homem, mas resistindo ao próprio Espírito Santo (Atos 7:51). Eles, como seus antepassados, estão rejeitando a obra de Deus e, ao fazê-lo, estão se colocando em oposição direta ao plano divino. 

terça-feira, 20 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (7:42-50)

Do Tabernáculo ao Templo: A Persistente Infidelidade de Israel e a Soberania de Deus

42 ¶ Mas Deus se afastou e os entregou ao culto da milícia celestial, como está escrito no Livro dos Profetas: Ó casa de Israel, porventura, me oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto, pelo espaço de quarenta anos, 43  e, acaso, não levantastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que fizestes para as adorar? Por isso, vos desterrarei para além da Babilônia.

Estêvão está diante do Sinédrio, respondendo a acusações de blasfêmia contra Deus, Moisés, o templo e a lei. Em sua defesa, ele recapitula a história de Israel, destacando como o povo repetidamente resistiu ao Espírito Santo e rejeitou os profetas enviados por Deus. O objetivo de Estêvão é mostrar que a rejeição dos mensageiros de Deus é um padrão histórico, culminando na rejeição de Jesus Cristo, o Messias prometido.

Nos versos de Atos 7:42-43, Estêvão cita o profeta Amós (Amós 5:25-27), apontando que, mesmo enquanto estavam no deserto, os israelitas não eram totalmente fiéis a Deus. A frase "Deus se afastou" indica que Ele permitiu que Israel seguisse seus próprios caminhos, abandonando a orientação divina. A "milícia celestial" refere-se à adoração de corpos celestes, como estrelas e planetas, práticas comuns entre os povos pagãos e que, lamentavelmente, foram adotadas por Israel em momentos de apostasia.

A pergunta retórica feita por Estêvão (Atos 7:42-43) desafia a sinceridade dos sacrifícios oferecidos por Israel durante os 40 anos no deserto. A implicação é que, enquanto realizavam rituais, seus corações estavam longe de Deus, voltando-se para a idolatria. Moloque, o deus citado, era associado a sacrifícios humanos, especialmente de crianças, algo profundamente abominável a Deus (Levítico 18:21; Jeremias 32:35). Renfã (ou Refã) é menos claro, mas provavelmente se refere a uma divindade estelar ou planetária.

O verso termina com a declaração: "Por isso, vos desterrarei para além da Babilônia" (Atos 7:43). Estêvão mostra que Deus expulsou os israelitas de sua terra como forma de discipliná-los em consequência dos pecados cometidos. Estêvão usa essa passagem para ilustrar que a infidelidade de Israel não era um problema novo, mas um padrão persistente na história do povo. Mesmo quando estavam sendo guiados diretamente por Deus no deserto, os israelitas ainda caíram na idolatria.

A crítica de Estêvão é contundente: o povo escolhido resistiu à verdadeira adoração e preferiu se voltar para deuses falsos, resultando em julgamento e exílio. Estêvão sugere que a rejeição de Jesus Cristo pelos líderes religiosos de sua época era uma continuação desse padrão histórico de desobediência e resistência à vontade de Deus.

Este discurso coloca os líderes do Sinédrio em uma posição desconfortável, pois implica que eles estão repetindo os erros de seus antepassados ao rejeitarem o Messias.

44  O tabernáculo do Testemunho estava entre nossos pais no deserto, como determinara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto.

O Tabernáculo do Testemunho era um local sagrado e "portátil", onde ficava a Arca da Aliança e as tábuas de pedra que continham a lei de Deus. É importante notar que o Tabernáculo foi construído de acordo com um modelo já existente, dado por Deus a Moisés. Ele não foi uma invenção humana, mas sim uma réplica do padrão celestial mostrado por Deus. As especificações detalhadas para a construção do Tabernáculo estão todas descritas no Livro de Êxodo (Êxodo 25–27, 36–40).

45  O qual também nossos pais, com Josué, tendo-o recebido, o levaram, quando tomaram posse das nações que Deus expulsou da presença deles, até aos dias de Davi.

Josué foi um dos poucos que teve coragem e não mentiu sobre a Terra Prometida, mesmo diante do medo dos gigantes que habitavam a região. Ele e Calebe foram os únicos daquela geração a serem poupados no deserto e, por sua fidelidade, foram os únicos a entrar na Terra Prometida (Números 14:30). Nem mesmo Moisés teve esse privilégio; embora tenha visto a terra de longe, por ter desobedecido a Deus, ele não pôde entrar nela (Números 20:7-12, Deuteronômio 34:4-5).

