sexta-feira, 24 de maio de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (4:32-37)

A comunidade cristã (a igreja)

32 ¶ Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.

Eles compartilhavam todos os seus bens, não havia egoísmo entre eles, tudo era considerado comum entre todos. A sociedade perfeita funciona assim, com todos sendo de coração e alma unidos (Salmos 133:1 João 17:21).

Em uma sociedade perfeita não pode haver desabrigados ou pessoas com fome, e no início da igreja primitiva, funcionou muito bem a partilha e a comunhão entre si de seus bens, mas não foi duradouro.

Comunistas e socialistas costumam citar passagem como essa para afirmar que Deus governava dessa forma. Mas durante o crescimento da igreja, observamos muitas doutrinas que eram praticadas no início e que foram sendo extintas ou aprimoradas ao longo do tempo. Sobre a questão de compartilhar tudo entre todos, foi uma das práticas que foi aprimorada.

Infelizmente, esse tipo de governo iguala todos em um mesmo patamar: a pobreza. Mesmo entre irmãos, há aqueles que querem comer sem querer trabalhar (2 Tessalonicenses 3:10). Esse tipo de governo atrai e cria muitos preguiçosos que apenas desejam se sustentar às custas de outros, buscando apenas serem mantidos, e isso pode até funcionar inicialmente quando têm riquezas compartilhadas por outros, mas eventualmente essas riquezas se esgotam. Quando isso acontece, gera pobreza e fome para todos os envolvidos.

Essa situação ocorreu posteriormente com esse grupo de pessoas, pois, ao compartilharem tudo, passaram por um período difícil no qual precisaram ser socorridos por outras igrejas por meio de ofertas, para que os irmãos em Jerusalém pudessem superar a fome (Atos 11:29).

Isso não anula a grandeza que tinham em compartilhar tudo entre todos, mas até mesmo esse tipo de gesto deve ser feito com sabedoria e discernimento. A partilha generosa e o altruísmo são valores fundamentais, mas precisam ser equilibrados com uma gestão prudente e responsável dos recursos. A prática de compartilhar tudo entre todos na igreja primitiva era um reflexo da união e do amor fraternal que permeava a comunidade, e funcionou bem em um contexto de forte coesão social e espiritual. Contudo, com o crescimento e a expansão da igreja, surgiram novos desafios que exigiram ajustes e adaptações nas práticas comunitárias.

Ao longo do tempo, os líderes da igreja perceberam a necessidade de estabelecer diretrizes mais estruturadas para a administração dos recursos. Isso incluiu a promoção do trabalho diligente entre os membros, para evitar a dependência excessiva e incentivar a contribuição ativa de cada indivíduo para o bem comum. A advertência de Paulo em 2 Tessalonicenses 3:10, "Se alguém não quiser trabalhar, também não coma", ilustra a importância de equilibrar a generosidade com a responsabilidade pessoal.

Em resumo, a generosidade e o compartilhamento são virtudes a serem cultivadas, mas devem ser exercidas com discernimento e responsabilidade, para garantir que todos possam prosperar juntos, sem criar dependências prejudiciais ou esgotar os recursos comuns. A verdadeira sabedoria reside em encontrar o equilíbrio entre a compaixão e a prudência, promovendo uma comunidade justa e solidária, mas também resiliente e sustentável.

33  Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.

Com grande poder, ou seja, com pregações poderosas, eficazes e contundentes, davam testemunho da ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo (Atos 4:33). As pregações eram sobre o evangelho, sobre Jesus, sobre o testemunho que tinham frente aos milagres que viram e sobre a revelação da salvação pela graça de Deus, não eram sobre subir em um púlpito e pregar sobre o que fizeram na semana, não eram sobre pregar suas próprias vidas, mas sim testemunhar o evangelho, e isso faziam com grande poder.

Os apóstolos proclamavam a ressurreição de Jesus com grande poder, e a graça abundante estava presente na comunidade (Atos 4:33). A pregação eficaz dos apóstolos e a graça abundante lembram outros eventos e ensinamentos bíblicos (Romanos 15:19; 2 Coríntios 12:9). A pregação poderosa e a graça são sinais da presença ativa de Deus entre Seu povo, fortalecendo-os e guiando-os.

