Transformação Interior: O Desafio de Simão e o Significado do Batismo
9 Ora, havia certo homem, chamado Simão, que
ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande
vulto;
Naquela época, havia
um homem chamado Simão, um nome bastante comum. Ele praticava o ilusionismo,
enganando o povo com seus truques. Simão se considerava alguém importante, mas
Cristo nos ensina sobre o poder da humildade e o perigo da vaidade:
"Propôs
também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem
justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito
de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si
para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais
homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo
duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando
em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no
peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será
humilhado; mas o que se humilha será exaltado" (Lucas 18:9-14 RA).
Jesus nos amou
primeiro. Ele não nos ama somente agora, após sermos salvos por Ele, mas já nos
amava quando estávamos sujos pelo pecado. O fato de sermos amados por Ele não
nos torna superiores àqueles que ainda não O aceitaram como único e suficiente
Salvador. Nosso Senhor Jesus sempre nos ensinou a manter a humildade e a
considerar o próximo como superior a si mesmo. Assim, manteremos uma humildade
unânime entre os irmãos, onde todos se consideram amados por Deus, mas não o
preferido. Este é Jesus, por quem tudo foi feito. Deus amou o mundo de tal
maneira que entregou Seu Filho por nós. O texto diz que Ele nos amou de tal
maneira que fez esse sacrifício, não que nos amou de forma igual ou até mesmo
superior a Jesus Cristo, mas de tal maneira que nos salvou através do
sacrifício Dele (João 3:16 RA).
10 ao qual todos davam ouvidos, do menor ao
maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder.
Vejam como é fácil
enganar aqueles que desconhecem ou conhecem pouco das Escrituras Sagradas.
Todos ali, do mais novo ao mais velho, do mais humilde ao mais rico, do mais
fraco ao mais forte, acreditavam que ele era alguém enviado por Deus. Vamos
explorar um pouco mais sobre os falsos mestres:
“17
¶ Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos,
em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, 18 porque esses
tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com
suaves palavras e lisonjas (bajulação), enganam o coração dos incautos (ingênuo, pouco conhecimento bíblico). 19 Pois a vossa
obediência é conhecida por todos; por isso, me alegro a vosso respeito; e quero
que sejais sábios para o bem e símplices para o mal. E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo
dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.”
(Romanos
16:17-20 RA)
A ideia central aqui
é que os crentes devem ser habilidosos e inteligentes ao praticar o bem, agindo
com sabedoria, discernimento e prudência. Eles devem buscar ativamente fazer o
que é bom e correto aos olhos de Deus e dos homens (Romanos 12:17 RA). No
entanto, em relação ao mal, devem ser inocentes, não permitindo que a malícia,
a astúcia ou a corrupção entrem em seus corações (Mateus 10:16 RA). Devem
evitar a malícia, a enganação e a manipulação, mantendo uma simplicidade e
pureza de coração, longe das armadilhas do mal. Portanto, a exortação de Paulo
é para que sejam prudentes ao praticar o bem e simples em relação ao mal,
mantendo uma postura de integridade e pureza (Romanos 16:19 RA).
As doutrinas
ensinadas através do evangelho vão além das principais, como a salvação pela fé
em Jesus Cristo (Efésios 2:8-9 RA), a ressurreição (1 Coríntios 15:3-4 RA) e a
autoridade das Escrituras Sagradas (2 Timóteo 3:16 RA). A principal doutrina, a
justificação pela fé (Romanos 5:1 RA), é o fundamento da nossa relação com
Deus. No entanto, o evangelho também nos ensina sobre a importância de escolher
líderes sábios e tementes a Deus na igreja (1 Timóteo 3:1-7 RA), como esses
líderes devem se comportar (Tito 1:7-9 RA) e como a igreja deve participar de
escolhas importantes para manter a unidade e a santidade do corpo de Cristo (Atos
6:3-6 RA).
Esses ensinamentos
são fundamentais para proteger a igreja dos falsos mestres, que muitas vezes se
infiltram com ensinamentos enganosos e distorcidos. Como Paulo adverte, esses
falsos mestres podem parecer piedosos, mas na verdade são "lobos vorazes"
(Mateus 7:15 RA). Portanto, a sabedoria ao fazer o bem, a simplicidade ao
evitar o mal, e a firmeza na doutrina são essenciais para discernir e resistir
às influências corruptas, mantendo a pureza e a integridade da fé cristã.