Por ser portátil, o Tabernáculo do Testemunho podia ser transportado e, de fato, foi levado para a Terra Prometida, onde permaneceu até os dias de Davi.

46  Este achou graça diante de Deus e lhe suplicou a faculdade de prover morada para o Deus de Jacó. 47  Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa.

Davi era chamado de "homem segundo o coração de Deus" (1 Samuel 13:14; Atos 13:22) porque reconhecia prontamente seus erros, se arrependia e buscava fazer a vontade de Deus. No entanto, por ter derramado muito sangue em guerras, ele não teve a honra de construir o templo. Essa tarefa foi atribuída a um de seus filhos, Salomão (1 Crônicas 28:3-6).

48  Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta: 49  O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? 50  Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?

Davi ficou incomodado com o fato de morar em um palácio confortável, enquanto a arca de Deus estava em uma tenda portátil. Surgiu então em seu coração o desejo de construir um templo onde Deus pudesse habitar. No entanto, como foi dito pelo profeta, Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (Atos 7:48; 17:24). Mesmo assim, de forma provisória, Deus aceitou o desejo de Davi e honrou sua intenção de construir um local de adoração permanente. Deus quis ensinar a Davi que Ele pode ser adorado em qualquer lugar e não estava limitado a um local específico. No entanto, Ele ainda honrou o desejo de Davi, permitindo que seu filho Salomão construísse o templo.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (7:30-41)

A Recusa de Moisés e a Continuidade da Resistência: Uma Defesa de Estêvão

30 ¶ Decorridos quarenta anos, apareceu-lhe, no deserto do monte Sinai, um anjo, por entre as chamas de uma sarça que ardia. 31  Moisés, porém, diante daquela visão, ficou maravilhado e, aproximando-se para observar, ouviu-se a voz do Senhor: 32  Eu sou o Deus dos teus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Moisés, tremendo de medo, não ousava contemplá-la.

Estêvão continua sua defesa perante o Sinédrio, chegando a uma parte importante de seu discurso, onde destaca a resistência que o povo de Israel demonstrou desde o princípio contra seus pais espirituais. Ele volta ao contexto da vida de Moisés, explicando que, após matar um egípcio e ser descoberto, Moisés fugiu para Midiã, onde passou quarenta anos como pastor de ovelhas (Êxodo 2:11-15; Atos 7:29-30). Durante esse tempo, ele se casou, teve filhos e viveu uma vida simples, afastado dos grandes eventos do Egito. Contudo, no deserto do Monte Sinai (também conhecido como Horebe), Deus o chamou para uma missão extraordinária (Êxodo 3:1-2).

Estêvão menciona esse evento para enfatizar a soberania e a ação direta de Deus na história de Israel, mesmo quando os líderes do povo não reconheciam ou compreendiam os meios pelos quais Deus estava agindo. O relato demonstra que Deus não está limitado a um local ou a formas tradicionais de se revelar, como o Templo, algo que Estêvão estava tentando comunicar aos líderes religiosos que o estavam julgando (Atos 7:48-50). A sarça ardente no deserto é uma imagem poderosa da presença de Deus em lugares inesperados e em circunstâncias aparentemente comuns.

Essa passagem também prepara o terreno para a defesa de Estêvão contra as acusações feitas contra ele, reforçando a ideia de que Deus é livre para agir conforme Sua vontade, independente de estruturas humanas (Isaías 66:1-2).

33  Disse-lhe o Senhor: Tira a sandália dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. 34  Vi, com efeito, o sofrimento do meu povo no Egito, ouvi o seu gemido e desci para libertá-lo. Vem agora, e eu te enviarei ao Egito. 35  A este Moisés, a quem negaram reconhecer, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz? A este enviou Deus como chefe e libertador, com a assistência do anjo que lhe apareceu na sarça.

Aqui vemos a primeira crítica direta que Estêvão faz às autoridades que o escutam. Ele faz referência à rejeição inicial de Moisés pelo povo de Israel, quando disseram: “Quem te constituiu como autoridade e juiz sobre nós?” (Êxodo 2:14; Atos 7:27). No entanto, aqueles que inicialmente o negaram foram os mesmos que posteriormente se submeteram a ele como líder. Estêvão destaca que o povo estava equivocado em suas conclusões iniciais.