34  Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes 35  e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade.

Os crentes demonstravam extrema generosidade, vendendo suas propriedades e distribuindo os recursos conforme a necessidade. Este ato de generosidade pode ser comparado a outras práticas e ensinamentos bíblicos:

Deuteronômio 15:4: "Contudo, não haverá entre ti pobre; pois o Senhor, certamente, te abençoará na terra que o Senhor, teu Deus, te dá por herança, para a possuíres."

Lucas 12:33: "Vendei vossos bens e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói."

Esses versículos mostram o ideal de uma comunidade sem necessitados, uma visão que os primeiros cristãos procuraram realizar (Atos 4:34-35). Não há dúvidas de que esse tipo de comportamento é virtuoso, mas, como foi explorado nos versos 32 (Atos 4:32), esse tipo de prática foi aperfeiçoado com o tempo de modo a evitar que preguiçosos tornassem um peso para os outros e, em momentos de crise, como o citado em Atos 11:29, causassem colapso nesse tipo de comunidade.

A verdade é que não podemos nos apegar a tudo e considerar que tudo é nosso. Deus nos dá sementes também, e essas sementes servem para plantar, para semear, para ajudar. Não “coma” também as sementes; tenha o hábito de ofertar com sabedoria. Isso não ajuda a Deus, Ele não precisa de nossas ofertas, mas é um ato que simboliza que não somos apegados e nem dependentes do dinheiro. É um ato de gratificação, demonstrando gratidão a Deus ofertando e ajudando o próximo (2 Coríntios 9:10; Lucas 6:38; Provérbios 11:24-25; Malaquias 3:10).

36  José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, 37  como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.

Barnabé é um exemplo específico de generosidade. Ele vendeu um campo e entregou todo o valor aos apóstolos, demonstrando seu compromisso com a comunidade e com Deus. Barnabé é mencionado várias vezes no Novo Testamento como um exemplo de encorajamento e apoio, além de ser também um dos pilares da igreja primitiva (Atos 11:24; Atos 13:2).

Assim como na primeira igreja, devemos buscar essa unidade em nossas congregações, promovendo um espírito de comunhão e amor. A oração e o compromisso com a causa comum do Evangelho são fundamentais (Efésios 4:3). A prática de compartilhar recursos pode ser aplicada hoje em dia também em nossas igrejas, seja através de programas de assistência social ou ajudando alguma família específica. Há várias formas de aplicar a generosidade (Atos 2:44-45).

Quando nossas pregações deixam de ser somente sobre "como podemos crescer nesta vida" e passam a ser sobre o crescimento de todos, quando deixam de ser individuais e passam a atender aos interesses coletivos, a igreja aprenderá mais sobre união. Deixará de ser egoísta, de pensar somente em si mesma, e até mesmo as ofertas crescerão. Como está escrito, "Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros" (Filipenses 2:4). "Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo" (Gálatas 6:2). "Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordante" (Lucas 6:38).

Portanto, ao promovermos um espírito de generosidade e serviço mútuo, alinhados com os ensinamentos de Cristo, poderemos experimentar um crescimento espiritual coletivo e mais profundo, refletindo verdadeiramente o amor de Deus em nossas ações diárias.

Devemos também nos esforçar para viver de forma que nosso testemunho cristão seja claro e poderoso, refletindo a graça de Deus em nossas vidas (Colossenses 4:6). Uma boa maneira de fazer isso é seguir o exemplo de Barnabé, sendo encorajadores e ajudando os necessitados, o que certamente irá inspirar outros a fazerem o mesmo (Hebreus 10:24).

quinta-feira, 16 de maio de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (4:23-31)

O Poder da Oração e da Intrepidez

23 ¶ Uma vez soltos, procuraram os irmãos e lhes contaram quantas coisas lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos.

Após Pedro e João serem soltos das mãos das autoridades religiosas, eles se juntam aos outros discípulos e compartilham todas as ameaças e pressões que enfrentaram por pregar o evangelho, certamente se lembrando do que Jesus os havia dito a respeito disso:

Mateus 5:10-12: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós."

