sexta-feira, 26 de julho de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (5:17-25)

A Inveja dos Saduceus e a Prisão dos Apóstolos

17 ¶ Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos saduceus, tomaram-se de inveja, 18  prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública.

Seita significa um grupo menor se desligando de um grupo maior. Na época, o grupo predominante era o dos fariseus. Logo, os saduceus são considerados uma seita porque se desligaram desse grupo maior e, através de suas próprias doutrinas e convicções, criaram essa nova religião, antagônica às doutrinas do grupo maior. Destacam-se a doutrina de não acreditar na ressurreição (Mateus 22:23; Atos 23:8), em anjos, na imortalidade da alma e na predestinação de Deus, acreditando no livre-arbítrio.

Movidos pela inveja, esse grupo prendeu os apóstolos. Mas com que autoridade eles fizeram isso? Nada menos que o sumo sacerdote estava ali, tendo total influência sobre o povo e sendo responsável pelos cultos no templo. A inveja nunca foi tão mencionada na Bíblia como nessas circunstâncias envolvendo fariseus, saduceus e o Cristianismo (Atos 5:17-18).

Inveja pode ser resumida como um sentimento que faz alguém querer ter o que outra pessoa tem. Não necessariamente precisa ser algo material. Na Bíblia, os vários relatos em que aparece a inveja estão relacionados com o fato do invejoso querer ter a glória e o prestígio que o invejado tem, e não necessariamente o que ele possui. Por exemplo, José do Egito: os irmãos foram tomados de inveja, não por causa da roupa especial que José tinha, mas pelo carinho, atenção e honra que ele recebia (Gênesis 37:11). Não necessariamente queriam a roupa, mas a mesma honra que José tinha. Davi e Saul: a inveja de Saul por Davi não era pelo que ele materialmente tinha, mas pela honra que ele tinha ao declararem: "Davi matou dezenas de milhares e Saul apenas milhares" (1 Samuel 18:7). O desejo de ter intensamente o que o outro tem chama-se cobiça. Um exemplo claro desse pecado na Bíblia é o caso de Nabote e o rei Acabe. O rei queria o campo de Nabote para transformá-lo em um jardim, mas por motivos sentimentais, Nabote não vendeu o campo. O rei e sua rainha conspiraram até conseguir de forma trágica esse campo (1 Reis 21:1-16). O ciúme é outro pecado que faz alguém ficar inseguro quando perde a atenção ou consideração de alguém que gosta muito. Está mais relacionado à parte amorosa, mas não descarta acontecer com amigos ou pessoas que se considera muito.

No Novo Testamento, na circunstância da pregação do evangelho, os saduceus foram movidos pela inveja, não por algo material, até porque os apóstolos não tinham nada a mais do que eles já tinham. A inveja foi motivada por um certo ciúme, pois estavam perdendo a honra, a glória e a admiração do povo. O evangelho pregado por Pedro e os apóstolos atacava diretamente a seita dos saduceus. Eles estavam sendo contrariados publicamente pela pregação de Pedro. Tudo o que eles eram a favor, Pedro pregava contra: falava sobre o evangelho anunciado pelos anjos (Gálatas 1:8), falava sobre o inferno e as consequências após a morte para aqueles que negarem Jesus (Mateus 10:28; Marcos 9:43-48), falava sobre a soberania total de Deus sobre todos, inclusive sobre o “livre-arbítrio” (Romanos 9:18-21), e, principalmente, pregava sobre alguém que ressuscitou dos mortos, Jesus (Atos 4:2, 10; 1 Coríntios 15:12-14). Logicamente, vendo que estavam perdendo o povo para essa nova doutrina, movidos pela inveja, prenderam os dois até que pudessem ser julgados (Atos 5:17-18).

19  Mas, de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, lhes disse: 20  Ide e, apresentando-vos no templo, dizei ao povo todas as palavras desta Vida.

Notem que a palavra "Vida" está em letra maiúscula, pois o autor deu ênfase a essa palavra. Mas o que isso significa? Bem, "Vida" neste contexto se refere ao evangelho que eles vinham pregando. Esse evangelho estava transformando vidas, trazendo esperança e salvação a todos que ouviam. E essa mensagem, a mensagem desta vida abundante, desta nova vida em Cristo Jesus, não poderia cessar, não poderia deixar de ser anunciada (João 10:10; João 14:6).

21  Tendo ouvido isto, logo ao romper do dia, entraram no templo e ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que com ele estavam, convocaram o Sinédrio e todo o senado dos filhos de Israel e mandaram buscá-los no cárcere.

Podemos pensar: “Quanta estupidez, isso não é fé, é estupidez. Acabaram de ser presos e no dia seguinte foram novamente ao mesmo lugar provocar aqueles que, com inveja, os prenderam.” Mas eles não estavam dispostos a obedecer a homens. A mensagem do anjo de Deus foi sem rodeios, direta, simples: voltem lá e continuem a anunciar o evangelho (Atos 5:20).

Diferentemente daqueles homens que abandonaram Jesus, eles corajosamente anunciavam o evangelho. A diferença é que agora eles tinham poder, tinham o Espírito Santo com eles. Sem o Espírito Santo, ninguém busca a Deus, nem um sequer; nem mesmo aqueles que estavam diariamente vendo os milagres de Jesus ficaram ao lado dele (Romanos 3:11).

Hoje temos a misericórdia de Deus e nos mantemos nela graças ao próprio Deus, graças ao Espírito Santo. Não se orgulhem de nada, é tudo pela misericórdia dele (Efésios 2:8-9).

22  Mas os guardas, indo, não os acharam no cárcere; e, tendo voltado, relataram, 23  dizendo: Achamos o cárcere fechado com toda a segurança e as sentinelas nos seus postos junto às portas; mas, abrindo-as, a ninguém encontramos dentro.

Pense na vergonha e no temor desses homens, do sumo sacerdote e dos saduceus, diante de muitas autoridades do povo. O Sinédrio pode ser comparado hoje ao Supremo Tribunal Federal, a autoridade máxima, com poder de julgar tanto pessoas religiosas quanto civis. O Senado dos filhos de Israel era composto por grupos de anciãos representando as tribos de Israel, todos aguardando para julgar esses homens que estavam pregando a ressurreição de um homem que se dizia ser o Messias.

Para a surpresa de todos, os guardas relataram que esses homens não estavam mais na cadeia. As portas estavam trancadas, todos os seguranças devidamente posicionados, mas a cela estava vazia (Atos 5:21-23).

 24  Quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas informações, ficaram perplexos a respeito deles e do que viria a ser isto.

Ficaram perplexos, cheios de incertezas. Logicamente, estavam ouvindo uma pregação diferente da que se ouvia. Estavam vendo sinais sendo realizados diante de seus olhos; por mais que não aceitassem, não podiam negar que algo muito sério estava acontecendo. Estavam saindo da zona de conforto com a pregação desse novo evangelho, sendo contrariados pela nova mensagem que Pedro anunciava (Atos 4:13-14).

25  Nesse ínterim, alguém chegou e lhes comunicou: Eis que os homens que recolhestes no cárcere, estão no templo ensinando o povo.

Isso estava acontecendo diante de todas as autoridades reunidas naquele Sinédrio. Fazia parte do plano de Deus que todas essas autoridades tomassem conhecimento do que estava acontecendo. Por isso, a importância dos apóstolos obedecerem a Deus e pregarem o evangelho como se não houvesse o amanhã. Eles não deixavam nada para depois, não perdiam tempo, anunciavam tudo, quer aceitassem ou não (Atos 4:19-20).

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