Estêvão está dizendo às autoridades que o que estão fazendo contra a mensagem do evangelho, contra a Palavra e contra o próprio Jesus Cristo, já foi feito por seus antepassados no passado. Não apenas com Moisés, mas com todos os grandes libertadores que surgiram na história de Israel. A resistência e rejeição aos enviados de Deus eram comuns, e agora, eles estavam repetindo o mesmo erro ao resistir e rejeitar Jesus Cristo.

Quanto ao "Anjo do Senhor" que apareceu na sarça ardente, muitos estudiosos acreditam que essa manifestação poderia ser uma prefiguração de Jesus. Embora não haja uma narrativa bíblica clara que afirme diretamente isso, o contexto da salvação do povo de Israel e outras passagens sugerem que o "Anjo do Senhor" frequentemente mencionado poderia ser o próprio Jesus em uma teofania, uma manifestação visível de Deus na história.

Referências Bíblicas que Sustentam essa Interpretação:

1.    Êxodo 3:2-6 - No episódio da sarça ardente, o "Anjo do Senhor" aparece a Moisés. O texto diz que o Anjo do Senhor apareceu em uma chama de fogo e, em seguida, Deus falou com Moisés a partir da sarça, indicando que o Anjo do Senhor é identificado como o próprio Deus.

2.    Gênesis 16:7-13 - O "Anjo do Senhor" aparece a Hagar no deserto. Ela reconhece que viu "Aquele que me vê", indicando que ela viu mais do que um simples anjo, mas o próprio Deus.

3.    Gênesis 22:11-18 - O "Anjo do Senhor" aparece a Abraão e, em nome de Deus, promete abençoá-lo. Aqui, o Anjo do Senhor fala com autoridade divina, prometendo bênçãos que normalmente apenas Deus pode prometer.

4.    Juízes 13:18-22 - O "Anjo do Senhor" aparece a Manoá e sua esposa, pais de Sansão. Quando Manoá percebe que era o Anjo do Senhor, ele diz: "Certamente morreremos, porque vimos a Deus!" Isso sugere que o Anjo do Senhor não era apenas um mensageiro, mas uma manifestação de Deus.

5.    Zacarias 3:1-2 - O "Anjo do Senhor" aparece diante de Josué, o sumo sacerdote, e repreende Satanás. Aqui, o Anjo do Senhor parece exercer autoridade divina.

Essas passagens são algumas das muitas onde o Anjo do Senhor é tratado com reverência e autoridade que normalmente seriam reservadas ao próprio Deus, levando à conclusão de que estas aparições podem ser manifestações pré-encarnadas de Cristo.

36  Este os tirou, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, assim como no mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. 37  Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim.

Estêvão argumenta que o próprio Moisés já havia anunciado a vinda de alguém que seria semelhante a ele (Deuteronômio 18:15; Atos 7:37). Embora Jesus, como Filho de Deus, seja infinitamente superior a Moisés, dentro do contexto histórico de Israel, Moisés desempenhou um papel crucial em moldar a nação, tanto como líder quanto como figura de autoridade espiritual. Moisés era reverenciado por todas as gerações subsequentes.

Quando Moisés se referiu ao surgimento de um profeta semelhante a ele, ele estava estabelecendo um padrão de liderança espiritual e autoridade. Essa descrição abre espaço para que se reconheça Jesus como o cumprimento dessa profecia, pois Ele preenche esses requisitos de maneira perfeita e completa, sendo o representante final e supremo dessa promessa.

38  É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir.

Esse mesmo Moisés, que anunciou a vinda desse poderoso profeta, é o mesmo que recebia do Anjo do Senhor palavras vivas do próprio Deus. Moisés tinha autoridade e respeito por tudo o que anunciava, especialmente sobre o profeta que seria como ele. Esse profeta, conforme Moisés previu, criaria seguidores e traria uma nova perspectiva—agora, sob a nova aliança, a graça de Deus.

39  A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egito, 40  dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. 41  Naqueles dias, fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras das suas mãos.

Apesar de Moisés ter recebido palavras vivas diretamente de Deus, o povo de Israel rejeitou-o em seus corações. Eles desejavam abandonar tudo o que estavam vivendo no deserto e voltar para a escravidão no Egito. Em uma tentativa desesperada de substituir Moisés e o próprio Deus, durante uma das visitas de Moisés a Deus—quando ele estava demorando a voltar e posteriormente traria os Dez Mandamentos—o povo fez uma imagem, um bezerro de ouro, para adorar enquanto Moisés não retornava (Êxodo 32:1-4).