 24  Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há;

Os discípulos reconhecem a soberania de Deus sobre todas as coisas e citaram várias passagens que mostra a autoridade e controle que Deus tinha e tem sobre toda a história do povo de Israel bem como das demais nações. Segue algumas outras passagens que demostram a soberania de Deus:

Salmo 146:6: "Que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e que guarda a verdade para sempre."

Isaías 44:24: "Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e espraiei a terra;"

25  que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?

Neste versículo, os discípulos fazem referência a um Salmo atribuído a Davi (Salmo 2:1-2), onde o autor questiona por que as nações se rebelam contra o Senhor e tramam contra o seu Ungido. Isso reflete a oposição e a resistência que o Messias enfrentaria, conforme profetizado nas Escrituras.

26  Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; 27  porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28  para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram;

Os discípulos reconhecem que a oposição contra Jesus não foi um evento aleatório, mas sim o cumprimento das profecias e do plano de Deus. Herodes, Pôncio Pilatos e outras autoridades, tanto do povo judeu quanto dos gentios, conspiraram contra Jesus, cumprindo assim o propósito divino estabelecido desde antes dos tempos (Atos 2:23, Isaías 53:10).

Veja também o que declararam: “para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (Atos 4:28). Tudo foi predeterminado e estipulado por Deus; o plano da salvação não foi se desdobrando e acontecendo conforme a história ia avançando. Não, tudo foi planejado, e Cristo foi aquele que cumpriu tudo, foi fiel até o fim (João 19:30). Até mesmo nossa eleição parte de Deus, e não de nós; isso entra na área de predestinação, ou seja, fomos criados e predestinados a sermos salvos por Cristo (Efésios 1:4). Entendo e aceito que há passagens que também podem indicar o contrário, que temos livre arbítrio e que dependemos de nossas escolhas para chegar até a Deus (Deuteronômio 30:19), mas não se pode negar que tanto Pedro, como Paulo e alguns outros pregavam a predestinação (Romanos 8:29-30), e mais que isso, ela é bíblica, e por mais que seja difícil de compreender, ela é real (Efésios 1:11; 2 Tessalonicenses 2:13; Romanos 9:11-13; 2 Timóteo 1:9; Atos 13:48; João 15:16; João 15:16...).

29  agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra,

Neste verso, os discípulos estão pedindo a Deus que observe as ameaças e perseguições que estavam enfrentando e que lhes dê coragem e ousadia para continuar pregando o evangelho sem medo (Atos 4:29-31). Vejam que eles não pediram para cessar as perseguições, mas pediram coragem para enfrenta-las (2 Timóteo 1:7).

Podemos concluir que pregar o evangelho não é uma tarefa fácil e confortável; pregar o verdadeiro evangelho causará desconforto ao pecado e ao mundo (Mateus 10:22). Falar somente o que as pessoas querem ouvir não é evangelho; na verdade, isso faz parte do que Paulo anunciou sobre o que aconteceria nos últimos dias em relação àqueles que procurariam mestres de si mesmos, que falassem somente aquilo que queriam ouvir (2 Timóteo 4:3-4). O evangelho requer mudança, conversão, e isso causa desconforto, causa impacto (Atos 3:19). Ninguém quer ser acusado e chamado de pecador, e que o mesmo precisa se arrepender e se converter de seus maus caminhos, mas é sobre isso a mensagem principal que os apóstolos pregavam (Atos 2:38).

30  enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus.

E somente por meio de Jesus Cristo, o único nome sobre todo nome (Filipenses 2:9). Jesus foi ungido e enviado por Deus para realizar sua obra. Os discípulos reconhecem que Deus opera milagres e maravilhas através do nome de Jesus, demonstrando assim o poder e a autoridade divina.

Marcos 16:17-18: "E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão."

João 14:13-14: "E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei."

31  Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.

O tremor foi também um testemunho para eles de que Deus estava com eles, de que Deus atendeu a oração deles e o que anunciavam estava de acordo com a vontade de Deus (Atos 4:31). E após o lugar tremer, ficaram cheios do Espírito Santo e, com a oração atendida, anunciavam a mensagem de Deus com coragem.


