A Mensagem de Pedro: Culpa, Arrependimento e Salvação em Jesus
13 O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus
de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes e negastes
perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo.
Esse discurso é a continuação do contexto anterior, no qual Pedro
expõe a multidão maravilhada pelo milagre do homem coxo. Pedro esclarece que
não foi por seu poder que o milagre aconteceu, mas pela maravilhosa graça de
Deus. Ele inicia o discurso direcionando a glória desse milagre para quem
verdadeiramente merece: Jesus Cristo (Atos 3:12).
Agora, focando então no discurso de Pedro, quando Pilatos lava as
mãos diante do povo, ele está, literalmente, dizendo: 'A culpa da morte de
Jesus é de vocês, eu não me responsabilizo por isso'. No entanto, os judeus
seguiram mesmo assim, contaminando e manipulando o povo de modo que todos
gritassem: 'Crucifiquem-no' (Mateus 27:24-25).
14 Vós,
porém, negastes o Santo e o Justo e pedistes que vos concedessem um homicida.
Justo no sentido de que obedecia a todas as leis de Deus, e Santo no
sentido de Santidade plena, separado das coisas impuras, más e imperfeitas, mas
mesmo assim, preferiram dar liberdade a um homicida chamado Barrabás (Mateus
27:17; João 18:40).
15 Dessarte, matastes o Autor da vida, a quem
Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.
Aqui está resumido praticamente todo o evangelho: Autor da vida:
Jesus, tudo foi criado por Ele (João 1:3; Colossenses 1:16), mas o pecado contaminou
tudo, então, Ele, Jesus, cancelou o pecado na cruz (Romanos 6:23; Colossenses
2:14-15), Deus ressuscitou não o pecado, mas somente a Cristo (Atos 2:24), e
eles, os apóstolos, são testemunhas disso (Atos 1:8).
Existem diversos fatos que, há quase dois mil anos atrás, um homem
realizou maravilhas diante dos homens. Há fatos, além da Bíblia, que provam que
Jesus foi crucificado e sepultado (referências históricas, referencias
arqueológicas, nosso próprio calendário, etc.). Não precisamos ter fé para acreditar
nisso, é um fato, a história foi dividida entre antes e depois desse homem que
morreu na cruz. Nisso, não precisamos ter fé, é um fato. Mas precisamos ter fé
para acreditar que Ele ressuscitou (João 20:24-29), e acreditamos graças ao
testemunho que esses apóstolos deram. Eles não negaram, foram mortos cruelmente
e não negaram a ressurreição de Jesus Cristo (Atos dos Apóstolos 7:54-60;
12:1-2). Glória a Deus por isso! (Romanos 11:36)
16 Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo
nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem
por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós.
Deixa claro aqui que o que restaurou a saúde desse homem foi a fé em
Jesus Cristo. Em outras versões, diz que foi o poder de Jesus que restaurou o
homem. Não foi a primeira vez em que a fé de outra pessoa operou. Lembram-se
das pessoas que ressuscitaram? Estavam mortas, ou melhor, dormindo. A fé que
tiveram para ressuscitar não veio delas, veio de alguém externamente. Foi o que
aconteceu com Lázaro (João 11:43-44), foi o que aconteceu também com Jairo que
implorou para Jesus ir até sua casa para restaurar a vida de sua filha que
estava morta (Marcos 5:22-24, 35-43), aconteceu também com o centurião romano
que teve fé e conseguiu, à distância, restaurar a saúde de seu servo que estava
debilitado (Mateus 8:5-13).
Não estou querendo que você abandone a fé, ou que deixe de
acreditar; o ponto que quero trazer é que por mais pequena que seja a sua fé
(Mateus 17:20), se você tiver, ela já é suficiente; pode mover montanhas. Por
mais que você tenha dificuldade em crer, apenas peça (Mateus 7:7); não temos
porque não pedimos, diz Jesus Cristo.
17 E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por
ignorância, como também as vossas autoridades; 18 mas Deus, assim, cumpriu o que dantes
anunciara por boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer.
Pedro destaca a eles que o que fizeram com Jesus Cristo foi feito
por ignorância e que a sua morte já havia sido anunciada pelos antigos profetas.
Essas profecias incluem passagens como Isaías 53:3-5, Salmos 22:16-18, Daniel
9:26, Miquéias 5:2 e Zacarias 12:10.
Pedro expõe àqueles que estariam arrependidos pelo que fizeram que a
tomada de decisão em entregar Jesus à morte pode sim ter partido deles, dos
judeus e de suas autoridades, mas tudo já fazia parte do plano divino da
salvação (Atos 2:23, Atos 3:17-18). E a seguir, ele oferece a todos o caminho
para se livrar da culpa que carregavam:
19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para
serem cancelados os vossos pecados,
Percebam o padrão na forma como eles evangelizam: primeiro os
condenaram por terem matado Aquele que era Justo e Santo, e agora oferecem a
todos os que estão ouvindo a solução para o 'problema' que criaram:
arrependimento (Atos 2:36-38; Romanos 2:4).