Essa atitude de rejeição e rebeldia do povo de Israel contra Moisés é central na defesa de Estêvão. Ele mostra que essa rejeição não era um caso isolado, mas parte de um padrão contínuo de resistência contra os líderes e profetas enviados por Deus ao longo da história. Da mesma forma que Israel rejeitou Moisés e se voltou para ídolos, agora estavam rejeitando Jesus Cristo, o profeta prometido por Moisés e o próprio Filho de Deus. Estêvão argumenta que, assim como seus antepassados rejeitaram os mensageiros de Deus, seus acusadores estavam repetindo o mesmo erro ao rejeitar e perseguir Jesus e seus seguidores (Atos 7:51-53).

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (7:17-29)

Moisés e o Legado da Rejeição: Lições do Discurso de Estêvão

17 ¶ Como, porém, se aproximasse o tempo da promessa que Deus jurou a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito,

São várias as promessas feitas a Abraão. Uma delas é que seus descendentes se tornariam uma grande nação (Gênesis 12:2). Esta promessa estava se cumprindo conforme o crescimento dos descendentes de Abraão. No entanto, ainda faltava o cumprimento de uma das principais promessas: que eles teriam a sua própria terra (Gênesis 15:18-21). Para isso, era necessário que saíssem do Egito (Êxodo 3:8).

 18  até que se levantou ali outro rei, que não conhecia a José. 19  Este outro rei tratou com astúcia a nossa raça e torturou os nossos pais, a ponto de forçá-los a enjeitar seus filhos, para que não sobrevivessem.

O rei que conhecia José o tratou com honra, não apenas a ele, mas também a toda a sua família (Gênesis 41:46-47). No entanto, quando novas lideranças surgiram, elas se esqueceram de quem era José e começaram a impor trabalho forçado a todos os israelitas (Êxodo 1:8-11). A opressão foi tão severa que o faraó ordenou que todos os filhos do sexo masculino dos israelitas fossem lançados no Nilo, uma forma de forçar o abandono dos filhos (Êxodo 1:22). Satanás trabalhava fortemente mesmo nessas antigas épocas, e através dessas autoridades, tentava de alguma forma anular a promessa que Deus havia feito a eles, diminuindo a sua descendência (Êxodo 1:12).

 20  Por esse tempo, nasceu Moisés, que era formoso aos olhos de Deus. Por três meses, foi ele mantido na casa de seu pai;

Como parte do controle da crescente população hebreia, as autoridades agiram radicalmente, ordenando a morte de todos os bebês do sexo masculino (Êxodo 1:22). Moisés, no entanto, foi escondido na casa de seus pais e, posteriormente, foi colocado em um cesto no rio Nilo, um plano cuidadosamente elaborado por sua mãe que teve sucesso (Êxodo 2:1-3).

21  quando foi exposto, a filha de Faraó o recolheu e criou como seu próprio filho.

A filha do faraó estava tomando banho no rio, e a irmã de Moisés ficou espiando o cesto onde o bebê estava indo na direção dela (Êxodo 2:4). A mulher se comoveu com o bebê e decidiu adotá-lo, mas ele ainda precisava de leite materno. Então, ela pediu que encontrassem uma hebreia que pudesse amamentá-lo (Êxodo 2:7-8). Foi quando a irmã de Moisés saiu de onde estava e ofereceu-se para encontrar alguém que pudesse amamentá-lo, assim Moisés foi amamentado por sua própria mãe (Êxodo 2:9). Vejam a graça de Deus nisso!

O cesto onde Moisés foi encontrado, que se tornou conhecido como "cesto de Moisés", é um tipo de cesto semelhante à cesta que Chapeuzinho Vermelho carregava, mas com uma estrutura mais resistente, adequada para transportar o bebê pelo rio. O nome "cesto de Moisés" dos cestos que as mães usam hoje em dia para colocar seus filhos ou usado para compras ou piqueniques vem justamente dessa história.

22  E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras.

Apesar de ser amamentado por sua mãe, Moisés foi educado pelos egípcios, uma vez que foi adotado pela filha do faraó (Êxodo 2:10). No entanto, não foi apenas a educação egípcia que lhe conferiu autoridade em suas palavras e ações. Moisés já era ungido por Deus para um propósito maior: salvar o seu povo do jugo dos egípcios (Êxodo 3:10).

23  Quando completou quarenta anos, veio-lhe a idéia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel.

Não era como em uma novela, onde o adotado nunca sabe que é adotado e, quando descobre, isso gera uma grande confusão. Moisés sabia de sua origem, pois a diferença entre as raças hebreias e egípcias era bastante evidente (Êxodo 2:11).