Podemos aprender muito com essa passagem. Dentre elas, que quando enfrentamos desafios e ameaças à nossa fé, buscamos coragem através da oração, seguindo o exemplo dos discípulos que também pediram a Deus por intrepidez. Reconhecemos que Deus opera milagres através do nome de Jesus, capacitando-nos para realizar obras além da nossa capacidade humana, seja em curas físicas ou na transformação de vidas.

Ao buscar a Deus em oração e depender do Espírito Santo, experimentamos Sua presença palpável, capacitando-nos a proclamar a Palavra com ousadia e eficácia, impactando as vidas ao nosso redor. Levantamos nossas vozes a Deus em oração, buscando coragem e ousadia para proclamar o evangelho, mesmo diante de ameaças e oposição, seguindo o exemplo dos discípulos. Ao orar e agir em nome de Jesus, esperamos que Deus opere milagres e prodígios, demonstrando o poder do evangelho e a presença contínua de Cristo em nosso meio.

Assim como os discípulos reconheceram a autoridade divina sobre todas as coisas, confiamos que Deus está no controle mesmo em tempos de perseguição e adversidade. As ações contra Jesus previstas nas Escrituras fortalecem nossa fé, mostrando que Deus está no controle da história, mesmo nos momentos mais difíceis, e que a oposição faz parte do plano divino. A compreensão da soberania divina traz conforto e segurança, sabendo que, mesmo diante da oposição, Deus continua a agir conforme Seu propósito e plano estabelecido.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (4:15-22)

Pedro e João desafiam as autoridades

15 ¶ E, mandando-os sair do Sinédrio, consultavam entre si, 16  dizendo: Que faremos com estes homens? Pois, na verdade, é manifesto a todos os habitantes de Jerusalém que um sinal notório foi feito por eles, e não o podemos negar; 17  mas, para que não haja maior divulgação entre o povo, ameacemo-los para não mais falarem neste nome a quem quer que seja. 18  Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o nome de Jesus. 19  Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; 20  pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. 21  Depois, ameaçando-os mais ainda, os soltaram, não tendo achado como os castigar, por causa do povo, porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera. 22  Ora, tinha mais de quarenta anos aquele em quem se operara essa cura milagrosa.

O Sinédrio, um conselho judaico importante na época (Atos 5:27), enfrenta um dilema diante dos apóstolos. Eles reconhecem que um milagre notório foi realizado pelos apóstolos (Atos 4:16), tornando-se evidente para toda a população de Jerusalém. Mas mesmo diante de um notório milagre, não enxergaram a graça de Deus (João 9:39-41), ficaram presos em suas raízes tradicionais religiosas, e com medo de divulgarem cada vez mais o nome de Jesus, proibiram e ameaçaram os apóstolos a não falarem e nem ensinarem em nome de Jesus Cristo (Atos 4:18). Percebam o desafio enorme que os primeiros cristãos tinham em divulgar o evangelho, mesmo com testemunhos de milagres notórios como esse não foi o suficiente para tirar da cegueira espiritual homens que se diziam e se comportavam como perfeitos religiosos (2 Coríntios 4:4).

Apesar das ameaças, corajosamente, Pedro e João os enfrentam e os questionam se era justo obedecê-los, dar ouvidos a homens, ou se era justo obedecer a Deus, aquele que protagonizou o milagre notório (Atos 4:19-20). E sem uma causa justa e desta vez sem o apoio popular, não acharam nada que pudessem imputá-los para castigar, e sob ameaças, soltaram Pedro e João (Atos 4:21).

Também podemos encontrar desafios ao proclamar o evangelho, não encontraremos oposição enquanto não falarmos de Jesus para as pessoas, mas quando falamos, aí sim, encontraremos resistência (2 Timóteo 3:12). Seja no trabalho, seja na escola ou em qualquer outra área de nossa vida, é importante permanecer firmes na fé, firmes na verdade que está em Cristo Jesus (Efésios 6:13), e não desanimar quando oposições aparecerem para nos ridicularizar e em casos mais graves, nos perseguir (Mateus 5:11-12):

Romanos 1:16 - "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê..."

