Sinais e Prodígios: Testemunho da Ressurreição de Cristo
12 ¶ Muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E costumavam todos reunir-se, de comum acordo, no Pórtico de Salomão.
Os sinais e prodígios realizados serviam para testemunhar ao povo
que o testemunho que davam da ressurreição de Jesus Cristo era verdadeiro, era
uma espécie de prova que Deus concedia ao povo, mas isso não era regra (Atos
2:22, Hebreus 2:4). Assim como o próprio Cristo falou que felizes são aqueles que
acreditam sem ver (João 20:29), muitas passagens também destacam a aceitação do
testemunho de Paulo e de outros apóstolos sem nem mesmo haver algum sinal ou
prodígio, fruto apenas da exposição da palavra de Deus e do convencimento das
pessoas perante as Escrituras que Jesus era o Cristo, o Messias prometido que
tanto aguardavam (Romanos 10:17, Atos 17:2-3).
O local de reunião dos irmãos acontecia no Pórtico de Salomão. Este
espaço era significativo para os judeus e tornou-se também para os cristãos,
que se reuniam ali com outros seguidores de Cristo para orar, ensinar e
realizar milagres (Atos 3:11, Atos 5:12).
O Pórtico de Salomão oferecia uma grande área coberta, protegida do
sol e da chuva, permitindo que grandes grupos de pessoas se reunissem para ouvir
os ensinamentos dos apóstolos. A presença constante dos apóstolos no Pórtico de
Salomão proporcionava uma visibilidade pública significativa, ajudando a
espalhar a mensagem do Evangelho para muitos que visitavam o Templo.
13 Mas, dos restantes, ninguém ousava ajuntar-se
a eles; porém o povo lhes tributava grande admiração.
Todo o povo tinha conhecimento do que viera a acontecer com Ananias
e Safira. O casal mentiu ao Espírito Santo, e o desfecho trágico da história
causou temor a toda a população (Atos 5:1-11). Ninguém ousava se ajuntar com
eles, pois a igreja primitiva demonstrava, através desse episódio, que
hipocrisia e um falso comprometimento com Deus não eram aceitos ou tolerados.
Somente aqueles que se envolvessem seriamente com Deus poderiam participar do
grupo. Esse temor e respeito eram frutos do verdadeiro comprometimento e temor
a Deus que as primeiras comunidades cristãs tinham em sua doutrina.
Apesar do medo de participar do grupo, o povo respeitava e admirava
os cristãos. Este respeito vinha do fato de constatarem que o grupo era
validado por Deus através de sinais e prodígios (Atos 2:43, Atos 5:12), mas
também pela integridade e seriedade que os cristãos demonstravam e pregavam,
não dando margem à falsidade e hipocrisia. Este respeito era uma prova do
impacto positivo e transformador que a igreja estava tendo na sociedade, mesmo
entre aqueles que ainda não eram membros.
A resposta dos que não ousavam se juntar à igreja demonstra a
seriedade com que a vida espiritual deve ser tratada. É importante que os
crentes vivam com uma reverência saudável a Deus, entendendo a santidade e a
seriedade de seguir a Cristo (Filipenses 2:12, Hebreus 12:28).
14 E crescia mais e mais a multidão de crentes,
tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor,
Mas o temor a Deus não diminuía ou afastava os verdadeiros filhos de
Deus; pelo contrário, a igreja, mesmo debaixo de tamanho temor e respeito por
todos, crescia em multidão. Isso vai de encontro com o que alguns pensam, de
que o temor afasta os filhos de Deus. Há de se estudar qual tipo de temor
estamos falando. O temor ou o medo pelo que vai acontecer no final dos tempos,
esse sim é abordado e de certa forma condenado pelos apóstolos, pois quem ama a
Deus, não teme as consequências, veja o verso abaixo:
"No amor não há medo; ao contrário, o
perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo
não está aperfeiçoado no amor." (1 João 4:18).