24  Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio.

Apesar de crescer e ser educado como um egípcio, Moisés nunca esqueceu sua verdadeira identidade como israelita. Ele foi visitar seus conterrâneos e, ao ver que estavam sendo maltratados, vingou a injustiça cometida contra eles ao matar o egípcio que estava espancando um hebreu, na presença de seus irmãos (Êxodo 2:11-12).

25  Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam.

Moisés, em sua inocência, acreditava que seus irmãos compreenderiam que a situação que ele havia criado era um sinal de Deus de que Ele os libertaria do jugo egípcio. No entanto, eles não entenderam dessa forma (Êxodo 2:13-14).

26  No dia seguinte, aproximou-se de uns que brigavam e procurou reconduzi-los à paz, dizendo: Homens, vós sois irmãos; por que vos ofendeis uns aos outros? 27  Mas o que agredia o próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz sobre nós?

Moisés demonstra, com essa atitude, seu interesse no bem-estar e na união entre seus irmãos (Êxodo 2:13-14). No entanto, em vez de aproveitar a influência visível que Moisés tinha ao pertencer à família real, os hebreus não aceitaram Moisés como líder. Estêvão, em seu discurso diante do Sinédrio, destaca que até mesmo Moisés foi rejeitado pelos seus próprios irmãos no início de sua missão. Este padrão de resistência não é único a Moisés, mas é uma característica comum na história dos líderes escolhidos por Deus. Assim como vários outros personagens bíblicos importantes, Moisés enfrentou a resistência do povo de Israel, o que ilustra a dificuldade contínua de aceitar aqueles que são enviados por Deus (Atos 7:26-29).

 28  Acaso, queres matar-me, como fizeste ontem ao egípcio? 29  A estas palavras Moisés fugiu e tornou-se peregrino na terra de Midiã, onde lhe nasceram dois filhos.

Moisés, percebendo que seus irmãos interpretaram erroneamente sua intervenção ao matar o egípcio, fugiu do Egito para evitar a condenação (Êxodo 2:15). Durante o tempo que esteve fora, Moisés formou uma família e Deus usou esse período para prepará-lo para sua grande missão de resgatar o povo de Israel do Egito (Êxodo 2:21-22; Atos 7:29).

Agora, ao revisitar o início do discurso de Estevão, é importante notar que, embora pareça que ele esteja apenas repetindo a história da origem de seu povo para seus irmãos, ele está, na verdade, preparando sua defesa contra as acusações de: Blasfêmia Contra Moisés e a Lei e blasfêmia Contra o Templo (Atos 6:11, 13-14).

No discurso, Estêvão aborda essas acusações de forma a mostrar que a resistência ao plano de Deus e àqueles que Ele envia não é uma novidade. Ele faz isso através de uma revisão da história de Israel, destacando:

1-   A Rejeição de Moisés: Estêvão explica que Moisés, mesmo sendo um líder escolhido por Deus, foi rejeitado por seu próprio povo (Atos 7:27-29). Ele usa este exemplo para ilustrar que a rejeição de líderes divinamente enviados é um padrão na história de Israel.

 

2-   A Resistência ao Plano de Deus: Ele começou a demonstrar em seu discurso que a resistência a líderes e a rejeição das instruções divinas são recorrentes na história de Israel, citando figuras como José e os profetas (Atos 7:9-52).

 

3-   A Questão do Templo: Estêvão argumentará que o templo físico não é a única forma de habitação de Deus, e que Deus não pode ser limitado a um lugar específico (Atos 7:48-50). Ele destaca que, desde o início, Deus esteve presente com Seu povo em diferentes formas e lugares, e que o templo não deve ser visto como uma limitação à presença de Deus.

Leia o próximo estudo e acompanhe Estêvão defendendo-se brilhantemente diante das autoridades, cheio do Espírito Santo.

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (7:1-16)

A Defesa de Estêvão: Da Herança de Abraão à Promessa de Canaã

“1 ¶ Então, lhe perguntou o sumo sacerdote: Porventura, é isto assim? 2  Estêvão respondeu: Varões irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã,

Estêvão inicia sua defesa perante o Sinédrio chamando todos ali de forma respeitosa e considerando-se irmãos de todos, pois era também descendente de Abraão e, portanto, israelita (Atos 7:2). Já que estamos falando de descendência, vamos abordar dois termos bastante evidentes, um deles no Antigo Testamento e outro mais evidente no Novo Testamento: Hebreus e Israelitas.