2 Timóteo 1:7-8 - "Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Portanto, não se envergonhe de dar testemunho de nosso Senhor..."

Pedro e João mostraram que a obediência a Deus deve prevalecer sobre qualquer autoridade humana (Atos 5:29). Mesmo diante de ameaças, eles permaneceram fiéis ao chamado divino (Atos 4:19-20). Devemos obedecer a Deus em todas as áreas de nossa vida (Deuteronômio 13:4), mesmo que isso signifique enfrentar críticas ou perseguições por nossa fé (2 Timóteo 3:12):

Atos 5:29 - "Pedro e os outros apóstolos responderam: 'É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!'"

Mateus 10:28 - "Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno."

Mesmo diante da perseguição, Deus protegeu Pedro e João e impediu que fossem punidos (Atos 4:21). Podemos ver isso acontecer em vários outros episódios em que, apesar de estarem presos, Deus enviou anjos (Atos 12:7) ou manifestações milagrosas como terremotos para libertá-los (Atos 16:26). Deus é fiel (1 Coríntios 1:9) e vai defender aqueles que são leais a Ele (2 Crônicas 16:9). Podemos confiar na proteção de Deus enquanto vivemos nossa fé (Salmos 91:2), sabendo que Ele está conosco em todas as circunstâncias (Mateus 28:20).

Salmo 46:1 - "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na hora da angústia."

2 Tessalonicenses 3:3 - "Mas o Senhor é fiel; ele os fortalecerá e os guardará do Maligno."

Esses princípios nos incentivam a perseverar na fé (Hebreus 10:23), a obedecer a Deus acima de qualquer autoridade humana (Atos 5:29) e a confiar na Sua proteção em todas as situações (Salmos 91:2).

Podemos até pensar: “ah como pode dizer que Deus nos protege se vimos claramente Cristão sendo presos, martirizados, maltratados, perseguidos (Atos 8:1). Mas todas essas coisas também são bíblicas, fomos alertados quanto a esse tipo de perseguição (João 15:20), o evangelho não causa ordem ao mundo, pelo contrário, causa caos, causa desconforto ao pecado (Mateus 10:34-36), o inimigo vai lutar ferozmente para manter as pessoas longe da luz, longe da verdade (1 Pedro 5:8).

Versos como “o socorro bem presente na hora da angústia” (Salmos 46:1) já nos dá a dica de que haverá angústia para haver socorro, ou como aquela outra passagem que Davi diz “mil cairão ao seu lado e 10 mil à minha direita, mas eu não serei atingido” (Salmos 91:7), ele está em meio à guerra nessa situação, ou “Ele me ajuda a atravessar o vale da morte” (Salmos 23:4) significa que estará em uma situação terrível, seja de saúde, acidente, enfim, Jesus já nos disse para “termos bom ânimo, pois no mundo teremos aflições, mas Ele já venceu o mundo” (João 16:33). Deem graças o tempo todo, assim como Paulo e Silas mesmo presos fizeram, oravam e cantavam a Deus e o resgate veio (Atos 16:25-26). Nem mesmo o Filho de Deus foi poupado pelo nosso pecado, e foi morte, mas a morte dEle nos livrou da ira e da segunda morte (Romanos 5:9; Apocalipse 2:11), logo, assim como Paulo acreditava, a sua morte aqui era lucro (Filipenses 1:21), pois sabia que já tinha cumprido a sua missão como cristão (2 Timóteo 4:7) e que enfim receberia a recompensa da vida eterna que é entregue à aqueles que têm fé em Jesus (Mateus 25:46).

quinta-feira, 2 de maio de 2024

ATOS DOS APÓSTOLOS (4:1-14)

Pedro e João são presos e levados perante as autoridades

No capítulo 3, Pedro e João foram ao templo para orar e encontraram um homem que era coxo desde o nascimento pedindo esmola. Eles o curaram em nome de Jesus Cristo, o que causou um alvoroço entre o povo. Pedro então fez um discurso poderoso, explicando que a cura aconteceu pela fé em Jesus, e não por qualquer poder humano. Ele exortou as pessoas ao arrependimento e à fé em Cristo. O número de crentes cresceu significativamente após esse evento. O capítulo 4 inicia com a chegada dos sacerdotes enquanto Pedro e João ainda falavam, e os prenderam, ressentidos por estarem pregando a ressureição dentre os mortos.