Pode-se perceber nitidamente que quem cita essa passagem para anular
o temor a Deus cita de forma equivocada ou mesmo “criminosa”. Não devemos temer
as consequências do grande dia, não devemos temer o que vai acontecer com os
salvos em Cristo Jesus (veja o contexto da passagem acima), mas essa passagem
ou qualquer outra nunca eliminou ou desfez a importância de temor, reverência e
respeito ao nosso Deus e ao nosso Senhor Jesus Cristo (Atos 9:31; Atos 13:26; Efésios
5:21; 2 Coríntios 7:1 Veja também a explanação em Atos 19:17).
15 a ponto de levarem os enfermos até pelas ruas
e os colocarem sobre leitos e macas, para que, ao passar Pedro, ao menos a sua
sombra se projetasse nalguns deles. 16
Afluía também muita gente das cidades vizinhas a Jerusalém, levando
doentes e atormentados de espíritos imundos, e todos eram curados.
Não há dúvidas sobre o tremendo poder de Deus sendo operado através
desses apóstolos. Os sinais e prodígios realizados por eles não deixavam
dúvidas ao povo de que Deus estava com eles e usava desses eventos para aprovar
a mensagem que traziam (Atos 2:22; Hebreus 2:4). Devemos ter em mente que todos
esses sinais e milagres sobrenaturais tinham um propósito, até mesmo aqueles
feitos pelo nosso Senhor Jesus Cristo: validar a sua mensagem e confirmar que o
que anunciavam vinha de Deus e estava de acordo com a sua vontade (João 20:30-31;
Atos 14:3).
Não tem como negar o poder que o apóstolo Pedro tinha, ou mesmo o
poder que foi dado ao apóstolo Paulo, mas esses poderes capazes de realizar
grandes sinais eram secundários à mensagem do evangelho. Os milagres existem
por causa do evangelho, e não o contrário; não é o evangelho que existe por
causa dos milagres. Muitos podem receber a cura de suas enfermidades e, mesmo
assim, continuar em pecado e em dívida com Deus (Lucas 17:17-18). Todo aquele
que é salvo não necessariamente precisa passar por um evento milagroso ou
espetacular para provar à sociedade que aconteceu algo sobrenatural. Muitos
salvos em Cristo Jesus, registrados na Bíblia, receberam a salvação por simples
exposição das Escrituras Sagradas (Romanos 10:17; 1 Pedro 1:23). Em algumas
cidades onde Paulo pregou o evangelho, não foi registrado o evento de sinais e
prodígios acontecendo; apenas a palavra os convenceu de que Jesus é o Messias
(Atos 17:2-4; Atos 18:4).
O poder que Pedro ou Paulo recebiam de Deus era um sinal de apoio à
sua pregação e não um superpoder que pudesse curar a todos como quisessem, ou
até mesmo a si próprios. Exemplos bíblicos mostram que alguns apóstolos e
cristãos fervorosos enfrentaram enfermidades sem serem curados. Paulo, apesar
dos grandes milagres realizados através dele, mencionou um "espinho na
carne" que Deus não removeu (2 Coríntios 12:7-9). Timóteo, um jovem
pastor, enfrentava frequentes problemas estomacais, para os quais Paulo
recomendou um remédio simples, sem prometer cura milagrosa (1 Timóteo 5:23).
Trófimo, um companheiro de Paulo, foi deixado doente em Mileto (2 Timóteo
4:20). Esses exemplos reforçam que os sinais e maravilhas eram confirmatórios
da mensagem do evangelho e não o foco principal. A salvação, o arrependimento e
a fé em Jesus Cristo eram o centro da pregação dos apóstolos, enquanto os
milagres serviam apenas como confirmação divina da verdade que anunciavam.
Isso não anula nos dias atuais o poder que Deus, em nome de Jesus,
possui para nos livrar de qualquer enfermidade. Podemos alcançar qualquer coisa
de acordo com a vontade de Deus (1 João 5:14-15). Jesus nos ensinou a pedir
tudo e qualquer coisa a Deus, e às vezes não temos algo porque não pedimos ou
porque não sabemos pedir (Mateus 7:7-8; Tiago 4:2-3). Tenha fé.
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