A origem do termo "hebreus" está associada ao nome "Eber," conforme mencionado no livro de Gênesis (Gênesis 10:21). Os hebreus são considerados uma ramificação dos descendentes de Sem. Portanto, todos os judeus, israelitas e ismaelitas são hebreus. No entanto, é importante destacar que a identidade "hebreu" é mais ampla e não se restringe apenas a um grupo específico dentro dos descendentes de Abraão.

Quando falamos em israelitas, estamos nos referindo especificamente aos descendentes de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel (Gênesis 32:28). Jacó, pai de José do Egito e de mais 11 filhos (Gênesis 37:3), gerou as 12 tribos de Israel. Cada tribo é nomeada de acordo com um de seus filhos. Jesus nasceu como descendente de Judá, que foi o quarto filho de Jacó, nascido de Lia. Lia foi a esposa pela qual Jacó foi enganado por seu sogro e com quem se casou antes da prometida Raquel (Gênesis 29:16-30). Todos os descendentes de Judá são chamados de judeus (Mateus 1:2-16).

Portanto, enquanto o termo "hebreu" abrange uma ampla gama de descendentes de Abraão, incluindo os ismaelitas, o termo "israelita" é mais específico, referindo-se exclusivamente aos descendentes de Jacó, que também é conhecido como Israel. Essa distinção é fundamental para entender a identidade e a herança dos diferentes grupos mencionados nas Escrituras.

3  e lhe disse: Sai da tua terra e da tua parentela e vem para a terra que eu te mostrarei.

A história dos hebreus começa aqui. Abraão é considerado o Pai da fé, e não à toa, ele é uma figura fundamental nas três maiores religiões monoteístas, ou seja, que acreditam em apenas um Deus: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

No cristianismo, Abraão é especialmente significativo como um modelo de fé e obediência a Deus. O Novo Testamento frequentemente refere-se a Abraão para ilustrar a justificação pela fé. Jesus Cristo, em seus ensinamentos e genealogia, é descrito como descendente de Abraão (Mateus 1:1-16). Além disso, o apóstolo Paulo destaca Abraão como um exemplo de justificação pela fé, argumentando que a fé de Abraão foi creditada como justiça antes da Lei de Moisés (Romanos 4:3-16; Gálatas 3:6-9). A promessa feita a Abraão, de que todas as nações seriam abençoadas através de sua descendência, é vista no cristianismo como cumprida em Jesus Cristo, que é o Salvador prometido para todas as nações (Gálatas 3:16).

Assim, Abraão não é apenas um patriarca do judaísmo e do islamismo, mas também uma figura central no cristianismo, cujo relacionamento com Deus e exemplo de fé são fundamentais para a compreensão da justificação e da promessa redentora que se cumpre em Cristo.

4  Então, saiu da terra dos caldeus e foi habitar em Harã. E dali, com a morte de seu pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.

Nada aqui é novidade; Estêvão está narrando tudo desde o princípio, considerando o início de tudo como Abraão, o pai da fé (Hebreus 11:8). Toda a trajetória de Abraão, suas façanhas e maiores dificuldades estão registradas em Gênesis, logo após a narrativa da Torre de Babel (Gênesis 11:1-9). Ou seja, praticamente toda a Escritura narra os acontecimentos dos hebreus.

A terra que agora habitais se refere, atualmente, a regiões geográficas de Israel, Palestina e adjacências. A Faixa de Gaza, que vemos frequentemente nos noticiários em guerra, também faz parte, geograficamente, dessa terra prometida, antigamente chamada Canaã (Gênesis 12:5-7).

5  Nela, não lhe deu herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu dar-lhe a posse dela e, depois dele, à sua descendência, não tendo ele filho.

Nela, ou seja, já morando em Canaã, Abraão não recebeu nada, nem mesmo um espaço para os seus pés. No entanto, Deus prometeu dar essa terra à sua descendência, mesmo antes de Abraão ter filhos. Isaque, o filho da promessa, ainda haveria de ser prometido e posteriormente nascer (Gênesis 12:7; Gênesis 13:15).

6  E falou Deus que a sua descendência seria peregrina em terra estrangeira, onde seriam escravizados e maltratados por quatrocentos anos;

Deus já havia profetizado o que aconteceria com a descendência de Abraão. Deus está sempre um passo, ou melhor, um infinito à frente de nossas escolhas. Ele já conhece o desfecho de tudo; Ele é Soberano, está acima de tudo, até mesmo de nossas escolhas e das consequências delas (Isaías 46:10).