11
Aderiam a ele porque havia muito os iludira com mágicas.
Todos davam ouvidos
a ele, pois, por muito tempo, esse ilusionista os assombrava, aterrorizava e
causava espanto com seus números de mágica (Atos 8:9-11 RA).
No entanto, o reino
de Deus não é um espetáculo, onde buscamos a Deus apenas para ter alguma
experiência impactante, seja por causa de uma boa banda de música ou de algum
show pirotécnico. O local de culto a Deus é exclusivamente para adorar e louvar
ao Senhor, não para exaltar homens. O culto não é o lugar para palestras de
autoajuda; tudo isso pode ser útil, mas não é o propósito do culto. O culto a
Deus é um momento de oração e adoração genuína ao Criador, como Jesus disse:
"Meu Pai é adorado em espírito e em verdade" (João 4:23-24 RA).
Portanto, devemos
ter cuidado para não transformar o culto a Deus em algo que ele não é,
lembrando sempre que a adoração deve ser centrada em Deus e não em
entretenimento ou nas necessidades humanas.
12 Quando, porém, deram crédito a Filipe, que os
evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam sendo
batizados, assim homens como mulheres.
Então, Filipe, um
dos diáconos escolhidos pelos apóstolos, e um dos poucos que compreenderam que
a mensagem de Deus não era apenas para os judeus, apresentou a boa nova a essas
pessoas. Elas receberam com simpatia o evangelho que ele pregava e foram sendo
batizadas (Atos 8:5-6, 12 RA). Esse batismo era, de fato, o batismo nas águas.
E por que faziam isso? Porque Jesus ordenou: "Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado" (Mateus 28:19-20 RA). Contudo, era ainda o início da igreja, e
essa questão não estava completamente resolvida.
Sabemos que o
batismo era um símbolo, um testemunho público de que a pessoa estava
arrependida de seus pecados. Vamos analisar essa questão do batismo mais
profundamente. Um dos argumentos usados por aqueles que creem que o batismo nas
águas é essencial para a salvação é a passagem em que Jesus fala sobre a
necessidade de nascer da água e do Espírito:
"Respondeu
Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no reino de Deus" (João 3:5 RA).
No entanto, podemos
compreender melhor essa passagem ao considerarmos o encontro de Jesus com a mulher
samaritana, onde Ele disse:
"Quem
beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu
lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele
uma fonte a jorrar para a vida eterna" (João 4:13-14 RA).
A expressão
"nascer da água" pode ser entendida, em outras palavras, como uma
transformação em Cristo Jesus, que é a água viva. A "água viva" que
Jesus oferece simboliza a salvação e a graça de Deus. Ele explica que aqueles
que aceitam e recebem Sua mensagem terão suas necessidades espirituais
plenamente satisfeitas. Assim como a água física é vital para sustentar a vida,
a "água viva" de Jesus é essencial para sustentar a vida espiritual e
proporcionar uma conexão eterna com Deus.
Além disso, quando
Jesus diz que essa água se tornará "uma fonte a jorrar para a vida
eterna", Ele está falando sobre uma transformação interior. Aqueles que
bebem dessa água, ou seja, aqueles que creem nEle e aceitam Seu ensinamento,
experimentarão uma vida espiritual abundante e eterna, representada pela imagem
de uma fonte jorrando.
Na Bíblia, vemos
várias passagens onde Jesus perdoa pecados e declara que a fé da pessoa a
salvou, sem cerimônias ou batismos nas águas (Lucas 7:50 RA; Lucas 23:42-43 RA;
João 4:39-42 RA; Lucas 19:9 RA). Esses exemplos mostram que o batismo nas águas
é simbólico, mas não essencial para a salvação. O ladrão na cruz, a mulher
samaritana, Zaqueu, e a mulher que lavou os pés de Jesus são todos exemplos de
pessoas salvas pela fé, sem o batismo nas águas.