 “1 ¶ Falavam eles ainda ao povo quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, 2  ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos; 3  e os prenderam, recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte, pois já era tarde.

Os Saduceus eram um pequeno grupo religioso composto por pessoas importantes e ricas, que acreditavam e seguiam os ensinamentos do Pentateuco, mas não acreditavam em anjos, outros seres espirituais, nem na ressurreição (ver Marcos 12:18-27). Ao contrário deles, os Fariseus acreditavam na ressurreição (ver Atos 23:6-8); esses dois grupos não se davam bem.

4  Muitos, porém, dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase cinco mil.

Somente naquele dia, mais cinco mil pessoas se converteram, o que mostra a eficácia da pregação do evangelho que estavam anunciando. Devemos nos apegar ao que demonstra resultados, e a estrutura essencial é: arrepender-se e converter-se a Cristo (Lucas 24:46-47).

5 ¶ No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos e os escribas 6  com o sumo sacerdote Anás, Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo sacerdote;

Apenas pessoas ‘importantes’ estavam ali reunidas. Posteriormente, na defesa de Pedro, todos eles tiveram que ouvir que Jesus é o único Senhor e Salvador de todos (Atos 4:12). Deus é soberano em tudo o que faz. Ele não deseja que seus servos sejam presos e castigados por falarem do evangelho. No entanto, Ele se orgulha daqueles que, mesmo nessas situações, não deixam de honrá-lo, glorificá-lo e de falar a verdade (Hebreus 13:15-16, Salmo 50:23). Eles não negam aquele que deu a sua vida por nós (João 3:16). Deus se orgulha daqueles que oferecem sacrifícios de louvor (Salmo 107:21-22, Jonas 2:9).

7  e, pondo-os perante eles, os argüiram: Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?

Fizeram a pergunta chave, a oportunidade ideal para falar de Jesus e esclarecer quem era o responsável por isso. Não podemos perder oportunidades como essa de falar de Jesus às pessoas, por exemplo, ao cumprimentar alguém e ele dizer, 'não estou bem, dói aqui, dói ali', aproveite e diga que dói por causa do pecado, se não houvesse o pecado no mundo, não haveria dor (Romanos 5:12). Paulo e outros apóstolos, independentemente do local em que estavam, não perdiam a oportunidade de falar do evangelho (At 16:13-14, Atos 20:24). Seja sensível, mantenha a chama viva dentro de você, e quando surgir a menor oportunidade que seja, fale de Jesus às pessoas (Colossenses 4:5-6).

 8  Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e anciãos,

Cheio do Espírito Santo significa que foi movido por Ele e então começou a falar com autoridade, a mesma que Jesus Cristo tinha (Atos 4:31). Não à toa, isso causou espanto a todos que ouviam, pois sabiam que eram pessoas simples e iletradas, mas isso não os impediu de serem corajosos diante das autoridades (Atos 4:13). Mesmo com palavras que poderiam comprometer suas vidas, não deixaram de falar sobre quem realmente operou aquele milagre (Atos 4:20).

9  visto que hoje somos interrogados a propósito do benefício feito a um homem enfermo e do modo por que foi curado,

Eles estavam sendo julgados por fazer o bem, assim como Jesus foi por fazer o bem, mas "no dia errado" segundo as tradições judaicas (Mateus 12:1-14). Isso também ocorreu quando Jesus foi expulso de Gadara por fazer o bem, ao libertar um homem possuído por demônios, como registrado em Mateus 8:28-34, Marcos 5:1-20 e Lucas 8:26-39. Além disso, Paulo e Silas também sofreram com isso quando foram presos por expulsar um espírito impuro de uma mulher possuída, conforme narrado em Atos 16:16-24.