Deus já havia profetizado que a descendência de Abraão seria escrava por 400 anos (Gênesis 15:13). Isso se cumpriu quando os israelitas foram escravizados pelos egípcios. No entanto, Deus também prometeu que, após esse período, os seus descendentes seriam libertos e abençoados abundantemente (Êxodo 3:8; Êxodo 3:17).

7  eu, disse Deus, julgarei a nação da qual forem escravos; e, depois disto, sairão daí e me servirão neste lugar.

É fato que Deus está sempre à frente de tudo; Ele é Soberano. No entanto, isso não exime a responsabilidade de nossas escolhas e atitudes (Gálatas 6:7). Por isso, Deus julgou a nação que escravizou os israelitas. O julgamento não é uma promessa futura, mas algo que já ocorreu (Êxodo 12:12). Após o julgamento, os israelitas saíram do Egito e se afastaram daquela nação. Eles passaram a servir a Deus na terra prometida, chamada Canaã, que hoje geograficamente ocupa as regiões de Israel, Palestina e a Faixa de Gaza (Êxodo 3:8; Êxodo 3:17).

8  Então, lhe deu a aliança da circuncisão; assim, nasceu Isaque, e Abraão o circuncidou ao oitavo dia; de Isaque procedeu Jacó, e deste, os doze patriarcas.

Deus fez um pacto com Abraão, estabelecendo que todos os seus descendentes deveriam ser circuncidados para participar dessa aliança (Gênesis 17:10-14). Isso incluía todos os filhos, escravos e estrangeiros que quisessem se unir ao pacto com Deus. Quem não fosse circuncidado seria excluído do povo e estaria quebrando a aliança (Gênesis 17:14).

Isaque já nasceu dentro dessa aliança e foi circuncidado no oitavo dia, conforme a tradição (Gênesis 21:4). Para as meninas, não havia um equivalente à circuncisão masculina, mas havia cerimônias de nascimento. No oitavo dia, as meninas eram apresentadas e recebiam um nome hebraico (Lucas 2:21).

Para uma estrangeira se unir ao povo de Israel, ela deveria ser supervisionada e participar de todos os ritos religiosos. Por isso, muitas vezes, mulheres de outras religiões eram discriminadas, como a mulher samaritana, que enfrentou resistência devido às diferenças doutrinárias e práticas (João 4:9). Os samaritanos adoravam o mesmo Deus, mas tinham práticas e uma versão do Pentateuco diferentes dos judeus, sendo também descendentes de Abraão (2 Reis 17:24).

Na Igreja Primitiva, muitos judeus convertidos ao cristianismo consideravam radical a aceitação de novos cristãos que não eram circuncidados. Eles viam a circuncisão como uma necessidade para a plena aceitação na comunidade cristã, seguindo a tradição judaica (Atos 15:1). Essa exigência gerou conflitos, pois essa sim era uma alteração radical dos princípios do evangelho (Gálatas 5:2-3).

“Circuncidai-vos para o SENHOR, circuncidai o vosso coração, ó homens de Judá e moradores de Jerusalém, para que o meu furor não saia como fogo e arda, e não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras.” (Jeremias 4:4 RA)

 “O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas.” (Deuteronômio 30:6 RA)

Os judeus não podiam negar que havia referências suficientes para mostrar que a circuncisão não tornava alguém automaticamente agradável a Deus. A verdadeira conversão e a santidade exigiam um comprometimento mais profundo e definitivo. Era necessário que a pessoa se convertesse genuinamente a Deus para ser considerada santa, escolhida e reservada para Ele (Deuteronômio 10:16; Jeremias 4:4; Ezequiel 36:26-27).

O Novo Testamento também reforça essa ideia, afirmando que o valor da verdadeira conversão não está na circuncisão ou em qualquer rito externo, mas na transformação interior e no relacionamento genuíno com Deus (Romanos 2:28-29; Gálatas 5:6).

“9 ¶ Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi imputada a Abraão para justiça. 10  Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele já circuncidado ou ainda incircunciso? Não no regime da circuncisão, e sim quando incircunciso.” (Romanos 4:9-10 RA)

“11  Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, 12  tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” (Colossenses 2:11-12 RA)

9  Os patriarcas, invejosos de José, venderam-no para o Egito; mas Deus estava com ele

Veja o que a inveja é capaz de fazer. Podemos até achar que os irmãos de José tinham ciúmes de suas posses, mas, segundo Estêvão, o problema era a inveja de quem José era, não do que ele possuía, mas de sua postura e posição (Atos 7:9).