A salvação depende da fé em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e
a fé nele nos transforma. Primeiramente, ela nos dá a compreensão de que somos
pecadores e necessitamos de ajuda. Ao nos arrependermos, nos convertemos, ou
seja, abandonamos o caminho em que estávamos e nos voltamos em direção a
Cristo. Ele nos batiza com o Espírito Santo e nos torna propriedade sua (Atos
2:38; 1 Coríntios 6:19-20).
A fé em Jesus que nos salva deve estar acompanhada do arrependimento
e da conversão. Onde não há arrependimento e conversão, não há fé verdadeira.
Ter fé apenas por acreditar que Jesus existiu é a mesma fé que têm os demônios,
que não apenas creem, mas tremem diante disso (Tiago 2:19). A fé genuína em
Jesus nos conecta a Ele de tal maneira que somos transformados pelo Seu
Espírito Santo, passando a viver de acordo com a Sua vontade (2 Coríntios
5:17).
20 a fim de que, da presença do Senhor, venham
tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado,
Jesus, 21 ao qual é necessário que o céu
receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por
boca dos seus santos profetas desde a antiguidade.
Cristo significa "Ungido" ou "Escolhido", um
título dado a Jesus como Messias, o Salvador esperado pelos Judeus. Pedro
destaca que Jesus é aquele que foi designado como Salvador, é Ele o Messias
prometido, e que Ele permanecerá nos céus por um tempo até que a restauração de
todas as coisas se complete (Atos 3:20-21, Isaías 61:1-2). Esse tempo é
incerto; não o conhecemos, mas foi previamente anunciado pelos profetas (Atos
3:18-19, Joel 2:28-32). Apesar de estarem transmitindo um evangelho novo,
diferente do regime em que viviam, tudo isso já foi anunciado pelos profetas
(Atos 3:24-25, Jeremias 23:5-6). Quanto à volta de Jesus, é tema para um estudo
escatológico específico. Não sabemos quando isso ocorrerá, mas Jesus nos
ensinou que saberemos quando esse tempo estiver próximo (Mateus 24:36-39,
Daniel 12:8-9).
22
Disse, na verdade, Moisés: O Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos
um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. 23 Acontecerá que toda alma que não ouvir a esse
profeta será exterminada do meio do povo. 24
E todos os profetas, a começar com Samuel, assim como todos quantos
depois falaram, também anunciaram estes dias.
Pedro menciona um trecho do livro de Deuteronômio 18:15-19, falando
sobre Moisés e como isso aponta para Jesus como o Messias. Ele também afirma
que outros profetas depois de Samuel também falaram sobre Jesus, tanto antes
como depois da cruz. Isso está de acordo com outras partes da Bíblia, como
Isaías 53, que fala sobre o sofrimento de Jesus (Isaías 53:3-7), Miquéias 5:2,
que prevê seu nascimento em Belém (Mateus 2:1-6), Jeremias 31:15, que profetiza
sobre a lamentação em Ramá por causa da matança dos meninos (Mateus 2:16-18), e
várias outras passagens de vários profetas que anunciaram o que aconteceu
exatamente nos dias em que o Messias veio ao mundo trazendo a nossa salvação.
25 Vós sois os filhos dos profetas e da aliança
que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência,
serão abençoadas todas as nações da terra.
Após Pedro falar das profecias messiânicas, ele cita mais uma quando
Deus prometeu a Abraão que na sua descendência, seriam abençoadas todas as
nações da terra, e os chama, os que estavam ouvindo, de serem os próprios
filhos dos profetas que anunciaram tudo isso e da própria aliança que Deus
estabeleceu com o pai da fé, Abraão (Gênesis 12:3; Atos 3:25). Nessa mesma
promessa, já vemos a graça de Deus sendo derramada a todas as nações da terra
graças à obra salvadora do descendente de Abraão, Jesus Cristo (Gálatas 3:16).
26 Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o
primeiramente a vós outros para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte
das suas perversidades.
Quando Deus ressuscitou aquele que o serviu desde o princípio,
enviou-o primeiramente aos judeus, aos filhos da promessa (Atos 3:26). A
expressão servo é uma referência aos capítulos 52 e 53 do livro de Isaías
(Isaías 52:13), referências essas que o povo judeu conhecia muito bem.
Ao falar sobre a necessidade de cada um se afastar de suas
perversidades, ele está indicando que não haverá impacto positivo em nossa vida
se apenas soubermos que Jesus morreu na cruz, mas não nos entregarmos completamente
a Ele e ao que Ele nos ensinou.
A principal bênção que temos é sermos libertos do pecado, de modo
que podemos nos afastar dele agora, pois não somos mais escravos do pecado
(Romanos 6:6-7). Este texto é significativo porque resume a essência do evangelho
cristão, que é a mensagem da salvação, do arrependimento e da mudança de vida
através da obra redentora de Jesus Cristo, o Servo de Deus ressuscitado.