É importante notar
que o batismo nas águas ficou associado a João Batista, cujo batismo era para
arrependimento, mas não tinha o poder de salvar (Mateus 3:11 RA). Após João, o
batismo verdadeiro é o batismo com o Espírito Santo, como Jesus ensinou:
"Eu
vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é
mais poderoso do que eu... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo" (Mateus 3:11 RA).
Em Atos, Jesus
também reforça essa mudança:
"Porque
João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito
Santo" (Atos 1:5 RA).
Portanto, o batismo
com água era um símbolo de arrependimento, mas o verdadeiro poder de salvação
está em Jesus Cristo, que nos batiza com o Espírito Santo. Hoje, o batismo
ainda faz parte do processo de salvação, como um testemunho público de fé e
arrependimento, mas é o batismo pelo Espírito Santo que nos une a Cristo de
forma permanente. Quem se lava nas águas pode se sujar novamente, mas quem é
batizado pelo Espírito Santo permanece com Jesus para sempre.
13 O próprio Simão abraçou a fé; e, tendo sido
batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e
grandes milagres praticados.
Veja só, Simão
abraçou a fé. Isso significa que ele aceitou o que Filipe dizia, acreditando
que suas palavras eram verdadeiras. Simão até mesmo foi batizado. No entanto,
embora tenha recebido o batismo nas águas, é importante destacar que, naquele
momento, o entendimento sobre o verdadeiro significado do batismo e sua relação
com a transformação interior ainda não estava completamente desenvolvido na
igreja. Simão foi batizado, mas não necessariamente compreendeu ou vivenciou a
profundidade da conversão genuína que o batismo simboliza.
Simão acompanhava
Filipe e, com espanto, maravilhava-se pelos grandes sinais e milagres que ele
realizava. Os "sinais" referem-se à pregação de Filipe e às
confirmações que Deus dava, testemunhando que a mensagem era verdadeira
(Hebreus 2:4 RA). Já os "milagres" eram aqueles eventos sobrenaturais
e inexplicáveis, como a cura de um aleijado de nascença, de cegos, surdos,
mudos, e até de pessoas possuídas por demônios. Essas eram evidências concretas
de que Deus estava com Filipe, confirmando a autenticidade do evangelho que ele
pregava (Atos 8:6-7 RA).
É interessante notar
que, embora Simão estivesse impressionado com o poder que via em ação, sua fé
parecia estar mais ligada aos fenômenos extraordinários do que à mensagem do
evangelho em si. Como muitos naquela época e até hoje, Simão parecia mais
atraído pelo poder visível e tangível dos milagres do que pela essência
transformadora da fé em Cristo. Isso nos leva a refletir sobre a natureza da fé
genuína, que deve ser fundamentada não apenas em sinais externos, mas em uma
transformação interna profunda e verdadeira.
Esse ponto fica
ainda mais evidente quando consideramos o episódio posterior, em que Simão
tentou comprar o poder do Espírito Santo dos apóstolos Pedro e João,
oferecendo-lhes dinheiro (Atos 8:18-19 RA). Sua atitude revelava que, apesar do
batismo, seu coração não havia sido verdadeiramente transformado; ele ainda
nutria pensamentos mundanos e avarentos, acreditando que o dom de Deus poderia
ser adquirido por meios terrenos. Pedro o repreendeu severamente, dizendo:
"O
teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir por meio dele o
dom de Deus! Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração
não é reto diante de Deus" (Atos 8:20-21 RA).
Esse episódio serve
como um alerta para nós, mostrando que o batismo nas águas é, de fato, um
símbolo público de arrependimento e fé, mas não garante, por si só, uma
transformação genuína. A verdadeira mudança vem do batismo com o Espírito
Santo, que purifica e transforma o coração (Atos 1:5 RA). A atitude de Simão
nos lembra que é possível participar dos rituais externos da fé sem
experimentar a verdadeira conversão interna que Cristo requer.
Jesus advertiu sobre
aqueles que buscam sinais e maravilhas, ressaltando que a fé genuína deve estar
enraizada na Palavra de Deus e em um relacionamento autêntico com Ele (Mateus
12:39 RA). A verdadeira fé deve transcender o fascínio pelo extraordinário e buscar
uma comunhão íntima e contínua com Deus, marcada pela obediência e
transformação de vida.