É interessante notar que o erro que os patriarcas cometeram não os afastou da promessa de Deus. Deus é misericordioso e, após a reconciliação de José com seus 11 irmãos, as tribos de Israel foram formadas por todos eles, e todos são importantes. José pode ter sido o mais notável entre eles, mas Jesus veio da tribo de Judá, outro dos irmãos de José (Mateus 1:2-16; Hebreus 7:14).

10 e livrou-o de todas as suas aflições, concedendo-lhe também graça e sabedoria perante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador daquela nação e de toda a casa real.

Estêvão narra em um resumo bem curto o que aconteceu com José após ser vendido como escravo. Ele menciona que Deus livrou José de todas as suas aflições (Atos 7:10). No entanto, é importante notar que José enfrentou várias dificuldades: foi vendido como escravo, serviu na casa de Potifar, foi acusado injustamente de tentativa de estupro, e foi preso (Gênesis 39:1-20). Após isso, ele teve que esperar dois anos após interpretar corretamente os sonhos do copeiro e do padeiro (Gênesis 40:1-23).

Então, como pode Estêvão afirmar que Deus o livrou de todas as aflições? Sim, José enfrentou aflições, mas Deus não o manteve nelas indefinidamente. Em vez disso, Deus o livrou de cada uma delas ao longo do tempo. Mesmo na prisão, José se manteve determinado e não desanimado. Graças à sabedoria que Deus lhe deu, ele conseguiu servir bem e ser elogiado, e eventualmente foi promovido para tomar conta da prisão (Gênesis 39:21-23).

11  Sobreveio, porém, fome em todo o Egito; e, em Canaã, houve grande tribulação, e nossos pais não achavam mantimentos.

Tudo tem um propósito. A fome que assolou o Egito não foi surpresa para Deus. Por causa dessa fome, todos os pais, ou seja, os patriarcas e os filhos de Israel, passaram a morar no Egito, onde mais tarde seriam escravizados (Gênesis 41:30-31; Gênesis 46:1-3). Deus usou essa situação para cumprir Seu plano e preparar o cenário para os eventos futuros, incluindo a preservação da linhagem de Israel e a sua eventual libertação (Gênesis 50:20).

12  Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou, pela primeira vez, os nossos pais.

Jacó não saiu de sua atual morada imediatamente. Em um primeiro momento, ele enviou seus filhos para buscar mantimentos para toda a sua família e também para seus animais, devido à fome que assolava a região (Gênesis 42:1-3). Foi somente mais tarde, após os filhos relatarem a situação ao pai, que ele considerou a possibilidade de se mudar para o Egito para se reunir com José e garantir a sobrevivência de sua família (Gênesis 46:1-4).

13  Na segunda vez, José se fez reconhecer por seus irmãos, e se tornou conhecida de Faraó a família de José.

Houve toda aquela história na primeira vez em que os irmãos foram ao Egito, quando José os reconheceu e os provou para verificar se haviam se arrependido do que fizeram (Gênesis 42:7-17). Somente na segunda vez que eles foram ao Egito, José revelou a eles quem ele realmente era (Gênesis 45:1-3).

14  Então, José mandou chamar a Jacó, seu pai, e toda a sua parentela, isto é, setenta e cinco pessoas.

Até aquele momento, o número total de israelitas era de 75 pessoas (Gênesis 46:27; Atos 7:14). É importante notar que a quantidade total de hebreus era diferente, pois "hebreus" refere-se a todos os descendentes de Abraão, enquanto "israelitas" refere-se especificamente aos descendentes de Jacó, que também é conhecido como Israel. A história contada a partir desse ponto não é mais sobre os hebreus em geral, mas sobre a nação de Israel em particular.

15  Jacó desceu ao Egito, e ali morreu ele e também nossos pais; 16  e foram transportados para Siquém e postos no sepulcro que Abraão ali comprara a dinheiro aos filhos de Hamor.

Apesar de todos os patriarcas terem morrido no Egito, seus ossos foram posteriormente transportados e enterrados em Siquém, um território que pertencia a Canaã, a terra prometida (Josué 24:32). Hoje, essa região geograficamente corresponde a partes de Israel, Palestina e a Faixa de Gaza.