Atualmente, vemos situações semelhantes em que as pessoas são julgadas por autoridades e pela sociedade por fazerem ou acreditarem nas coisas certas. Por exemplo, o tema do aborto: observamos hoje manifestações favoráveis a esse tipo de homicídio, com o apoio de grande parte da imprensa, o que seria inimaginável algumas décadas atrás. É importante lembrar que a Bíblia condena o derramamento de sangue inocente e valoriza a vida desde a concepção (Êxodo 20:13; Salmo 139:13-16; Jeremias 1:5).

10  tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que este está curado perante vós.

Com muita coragem e ousadia, Pedro expôs a todas aquelas autoridades que foi em nome de Jesus que aquele homem foi curado. Além disso, ele ainda condenou a todos ali pela morte dEle naquela cruz, mas Deus o ressuscitou (Atos 4:10). Pedro não hesitou em retirar dele qualquer espécie de mérito ou glória pelo ocorrido, mas foi categórico em afirmar que foi tudo feito através do nome de Jesus Cristo (Atos 4:12). Sejamos rápidos também em não tomar a honra e a glória que pertence a Ele (Isaías 42:8).

11  Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. 12  E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.

Esta é a mensagem central do evangelho: Salvação mediante a obra que Jesus fez, salvação através de Jesus Cristo, não por obras, não por obediência, mas pela fé em Jesus (Efésios 2:8-9).

A pedra angular na construção civil tinha duas funções, ela era colocada nas extremidades do edifício de modo a determinar o ângulo da construção. Se o edifício possuísse forma retangular, ela era posicionada de modo a criar ângulos retos em todas as extremidades da obra. Além de servir como alinhamento para o restante da construção, ela servia também como fundação, era responsável por suportar todo o peso do edifício.

A metáfora usada aqui e em outras passagens por Pedro (1 Pedro 2:6) e também por outros, como Paulo (Efésios 2:20), era para demonstrar a todos que Jesus é a base que sustenta todo o restante, e ainda, é Ele que nos alinha de acordo com a vontade de Deus. Jesus é o fundamento sólido e que sem Ele, qualquer religião, ministério, ou qualquer outra obra não se sustenta e não está verdadeiramente alinhada com a vontade de Deus (1 Coríntios 3:11).

Pedro afirmou que eles rejeitaram a pedra angular, construíram sua religião sem ela, e a pedra que antes deveria ser a base e o fundamento de suas crenças, agora está metaforicamente fora de suas construções, e estão tropeçando nela (Atos 4:11):

“6  Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. 7  Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular 8  e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.” (1 Pedro 2:6-8 RA)

13  Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus. 14  Vendo com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.

Os milagres que vimos acontecer antigamente de forma tão abundante não são a base do evangelho; a base é Jesus, e a mensagem é a salvação pela fé nele. Os sinais e prodígios que aconteciam eram para testemunhar que Deus aprovava e estava com eles (Atos 2:22; Hebreus 2:4). Os terremotos, a manifestação do Espírito Santo, as curas, tudo isso era para que todos soubessem que aquela nova mensagem que estavam pregando era aprovada por Deus (João 14:11; Atos 2:43; 1 Coríntios 2:4), e por isso essas autoridades não puderam combater nem alegar nada ao contrário do que Pedro e João estavam anunciando (Atos 4:14-16), pois o homem que era conhecido por todos como coxo de nascença estava ao lado deles em pé, curado, testificando tudo (Atos 3:2-10).

A ignorância que Pedro e João tinham sobre livros, cultura e qualquer outra informação necessária para que fossem consideradas pessoas cultas não foi empecilho para falarem do evangelho com coragem e propriedade, a ponto de espantar as pessoas cultas que ouviam (Atos 4:13). Quando temos coragem de anunciar o evangelho, não somos nós que proclamamos a mensagem, mas é o próprio Espírito que nos dirige e nos ensina o que temos que dizer (João 14:26). Não espere se tornar um “expert” nas escrituras sagradas primeiro para depois falar de Jesus para as pessoas; a mensagem é simples e objetiva: Deus amou o mundo de tal maneira que entregou Jesus naquela cruz para morrer por causa de nossos pecados, e todo aquele que nEle crer não está mais condenado, mas terá a vida eterna (João 3:16).